Presidente da Transbrasil renuncia antes de assumir
Presidente da Transbrasil renuncia antes de assumir
Michel Ness diz que rejeita cargo porque salários atrasados não foram pagos aos funcionários .
O presidente da Federação Nacional do Turismo (Fenactur), Michel Tuma Ness, confirmou ontem sua renúncia ao cargo de presidente da Transbrasil. De acordo com ele, a única exigência feita aos acionistas majoritários da empresa – que depositassem os salários atrasados dos funcionários – não foi cumprida.
"Fiz um pedido aos acionistas que pagassem os salários atrasados. Prometeram a mim que os salários seriam colocados em dia até hoje (segunda-feira), mas não foi o que aconteceu", disse, ressaltando ter confirmado junto ao Banco do Brasil que nenhum depósito foi feito até às 15h03. "É com base nesta falta de confiança que não aceito assumir a presidência da Transbrasil, para a qual fui eleito", afirmou.
Ness disse que seus contatos com a Transbrasil se restringiram ao advogado da família Fontana (controladora da companhia), Roberto Teixeira. "Não falei com mais ninguém nem soube quem seriam os acionistas", declarou, acrescentando que, caso os funcionários sejam pagos e a Transbrasil disponha de recursos financeiros, ele aceitaria um novo convite para assumir a empresa.
Ness disse ter enviado ontem ofícios ao Conselho de Administração da empresa aérea e ao Departamento de Aviação Civil (DAC), comunicando seu desligamento.
Eleito em assembléia geral de acionistas para ocupar a presidência da Transbrasil no último dia 31, Ness nem chegou a tomar posse. Segundo ele, a Transbrasil tem uma dívida de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões com os funcionários, que estão sem salários desde outubro.
Ness não sabe de onde viriam os US$ 25 milhões que seriam investidos na empresa para colocar seus aviões no ar novamente.
Ele afirmou que os funcionários da companhia são dedicados e não podem continuar a trabalhar de graça. "Eu confio na Transbrasil, mas não confio neles (numa referência aos negociadores do acordo)".
Ness lembrou que o controle da companhia (75% das ações) continua com herdeiros de Omar Fontana, fundador da Transbrasil.
Hoje, termina o prazo dado pelo DAC para que a empresa apresente projeto para voltar a operar. Se não entregar o documento, a companhia poderá perder a concessão de suas linhas aéreas. Segundo a assessoria do DAC, até o final da tarde de ontem o projeto ainda não havia sido entregue.
Risco de nota falsa cresce 10%
Em apenas um ano, R$ 9 milhões em notas falsificadas foram apreendidas, mas não é difícil identificar o golpe .
Mais de R$ 9 milhões em cédulas falsas foram apreendidas no último ano, no Brasil. Este valor soma R$ 54 milhões desde o início do Plano Real, em 1994. A tendência é aumentar, pois a quantidade de dinheiro brasileiro falsificado subiu 10% desde 2000.
A maior cidade brasileira em número de falsificações é São Paulo, com 39,98% de todo o dinheiro fajuto encontrado no País. Em 2001, Brasília ficou com 4% (14.857) destas cédulas. Mas só no primeiro mês de 2002, o Banco Central registrou 294 falsificações no DF.
"Pelo menos 60% poderiam ser evitadas se o brasileiro procurasse a marca d'água olhando contra a luz", garante o chefe de Departamento de Meio Circulante do Banco Central, José dos Santos Barbosa.
Quem quiser aprender a reconhecer o Real para evitar ser enganado ou passar adiante um dinheiro sem valor, pode visitar uma mostra do Banco Central hoje e amanhã na praça central do Pátio Brasil, por onde passam diariamente cerca de 50 mil pessoas.
A ação do Banco Central visa esclarecer a população com dois técnicos que vão trabalhar de 10 h às 22h. "O problema é a falta de informação, pois a maioria das cópias são grotescas", diz.
A cédula mais falsificada é a de R$ 10. Para evitar enganos, Barbosa lembra que as primeiras notas de plástico tinham escrito Pedro A. Cabral, no lado direito, e as demais têm Pedro Álvares Cabral.
