Secretário nega ter acusado associações de doentes renais de estarem sendo manipuladas por clínicas



Durante audiência pública da Subcomissão Temporária da Saúde, realizada na noite desta terça-feira (10), o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Jorge Solla, negou que tenha acusado associações de pacientes renais crônicos de estarem sendo manipuladas por clínicas de hemodiálise. Ele desafiou o presidente da Associação dos Pacientes Renais Crônicos e Transplantados do Estado de Pernambuco, José Carlos Queiroga Maciel, a apresentar qualquer declaração sua neste sentido, gravada ou escrita.

Na reunião da semana passada, José Maciel repudiou declarações atribuídas a Jorge Solla de que doentes renais estariam sendo manipulados pelas clínicas de hemodiálise para defender o reajuste, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), do valor pago por este tipo de tratamento. José Maciel, que assistiu a audiência pública desta terça-feira, não se pronunciou durante a exposição do secretário.

Jorge Solla também esclareceu que não compareceu à reunião anterior por problemas de agenda. Ele disse que negociou com a secretaria da subcomissão a troca de data de sua participação. O presidente da subcomissão, senador Papaléo Paes (PMDB-AP), confirmou, mas acrescentou que esta informação não foi comunicada aos participantes da audiência pública da semana passada.

Números mostrando o crescimento dos gastos do SUS com a terapia renal substitutiva foram apresentados por Jorge Solla. Ele disse que em 1998 o SUS gastou em torno de R$ 430 milhões. Este valor subiu para mais de R$ 800 milhões no ano passado. O secretário também informou que o Conselho Nacional de Saúde aprovou um reajuste de 5% no valor pago pela hemodiálise, o que, somado com novos credenciamentos feitos pelo ministério, aumentará os gastos em 2003 para R$ 1,1 bilhão.

Já o presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante, Washington Corrêa, disse que as clínicas e indústrias estão pleiteando um aumento emergencial de 20%, a partir de junho de 2003, e a criação de uma comissão permanente no Ministério da Saúde que monitore os custos das clínicas particulares, para que os valores pagos possam se manter atualizados.

Para a presidente da Federação da Associações de Pacientes Renais Crônicos e Transplantados, Neide Barriguelli, não cabe ao paciente renal discutir a questão do preço pago pelo Ministério da Saúde às clínicas conveniadas. Ela disse que a luta do doente renal deve ser pela garantia do tratamento, o que não estaria ocorrendo hoje pela falta de recursos financeiros. O presidente da Associação dos Renais e Transplantados do Rio de Janeiro, Gilson Nascimento Silva, também participou da audiência pública.



10/06/2003

Agência Senado


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