Presidente do sindicato dos controladores também defende a desmilitarização



O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Carlos Botelho, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, nesta quinta-feira (24), defendeu a desmilitarização do sistema de controle de vôo no país. Ele argumentou que, devido à rigidez da hierarquia militar, os escalões inferiores não têm a adequada liberdade de diálogo para debater problemas do setor como deficiências de formação dos controladores e obsolescência de equipamentos.

Jorge Carlos Botelho fez a afirmação em resposta a questionamento do relator da comissão, senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Ele relatou casos de descumprimento de instruções de posicionamento de controladores de vôos por oficiais aviadores da Força Aérea Brasileira (FAB), colocando em risco aeronaves comerciais.

- Os militares precisam treinar, mas a prioridade deve ser os passageiros - afirmou.

Jorge Carlos Botelho apontou como uma das principais causas de atrasos nos aeroportos brasileiros a utilização intensiva de aviões pela companhias aéreas, em rotas com escalas excessivas. De acordo com o controlador, as empresas aéreas, que adquirirem suas aeronaves através do sistema de leasing, tentam colocá-las o maior tempo possível no ar, diminuindo, assim, os custos e maximizando os lucros.

- Mas isso tem um custo, que é justamente o atraso. Porque hoje um avião sai do Rio Grande do Sul, passando por Florianópolis e Curitiba, vai para Congonhas e de Congonhas já tem três ou quatro ramificações, para o Rio, Vitória, etc. Depois sobe para o interior de São Paulo e segue para Brasília. Isso é um fator complicador porque se numa determinada escala ele sofre atrasos, estes vão se acumulando - disse.

Jorge Carlos Botelho informou também que num dos mais movimentados aeroportos do país - Congonhas, em São Paulo - onde ocorrem freqüentes problemas, praticamente todos os vôos, de todas as empresas, fazem escala, contribuindo sobremaneira para o aumento dos atrasos.

Com relação à suposta falta de proficiência da categoria na língua inglesa, Jorge Botelho considerou a carga horária dos cursos de formação de controladores, nas escolas de Guaratinguetá e São José dos Campos, insuficientes para oferecer boa formação no idioma estrangeiro. Ele também não descartou a possibilidade de culpa dos controladores no acidente com o avião da Gol que matou 154 passageiros.

Convidado a opinar sobre a possibilidade de o transponder do jato Legacy - envolvido no acidente com a aeronave da Gol - estar desligado momentos antes da colisão, Jorge Botelho disse não dispor da informação. Ele também se negou a opinar sobre as possíveis conseqüências da má aplicação de recursos pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) para a segurança dos aeroportos brasileiros.



24/05/2007

Agência Senado


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