Duplo risco para vítima
Quem tenta fazer uma compra com cédula falsa, mesmo que a tenha recebido de boa fé, pode passar até dois anos na cadeia
O gerente técnico do Banco Central em Brasília, Sérgio Castro, diz que o DF recebe cerca de três mil cédulas falsas por mês e recomenda que a vítima procure o Banco Central assim que desconfiar da veracidade do nota.
"Quem tenta colocar uma cédula falsa em circulação depois de tomar conhecimento de sua falsidade, mesmo que a tenha recebido de boa-fé, pode ser condenado a uma pena de 6 meses a 2 anos de detenção", alerta Sérgio Castro.
O brasiliense, diz Castro, não tem o costume de observar os itens de segurança. Ao receber a cédula, o interessado tem de conferir a marca d'água, imagem latente, registro coincidente e a textura áspera do papel.
As notas falsas não são trocadas pelo Banco Central. "Mas quem retirar uma cédula falsificada de um caixa eletrônico deve registrar ocorrência na delegacia mais próxima e comunicar ao BC para tentar recuperá-la", diz Castro. (A.N.)
Perigo existe até em caixa eletrônico
A manequim curitibana Jaqueline de Oliveira, 17 anos, nunca pensou em observar as cédulas que recebe. Ela garante que ainda não pegou nenhuma falsa "por pura sorte". Mas, diz, aprendeu para evitar dores de cabeça com falsificações. "Eu estava passeando pelo shopping e decidi olhar. É uma boa idéia colocar esta mostra aqui dentro, porque assim muitas pessoas têm acesso", afirma.
Pensando na falta de hábito do brasiliense em verificar a autenticidade da moeda que recebe, o gerente de marketing do Pátio, Renato Horne, acertou com o Banco Central um curso de identificação para os 200 lojistas do shopping. A partir da próxima semana para os frequentadores do shopping, os interessados devem procurar a administração.
Sérgio Castro, gerente técnico do Banco Central em Brasília, garante que os cursos são gratuitos para todas as pessoas em qualquer dia, basta procurar o Banco Central no telefone: 414-1442. "O curso dura em média quatro horas em dois dias", diz.
Embora o Banco Central ofereça os cursos gratuitamente, um caixa do Banco do Brasil, que preferiu não se identificar, contou que os bancos não oferecem este tipo de esclarecimento aos funcionários. "Não temos treinamento nem para identificar cheque fraudado. Sentimos muita dificuldade em identificar o dinheiro clonado", garante.
O servidor público Walter Rufino de Oliveira, 34 anos, sentiu na pele o prejuízo da falsificação. Perdeu R$ 10.
Walter conta que tirou o dinheiro do caixa eletrônico para contribuir com um bolo em uma festa de amigos.
Na hora de comprar a torta, a surpresa: o dinheiro era falso. "Me devolveram a nota e, como eu não marquei a cédula que entreguei, até hoje estou sem saber se peguei dinheiro falsificado no banco ou não", lembra. Com raiva, Walter rasgou a cédula.
O gerente técnico do Banco diz que os bancos são orientados a colocar apenas o dinheiro que pegam no Bacen dentro dos caixas. Sérgio lembra que, há dois meses, uma senhora retirou uma nota falsa em um caixa eletrônico na Tijuca, principal bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Na mesma hora, ela procurou a delegacia e o delegado mandou lacrar o caixa eletrônico.
Quando os técnicos do Bacen retiraram o lacre, no caixa havia 146 notas falsificadas. Com as investigações descobriu-se a má-fé de funcionários que mantinham relações desonestas com falsificadores. "O cliente não pode aceitar o dinheiro falso, tem de buscar a origem e procurar o Banco Central", afirma Sérgio Castro.
As dicas ponto por ponto
Micro impressões – Ao utilizar uma lente, nota-se a presença de pequenas letras "B" e "C", na faixa clara junto à figura da República (efígie) e no interior dos números maiores que representam o valor.
Im agem Latente – Na altura do olhos, na posição horizontal, com muita luz, pode-se ver, no lado esquerdo inferior, junto à tarja com palavra "REAIS", as letras "B" e "C". Estas são a imagem latente.
Registro Coincidente – Olhando a cédula contra a luz, verifica-se que o desenho das Armas Nacionais aparecerá por inteiro, pois a parte impressa de um lado, deve ser ajustar exatamente ao mesmo desenho que a completa do outro.
