Presidente do BNDES diz que privatizações afastaram Banco do NE, N e CO



O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, disse que a presença do BNDES nas regiões economicamente menos favorecidas do Brasil teria sido muito maior não fosse a participação do Banco no financiamento das privatizações. Ele foi ouvido no Senado em audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para analisar o projeto de lei do senador Jefferson Péres (PDT-AM) que reserva 35% dos recursos do BNDES para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O presidente do BNDES lamentou que o governo passado tenha se desviado da função primordial do banco, que é ampliar a capacidade produtiva de setores da economia nacional, para se concentrar no programa de desestatização, por meio do financiamento da transferência de ativos do Estado para mãos privadas, nacionais ou estrangeiras. Lembrou que somente os compradores da Eletropaulo tomaram US$ 1,2 bilhão, dinheiro que, agora, se recusam a pagar. Ele admitiu que grande parte dos ativos gerados pela privatização podem ser considerados, no mínimo, de recuperação difícil ou duvidosa. Lessa lembrou que, no passado, a instituição promoveu grandes investimentos em regiões menos desenvolvidas, como na construção do pólo petroquímico de Camaçari (BA). Entre os projetos dos quais o BNDES poderá participar, citou a construção de uma siderúrgica, potencialmente no Ceará; de uma nova refinaria de petróleo; e da rodovia Transnordestina. A pesca e, conseqüentemente, a construção naval, possivelmente em Cabedelo (PB), foram outras vocações do Nordeste apontadas pelo presidente do BNDES. Ele lamentou, entretanto, que os escritórios da instituição no país venham recebendo poucas consultas, abaixo dos padrões de 2002. O dirigente afirmou que, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o BNDES vai -continuar com um vigoroso financiamento das exportações e ampliar significativamente os projetos de desenvolvimento no país, especialmente nas regiões menos favorecidas-. Sem esquecer a inclusão social, que em suas palavras será -a diretiva central da política do banco-. A manutenção dos financiamentos das exportações, segundo ele, é importante, pois superávits na balança comercial têm o poder de reduzir a vulnerabilidade externa do Brasil. O BNDES, afirmou, tornou-se uma espécie de -Eximbank (banco de exportações e importações) brasileiro- por falta de linhas de crédito internacionais em um passado recente.Mesmo com essas prioridades, Lessa afirmou que também tem que gerenciar as decisões que a instituição tomou no passado. Dessa forma, ele esclareceu que o BNDES não -pode ser manejado com rapidez- e que sua -mudança de curso é muito lenta-.

- O passado se projeta sobre o presente e, inclusive, sobre o futuro da instituição - afirmou.




10/06/2003

Agência Senado


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