Prestadores de serviços eram obrigados a pagar propinas, afirma Nicea Camargo



A Prefeitura de São Paulo manteve um esquema de cobrança de propinas de quase todas as empresas que prestavam serviços a ela durante as administrações de Paulo Maluf e de Celso Pitta, afirmou a ex-esposa de Pitta, Nicea Camargo, em depoimento nesta terça-feira (16) à CPI do Banestado. Ela disse, em resposta à senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), autora do requerimento para realização da reunião, que as propinas variavam de 3% a 5% e eram negociadas pelo próprio Celso Pitta, pelo investidor Naji Nahas, por Reinaldo de Barros e pelo filho do ex-governador Paulo Maluf, Flávio Maluf.

As principais pagadoras das comissões, segundo informou Nicea, eram as empresas de tratamento de lixo, de ônibus e as de cabos de fibras óticas. As reuniões entre os envolvidos no esquema ocorriam em seu apartamento e eram do conhecimento de Paulo Maluf, disse Nicea. Ela contou que iria revelar secretamente à CPI o nome de duas pessoas que também estavam envolvidas no esquema, mas que, por serem muito poderosas, no Brasil e no exterior, poderiam processá-la.

Nicea contou que o próprio Naji Nahas recomendava ao prefeito Celso Pitta que guardasse dinheiro dessas operações, a fim de pagar advogados caso fosse acusado pelas irregularidades, como havia ocorrido com Nahas em escândalo da Bolsa da Valores de São Paulo.

Em resposta ao deputado Robson Tuma (PFL-SP), que perguntou sobre fatos novos que pudessem acrescentar dados às investigações da comissão, Nicea disse que a compra por Paulo Maluf da parte do irmão, Roberto Maluf, na empresa Eucatex foi realizada com verbas públicas carreadas do esquema de propinas da prefeitura, quando Maluf era prefeito da capital paulista e Pitta o secretário de Finanças.

A ex-esposa de Celso Pitta admitiu, em resposta à indagação do senador Romeu Tuma (PFL-SP) que, após as denúncias, passou a viver com medo, principalmente em função das ameaças de vida, a ela e a sua família, que recebe.

- Vocês não se frustrem se não conseguirem provar várias coisas, pois é óbvio que neste esquema de corrupção eles contam com profissionais, estrategistas que pensam em tudo que deve ser feito, e que tem sido feito há anos, para não serem pegos - afirmou a depoente aos parlamentares da CPI.



16/09/2003

Agência Senado


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