Fundos especiais – Em toda a cédula encontram-se linhas retas paralelas extremamente finas, que podem ser vistas na área da marca d'água.
Impressão em alto-relevo – Relevo perceptível ao tato na efígie de Cabral, no mapa "Terra Brasilis", nas legendas "Banco Central do Brasil", "Dez Reais", o número "10" e as imagens de brasileiros no verso.
Registro e janela transparente – Revela a coincidência de impressão nos dois lados da cédula. Quando as pontas da rosa-dos-ventos forem observadas contra luz percebe-se uma mudança de coloração.
Fibras coloridas – Pequenos fios, nas cores vermelho, verde e azul estão espalhados pelo papel e podem ser vistos em ambos os lados, ao longo de toda a cédula.
Marca d'água – Ao segurar a nota contra a luz, observa-se na área branca do lado esquerdo, as figuras que representam a República ou a Bandeira Nacional, em tons que cariam do claro ao escuro. As cédulas de R$ 50 e R$ 100 apresentam apenas a figura da República. Já as cédulas de R$ 1, R$ 5 e R4 10 podem apresentar a figura da República ou da Bandeira Nacional
Filtro Verificador – Quando a cédula for dobrada e o filtro vermelho for sobreposto a uma das embarcações impressas, no lado oposto da cédula observa-se o número "10" existente em seu interior.
Polícia fez acordo com os seqüestradores de Olivetto
Líder do grupo telefonou para o cativeiro, falou que estava preso e facilitou a fuga dos comparsas .
Segundo o diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), Godofredo Bittencourt Filho, foi feito um acordo entre a polícia e os seqüestradores para que Washington Olivetto fosse libertado. "Ele (Mauricio Hernández Norambuena) me disse: 'Deixe eu fazer uma ligação que eu ponho ele (Olivetto) vivo na rua'", contou Bittencourt.
Mauricio Hernández Norambuena foi levado a um orelhão a sua escolha para fazer uma ligação e avisar aos outros seqüestradores que estava preso. Segundo Bittencourt, a ligação foi feita para a base da rua Luis Góis, na Vila Clementino, Zona Sul de São Paulo. A quadrilha era dividida em células, ou seja, pequenos grupos que ficavam em diferentes locais.
Pelo acordo, Olivetto seria libertado até segunda-feira. Segundo o delegado Wagner Giudice, da Deas (Delegacia Anti-Seqüestro), os seqüestradores abandonaram Olivetto no cativeiro para ter mais tempo para fugir. Depois de uma denúncia, a polícia prendeu os seis seqüestradores em uma chácara em Serra Negra, no interior de São Paulo. Com o grupo, foram encontradas cartas manuscritas sem assinatura que ligaram o grupo ao caso Olivetto.
O publicitário Washington Olivetto foi encontrado às 22h40 de sábado, em um sobrado no Brooklin, Zona Sul de São Paulo, após 53 dias de cativeiro. A polícia chegou ao local após o telefonema de uma vizinha, que ouviu o pedido de socorro do publicitário.
Quadrilha pode ter 14 integrantes
A quadrilha que seqüestrou o publicitário Washington Olivetto pode ter até 14 integrantes, segundo informações da Polícia Civil. Seis pessoas foram detidas sob acusação de envolvimento no caso. Duas delas foram identificadas. De acordo com o delegado Wagner Giudice, titular da Delegacia Especializada Anti-Seqüestro (Deas), "faltam de dois a oito para serem presos".
De acordo com Giudice, apenas um dos presos tem a nacionalidade confirmada, o chileno Mauricio Hernández Norambuena. Os demais, à exceção de uma acusada que se diz espanhola, se identificaram como argentinos, mas a polícia acredita que sejam também chilenos.
Os supostos nomes e nacionalidades dos outros detidos, que ainda não foram confirmados pelas autoridades estrangeiras, são Ruben Oscar Sanchez, 30 anos (argentino); Carlos Renato Quiroz, 28 anos (argentino); Maite Amalia Bellon, 23 anos (argentina); Rosa Amalia Ramos, 37 anos (espanhola); e Frederico Antonio Aribas, 30 anos (argentino). Maurício Hernandez Norambuena é um dos criminosos mais procurados em seu país. Norambuena é chefe operacional da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR, braço armado do Partido Comunista chileno e principal grupo armado de oposição à ditadura de Augusto Pinochet) e está condenado a duas prisões perpétuas no Chile. Ele usou um helicóptero para fugir da prisão, em 1996. Norambuena e outros três presos fugiram de uma prisão de segurança máxima na capital do Chile, Santiago. Ele havia sido condenado, em 1991, pelo seqüestro do senador direitista Jaime Guzmán.
