Presidente de Associação de Pacientes Renais repudia declaração de secretário do Ministério da Saúde



O presidente da Associação dos Pacientes Renais Crônicos e Transplantados do Estado de Pernambuco, José Carlos de Queiroga Maciel, repudiou declarações veiculadas pela imprensa atribuídas ao secretário de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, Jorge Solla, no sentido de que os doentes renais estariam sendo manipulados pelas indústrias e clínicas de hemodiálise quando defendem o reajuste, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), do valor pago por esse tipo de tratamento.

- Consideramos essa declaração muito infeliz e a entendemos como uma ofensa. Nós não estamos lutando por lucros para as indústrias ou clínicas de hemodiálise, mas pela garantia de nossas vidas. Como paciente renal, exijo respeito. Faço um apelo em nome de 60 mil pacientes renais, na maioria semi-analfabetos, com renda mensal de um salário-mínimo e que sequer tem condições ou formação para brigar por seus direitos - afirmou José Carlos Queiroga.

O desabafo do presidente da Associação dos Pacientes Renais Crônicos e Transplantados do Estado de Pernambuco foi feito durante audiência pública realizada pela Subcomissão Temporária da Saúde, na noite desta quarta-feira (4). O secretário Jorge Solla, convidado a participar da reunião, não compareceu. Após a exposição de José Queiroga, o presidente da subcomissão, senador Papaléo Paes (PMDB-AP) concordou que as clínicas que atendem os pacientes renais que o setor público não tem condições de receber estão com sua remuneração defasada.

Logo em seguida, o membro da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Rui Barata, declarou que apenas o reajuste da remuneração que as clínicas recebem para atender pacientes renais não seria suficiente. Ele explicou que o sistema de atendimento destes pacientes inclui várias distorções, entre elas a falta de um planejamento estratégico capaz de enfrentar o problema.

Segundo Rui Barata, reajustar as tabelas que o SUS paga apenas proporcionaria que o atendimento não fosse interrompido. Ele confirmou que a remuneração das clínicas está defasada, mas também cobrou a criação de um departamento próprio para as doenças renais no âmbito do Ministério da Saúde e o investimento no tratamento precoce da doença. Também participaram da audiência pública a gerente geral de tecnologia em serviços de saúde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Flávia de Freitas de Paula, e o presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, regional Pernambuco, Arthur Tavares.



04/06/2003

Agência Senado


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