Presidente da Unitrabalho nega tráfico de influência junto ao governo Lula



O presidente da Unitrabalho, Arquimedes Ciloni, negou, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito das Organizações Não-Governamentais (CPI das ONGs), nesta quarta-feira (5), que a entidade tenha praticado tráfico de influência junto ao governo Luiz Inácio Lula da Silva para obter mais recursos federais. Confirmou, entretanto, que a Unitrabalho recebeu, somente no governo Lula, cerca de R$ 25 milhões. Os repasses entre 2003 e 2006 chegaram, segundo informou, a cerca de R$ 14,3 milhões.

Ciloni tentou justificar a liberação dos recursos - considerados mais expressivos que os recebidos por outras ONGs - sob o argumento de que houve aumento no número de universidades no país e crescimento no número de projetos. Disse também que os recursos foram canalizados para programas ligados a treinamento e capacitação de pessoal.

O depoente também negou que a Unitrabalho tenha bancado a compra de um dossiê - no valor de R$ 1,7 milhão - com informações prejudiciais a candidatos do PSDB nas últimas eleições em São Paulo. Observou que a apreensão do dinheiro pela Polícia Federal, em um hotel paulista, ocorreu no dia 15 de setembro de 2006, enquanto o depósito de cerca de R$ 3,7 milhões foi feito pelo governo federal na conta da ONG três dias depois do escândalo, ou seja, no dia 18 de setembro. Assim, Ciloni não soube responder por que a Unitrabalho foi arrastada para o escândalo.

O presidente da Unitrabalho, que assinou termo de compromisso de falar a verdade sob pena de sofrer sanções penais, negou também que Jorge Lorenzetti tenha auxiliado a entidade a angariar recursos junto ao governo federal. Lorenzetti - ex-dirigente da Unitrabalho, amigo e churrasqueiro do presidente Lula - teria usado o seu prestígio pessoal junto ao presidente da República para conseguir recursos para a ONG que ajudou a fundar. Ele também tem seu nome envolvido nas denúncias sobre a compra do dossiê tucano.

Arquimedes Ciloni aproveitou a oportunidade para defender uma ampla reforma universitária, que coloque as fundações sob controle dos respectivos conselhos superiores das universidades. A Fundação Unitrabalho, informou, congrega 70 universidades.

Outro convidado a depor nesta quarta-feira (5) foi o promotor de Justiça do Estado de São Paulo Airton Grazzioli, que não compareceu alegando dificuldades em chegar a Brasília. Seu depoimento foi adiado para a próxima semana.



05/03/2008

Agência Senado


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