A polícia já identificou outros dois integrantes da quadrilha – um homem e uma mulher que estão foragidos – mas não divulgou seus nomes. Eles acreditam que a quadrilha seja formada por cerca de dez pessoas. O homem é estrangeiro, e a mulher, brasileira. A polícia também encontrou um apartamento usado para planejar a ação. O imóvel, que fica na rua Luis Góes, Vila Mariana, zona sul de São Paulo, foi alugado um mês antes do seqüestro (início de novembro) com a intermediação de um brasileiro.
A polícia informou que, com exceção de Norambuena, todos os outros membros da quadrilha eram muito jovens para terem estado envolvidos em outros casos de seqüestro no País no final da década de 80, como foi o caso do empresário Abílio Diniz. O delegado do Deas acredita, no entanto, que a ação foi claramente inspirada nos conhecimentos adquiridos por outras quadrilhas estrangeiras que atuaram no Brasil. "Eles beberam na mesma fonte", disse o delegado.
Governo não vai facilitar extradição
O governo brasileiro não vai facilitar a extradição dos seqüestradores do publicitário Washington Olivetto. A intenção do Ministério da Justiça é fazer que eles cumpram a pena no Brasil e depois sejam enviados aos seus países, para que sejam julgados por outros crimes. O caso se assemelha ao dos seqüestradores do empresário Abílio Diniz, mas a intenção das autoridades é dar um desfecho diferente, em função da repercussão negativa do episódio Diniz.
Segundo o diretor do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Teles Barreto, a intenção é expulsar ou autorizar a extradição dos seqüestradores depois de a pena no Brasil ser cumprida. "Não se cogita outra coisa, a não ser isso", afirma Barreto. "A prioridade é o cumprimento da sentença pelo seqüestro."
A possibilidade de extradição do grupo é também remota, conforme opinião de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Dois deles informaram que é necessário que todos sejam julgados como réus comuns e não como presos políticos. "A motivação política acontece quando houver risco à integridade do País onde eles estão", afirmou um dos ministros. Caso haja pedido formal das autoridades do Chile, de onde supostamente o líder do grupo é original, o STF poderá conceder a extradição, mas a homologação será definida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os seqüestradores teriam outras duas chances de retornarem ao país de origem, mas todas esbarram na necessidade de autorização das autoridades brasileiras. Como ocorreu com os seqüestradores de Abílio Diniz, também chilenos, argentinos e canadenses, eles poderiam ser transferidos, já que o Brasil tem acordo com quase todas a nações da América do Sul. Mas, neste caso, mesmo que o governo dos países requisitassem, a decisão caberá exclusivamente às autoridades brasileiras.
Dono de postos assassinou promotor
O empresário mineiro Luciano Farah confes sou ontem à noite à polícia do Estado de Minas Gerais que foi ele quem mandou matar o promotor Francisco José Lins do Rego Santos, na semana passada.
Farah disse que os tiros que atingiram o promotor foram disparados por um policial militar disfarçado, que estava como passageiro na motocicleta que abordou o carro de Lins do Rego num cruzamento da Zona Sul de Belo Horizonte. O policial trabalhava como segurança na empresa de Farah, a rede de combustíveis West.
Francisco José Lins do Rego Santos, que havia atuado no processo de condenação do traficante Fernandinho Beira-Mar, estava investigando o cartel dos combustíveis. O próprio Luciano Farah estava pilotando a motocicleta em que estava o homem que atirou no promotor. O homem que estava na garupa disparou 13 tiros contra Francisco.
A Polícia de Minas Gerais encontrou domingo a motocicleta usada no atentado ao promotor. No dia da execução, uma motocicleta Suzuki branca parou ao lado do carro do promotor num sinal. A Suzuki foi deixada, alguns minutos depois do crime, numa oficina mecânica da avenida Raja Gabaglia, a poucos quarteirões do local onde Lins do Rego fora alvejado. A identificação da moto permitiu que se chegasse a Farah, que já era investigado por seu vínculo com a máfia.
