Presidente do COB defende investimentos em aeroportos para a realização das Olimpíadas de 2016



O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzmann, disse nesta segunda-feira (19) que as atuais condições de funcionamento dos aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo dificilmente atenderão à demanda para a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Os dois eventos serão realizados na capital fluminense e contarão com a participação de 10.500 atletas de 205 países em 17 dias de competições.

- Rio e São Paulo são vitais. Essa é uma das partes mais importantes e a nossa preocupação reside nisso. Temos ainda anos pela frente, mas o tempo de modificação é muito grande - afirmou Nuzmann, defendendo a realização de investimentos nos aeroportos das duas capitais.

Nuzmann participou de audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) sobre a necessidade de formação e capacitação da mão-de-obra nas cidades que sediarão os três principais eventos marcados para o Brasil nos próximos anos: a Copa do Mundo de 2014, a Olimpíada de 2016 e a Conferência Rio +20, a ser realizada em 2012, para análise de compromissos ambientais assinados em 1992, por ocasião da Rio 92.

Em sua exposição, Nuzmann também defendeu a apresentação do projeto que marcou a escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 no Plenário do Senado, por entender que o assunto envolve a participação de diversas comissões permanentes da Casa. Em resposta, o senador Fernando Collor (PTB-AL) - que preside a CI e é autor do requerimento para a realização da audiência pública - disse que vai solicitar a realização especifica de uma sessão com essa finalidade, como forma de esclarecer os parlamentares sobre o empreendimento.

O presidente do COB ressaltou que o Rio de Janeiro já conta com 54% das instalações para a realização das Olimpíadas, levando em conta o aproveitamento da estrutura dos Jogos Panamericanos de 2007, sediados na capital fluminense. Os novos empreendimentos para os jogos de 2016 - que contarão com a participação estimada de 300 mil visitantes e 70 mil trabalhadores voluntários na organização de 28 competições esportivas - estarão concentradas na Barra da Tijuca, em Deodoro, no estádio do Maracanã e na orla de Copacabana, entre outras locais.

Nuzmann também explicou que as obras a serem realizadas em 2010 para os Jogos Olímpicos não contarão com recursos públicos, mas apenas com verbas próprias do COB e de adiantamentos a serem repassados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Ele ressaltou que as obras de infraestrutura ficarão a cargo de um consórcio que contará com a participação dos governos federal, estadual e municipal. Os jogos demandarão profissionais ligados à advocacia, arquitetura, realização de eventos, medicina, nutrição, segurança, vestuário e transporte, entre outros.

Participantes

Além de Nuzmann, participaram da audiência pública, que integra o ciclo de debates Recursos Humanos para Inovação e Competitividade, promovido pela CI, o secretário executivo do Ministério do Turismo, Mário Augusto Lopes Moysés; o presidente da Comissão Nacional de Atletas Olímpicos, Bernard Rajzman; e o ex-presidente da Fifa (Federação Internacional de Futebol) e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) João Havelange.

Em sua exposição, Mário Augusto Lopes Moysés, disse que os investimentos do governo nas Olimpíadas irão se concentrar na promoção da imagem do Brasil no exterior como destino turístico; na capacitação e qualificação de trabalhadores, empresários e gestores públicos da cadeia do turismo; e em mecanismos públicos de fomento ao setor de hotelaria, possibilitando a renovação do parque hoteleiro nacional e a construção de novas unidades.

Moysés explicou que nos próximos anos serão investidos US$ 90 milhões pela Eembratur e que em julho próximo, após a Copa de Futebol na África do Sul, será lançada uma campanha de promoção do Brasil no exterior, com foco em todas as tevês mundiais e na internet. O filme publicitário da campanha já está sendo executado pelo diretor Fernando Meirelles, do filme Cidade de Deus.

O secretário executivo do Ministério do Turismo disse ainda que até 2014 o governo pretende qualificar cerca de 306 mil profissionais para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016, e também incorporar 8 mil jovens hoje beneficiados pelo programa Bolsa Família.

Por sua vez, Bernard Rajzman disse que a prática de esportes favorece a abertura de oportunidades de crianças e adolescentes mundo afora. Segundo ele, as Olimpíadas viraram um "grande negocio" e a cada edição dos jogos cresce a interesse dos países em participar das competições.

O ex-jogador de vôlei e medalha de prata pela Seleção Brasileira nas Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, disse ainda que, em termos esportivos, o Brasil evoluiu "muitíssimo" desde 1990, mas ressaltou que os recursos destinados à prática esportiva ainda são escassos, embora o país conte com centros de excelência em diversas modalidades.

João Havelange, 94 anos, foi o último a falar na audiência pública. A atuação profissional do ex-presidente da FIFA e da CBF - para quem os Jogos Olímpicos de 2016 podem se tornar um elemento valioso e prestimoso para o desenvolvimento do Brasil - foi saudada por Fernando Collor e pelos senadores Francisco Dornelles (PP-RJ), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Inácio Arruda (PCdoB-CE).

Em sua exposição, Havelange destacou ações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em prol da realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, além do empenho de Carlos Nuzmann.

- A Copa do Mundo antigamente estava entre a Europa e a América do Sul. Consegui modificar e hoje ela vai a todos os continentes, tanto é que está indo à África. Os jogos olímpicos no Rio de Janeiro serão inesquecíveis - garantiu.



19/04/2010

Agência Senado


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