Presidente da UDR denuncia invasão de sua propriedade
O presidente da União Democrática Ruralista (UDR) Luiz Antonio Nabhan Garcia denunciou que cerca de 40 agentes da Polícia Federal invadiram, sem mandado de busca e apreensão, sua propriedade no Pontal do Paranapanema (SP) a procura de armas. A operação ilegal teria sido realizada no final do ano passado. Em viagem de negócios ao Mato Grosso quando ocorreu o incidente, Nabhan Garcia disse que foi informado pelo seu irmão de que os policiais falaram que a ação era um primeiro recado, um aviso para ele deixar de fazer críticas a quem não devia.
- Quando recebi o comunicado de que minha fazenda estava sendo invadida pensei que fosse o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]. Mas eram policiais usando apenas coletes, sem portar identificação. Arrebentaram portas da casa e o cadeado de uma agroindústria. Reviraram tudo. Depois foram até a fazenda do meu pai, no imóvel vizinho. Mandaram todo mundo deitar no chão, chamaram de vagabundos. Uma humilhação horrível. Reviraram todas as duas propriedades e só encontraram armas legais, devidamente registradas - descreveu o presidente da UDR.
O caso da invasão da fazenda de Nabhan Garcia será investigado pela comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que está elaborando um diagnóstico sobre a estrutura fundiária brasileira - denominada CPI da Terra. Segundo o presidente da UDR, os policiais tinham um mandado de busca conseguido de forma irregular para vistoriar apenas a fazenda do seu pai, Rafael Garcia. O assunto da suposta invasão foi levantado pelo presidente da CPI, Alvaro Dias (PSDB-PR). Outra questão levantada pelo senador foi a respeito de declaração dada à comissão pelo líder do MST, João Pedro Stédile, de que o movimento sem terra é contra o uso da violência.
Na avaliação de Nabhan Garcia, ao afirmar que o MST é um movimento pacífico e que os responsáveis pela violência no campo são as milícias armadas formadas por grandes proprietários de terra, Stédile estaria debochando das instituições do país. O presidente da UDR comparou que nunca tinha visto tanta violência quanto atualmente, e que até tinha perdido o número de fazendas invadidas nos últimos dias. Ele também garantiu desconhecer a existência de milícias organizadas por produtores rurais.
O relator da CPI da Terra, deputado João Alfredo (PT-CE), leu algumas matérias publicadas em jornais citando casos em que Nabhan Garcia teria incentivado a formação de grupos armados para proprietários garantirem a posse de suas fazendas e até mesmo a resistência, no caso de invasões. O presidente do UDR negou, mas expressou sua opinião de que os produtores rurais, assim como banqueiros, comerciantes ou qualquer outro tipo de empresário tem direito a contratar agência de segurança devidamente legalizada para garantir seus bens.
Pouco antes, houve uma discussão entre o relator da CPI e o presidente da UDR quando, em resposta a um questionamento relativo a informações sobre o estatuto da organização e sua constituição, Nabhan Garcia perguntou se João Alfredo também tinha pedido a ata de fundação e o estatuto do MST. O deputado disse que não aceitaria tal procedimento, que tinha sido ele quem tinha sido convocado para depor e que Nabhan deveria responder às indagações feitas.
Outro momento de tensão foi quando o deputado Ary Vanazzi (PT-RS) levantou a possibilidade de o depoente ter mentido à CPI quando teria dito que todas as armas usadas no campo são legalizadas. Dizendo que o parlamentar estava ofendendo a sua honra, Nabhan Garcia negou que tivesse feito tal afirmação. Ele garantiu que falou que as armas encontradas em sua fazenda na blitz feita pela Polícia Federal, estas sim é que seriam legais.
13/04/2004
Agência Senado
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