Ministro teme compra de ações com o FGTS
O ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, afirmou ontem que "é preciso ver com cautela" a proposta de permitir aos trabalhadores usarem seus recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para comprar ações da Companhia Vale do Rio Doce, que serão vendidas pelo governo.
Dornelles disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso está pensando em antecipar de junho para maio o ressarcimento das perdas provocadas pelos Planos Verão e Collor nas contas do FGTS e o ministro receia que o uso dos recursos do Fundo para compra de ações possa prejudicar essa antecipação.
"Sou favorável à democratização do mercado de capitais, mas não podemos correr o risco de descapitalizar o fundo agora", disse o ministro. "Temos de ter compromisso com a cautela porque destinar recursos do FGTS para comprar ações da Vale pode dificultar o cronograma de resgate dos planos Collor e Verão", afirmou.
Segundo Dornelles, o início dessa reposição só poderá ser adiantado para maio se forem atendidas duas condições. Uma é o FGTS, durante o período de janeiro a março deste ano, continuar a ter um bom desempenho, como o do fim de 2001. "Esperávamos terminar o ano com equilíbrio, mas tivemos saldo de R$ 2,3 bilhões no ano passado", informou.
A outra condição dada por Dornelles para que haja a antecipação é o Supremo Tribunal Federal (STF) dar ganho de causa ao governo, até março, em ação direta de inconstitucionalidade movida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) contra o aumento em dez pontos percentuais da multa por demissões e de 0,5 ponto na contribuição sobre a folha de pagamentos. Os recursos proporcionados por essas contribuições serão usados para repor as perdas dos trabalhadores no FGTS.
"Se o STF decidir até março pela legalidade da medida e se forem repetidos, nos próximos meses, os mesmos resultados que o FGTS teve até dezembro, o presidente pode se antecipar e começar a fazer o resgate no mês de maio", disse. Ele ressaltou que "é fundamental" ter uma decisão favorável do STF em março para o governo pagar em maio. "Do contrário, volta tudo à estaca zero".
Energia sobe mais do que a inflação
As tarifas de energia elétrica para os consumidores residenciais subiram 132,6% desde o início da privatização do setor, em 1995, contra uma inflação de 78% no mesmo período.
Os números foram divulgados ontem por representantes dos consumidores que estiveram reunidos em Brasília, com o ministro Pedro Parente, coordenador da Câmara de Gestão da Crise de Energia.
Os principais temas abordados no encontro foram os contratos de concessão e as compensações dadas às empresas energéticas para repor as perdas do racionamento, o que inclui o aumento de 2,9%, já em vigor, das tarifas.
Segundo a advogada do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Andrea Lazzarini Salazar, os contratos assinados nas privatizações deram a essas empresas garantias que as permitiram passar pelo racionamento sem perdas significativas.
"O instituto continua contra o aumento de 2,9% para compensar as perdas, mas o problema está nos contratos de concessão", disse Andrea.
O Idec ainda está estudando se haverá ou não algum tipo de ação judicial contra esse aumento, uma vez que os contratos de privatização dão garantias às empresas.
"Houve uma divisão dos prejuízos, mas não achamos correto que o consumidor arque com esses custos".
De acordo com o procurador e ex-crítico do racionamento, Antônio Herman Benjamim, "pela primeira vez o governo apresentou os documentos sobre esse assunto para o Ministério Público", o que, segundo ele, seria um avanço.
"Até agora, não tínhamos essas informações", disse Herman, se referindo a relatórios apresentados à impressa há mais de um mês e sobre um reajuste que já está vigorando.
Artigos
A visão siraquiana
Eduardo Brito
Chega a ser comovente o esforço feito pelos petistas para caracterizar como crime político o seqüestro e assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. A última palavra nesse sentido é a formação de correntes, via Internet, para a difusão de supostas inconsistências nas investigações e de ameaças – autênticas, imaginárias ou inventadas – dirigidas contra figuretes do partido.
Embora as iniciativas ainda se sucedam, se a Executiva Nacional do partido resolver premiar a mais agressiva delas, o troféu já tem dono. Irá para um certo Vanderlei Siraque, que dá expediente na Assembléia Legislativa de São Paulo, como deputado estadual.
Recomenda Siraque que os petistas reajam a tudo o que lhes parecer insinuação de envolvimento. Por isso se entende qualquer observação relativa ao crime que, pelos critérios do petista de plantão, não corresponda aos figurino predeterminado.
Imagine-se, por exemplo, que alguém estranhe a gradual transmutação do cidadão Sérgio Gomes da Silva, que dirigia a Blazer blindada de que foi brutalmente retirado Celso Daniel. No curto espaço de duas gestões municipais, Sérgio saltou de segurança pobre para empresário rico, de pedestre para com-Blazer. Pronto: aquilo que é uma constatação pode virar uma insinuação.
Insinuação de quê? Evidentemente, quem prestar atenção no enriquecimento de Sérgio tenderá a ligá-lo a sua presença na direção de uma empreiteira que, fundada pouco antes do início do mandato, garfou 30% das obras realizadas pela Prefeitura de Santo André. Tudo devidamente documentado e objeto de ação do Ministério Público local.
Essa segunda constatação, pelas óbvias ilações que implica, tornou-se assim uma insinuação de envolvimento. Claro, ela desperta dúvidas a respeito de uma administração petista, que, na concepção siraquiana de mundo, está, por definição, acima de qualquer suspeita.
Fica, portanto, proibida qualquer menção à estranha visita do secretário de Obras de Santo André, Klinger de Oliveira Souza, ao apartamento de Celso Daniel, horas após o seqüestro. A polícia deve evitar perguntar-lhe o que foi ele fuçar em domicílio alheio. Estaria insinuando envolvimento, o que, sendo ele petista, vira algo passível de punição.
É evidente que o PT pode – e deve – preocupar-se com o risco de manipulação política das investigações. Não seria a primeira vez que uma polícia faria isso, embora nada indique comportamento incorreto nas atuais investigações.
Por isso o PT agiu certo ao plantar no meio das investigações o suplente de deputado em exercício Luiz Eduardo Greenhalgh, que não sai do lado dos interrogados por um segundo sequer e dá pitaco em qualquer fato surgido nas investigações.
O partido acertou até na escolha: Greenhalgh conhece casos como o da empreiteira de Santo André, pois participou do famoso Caso Lubeca, centrado em fluxos de recursos de e para uma empreiteira de São Paulo. Em função disso foi até demitido pela prefeita Luiza Erundina do cargo de secretário de Assuntos Extraordinários. Talvez Erundina tenha feito uma insinuação de envolvimento.
Seja como for, o PT precisa mesmo que se caracterize como político o monstruoso crime que vitimou Celso Daniel. É a única forma de tirar dividendos eleitorais do caso.
A violência, em si, não ajuda eleitoralmente o partido, que não tem propostas consistentes para combatê-lo. Seu discurso se tem concentrado no lerolero habitual a respeito da prevenção e da exclusão. Desta vez não dá para encarar a criminalidade falando dos coitadinhos.
Pior, o eventual aparecimento de falcatruas, de relações perigosas ou mesmo de divergências internas no partido seria desastroso, sob todos os pontos de vista. Mas continuar nisso já seria insinuação de envolvimento, na visão siraquiana.
Editorial
Conexão internacional
Já se sabe que o líder da quadrilha que seqüestrou o publicitário Washington Olivetto, em São Paulo, é um terrorista chileno. Já se sabe também que todos os participantes da quadrilha são estrangeiros. No domingo, o jornal O Globo revelou que cabos e soldados da reserva do Exército treinam traficantes no Rio e que militares brasileiros são assediados pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), principalmente os soldados treinados para combate na selva.
Essas revelações demonstram que o crime organizado no Brasil também tem ramificações internacionais e é mais organizado e poderoso do que se pensava. As Farc são ligadas ao tráfico de drogas e armas e autoridades brasileiras há muito tempo desconfiavam que havia uma ligação mais estreita entre traficantes brasileiros e guerrilheiros colombianos. Com a prisão dos chilenos implicados no seqüestro de Olivetto, as polícias brasileiras parecem estar perto de uma importante conexão internacional que opera no Brasil.
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02/05/2002
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