Procon-SP orienta consumidor a equilibrar orçamento



Fundação, que completa 25 anos de atividade em maio, já realizou mais de 280 mil atendimentos

Fundação, que completa 25 anos de atividade em maio, já realizou mais de 280 mil atendimentos Colocar tudo na ponta do lápis: salário mais despesas para que as contas no final do mês não fiquem no vermelho. O que a princípio parece uma idéia simples, pode ajudar muitas pessoas a controlarem seus gastos. Com esse objetivo, o Procon - Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor, órgão vinculado à Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania, realiza há seis anos palestras gratuitas sobre Orçamento Doméstico para o consumidor, entidades e órgãos públicos na Capital. Já para empresas privadas o curso é cobrado. Em três horas de duração, os participantes recebem dicas de como fazer com que seu salário renda mais. “As pessoas precisam tomar cuidado para não fazer do cheque especial ou dos empréstimos bancários, uma extensão do seu salário”. O alerta é da diretora de Estudos e Pesquisas do Procon-SP, Vera Marta Junqueira. Psicóloga, ela explica que o fato de se fazer cortes não significa necessariamente deixar de fazer as coisas que dão prazer à vida. “As pessoas precisam acabar com esse mito. Controlando as despesas, você maximiza o poder de compras e faz o dinheiro render mais”. É preciso ficar atento aos hábitos do dia-a-dia como: não deixar acesa a luz de todos os cômodos da casa, não ficar com a televisão ligada sem ninguém estar assistindo, e evitar ligar o ferro a todo momento para passar roupa”, detalha. O consumidor, no entanto, deve ficar atento para não cair nas armadilhas implantadas pela sociedade de consumo como os “shopping terapia”, com o pretexto de descarregar o estresse. “O ‘shopping terapia’ é o maior problema para o orçamento doméstico. Faz desandar tudo o que você planejou, não cura a depressão, causando um rombo na conta”. Para isso, é importante o consumidor analisar seus hábitos. Dicas · Para tentar equilibrar o orçamento o primeiro passo, é colocar num papel a renda salarial familiar e as despesas fixas como: aluguel ou prestação da casa própria, gastos com escolas, alimentação, transporte, farmácia, vestuário, reparos na casa, lazer, entre outros. “No final, se o resultado der negativo é sinal de que se está precisando diminuir o gasto em algum lugar, seja nas ligações de telefonema celular, supermercado ou feira”, diz Vera. Ela ainda lembra que o corte é pessoal, pois cada família tem uma maneira específica de gasto. · Outro dica é encarar de frente o extrato bancário. “Muitas pessoas evitam tirar seu extrato porque já sabe que está no negativo”. · Adquirir alimentos próprios da estação também ajuda a fazer uma boa economia. A Secretaria Estadual de Agricultura comercializa os produtos em lugares acessíveis para a população, como nas estações de metrô. · Aproveitar os programas gratuitos que a cidade oferece como passeios em parques estaduais, exposições e eventos gratuitos patrocinados pela secretaria estadual de Cultura. · Se entrar um dinheiro extra, resista ao impulso de compras. Use-o para quitar dívidas ou aplique-o no banco. · Comprar com calma, evitando as situações de última hora. Não só em função do cansaço, mas para ter tempo de se fazer uma boa pesquisa e comprar realmente o que se deseja. · Antes de ser tomado pelo impulso, é importante fazer uma reflexão e se perguntar se realmente precisa do produto e se cabe no orçamento mesmo estando em promoção. “Senão, todo o trabalho vai por água abaixo”, explica Vera. Vivência O abre e fecha da geladeira diversas vezes ao dia, deixar acesa todas as luzes dos cômodo da casa e banhos demorados já não fazem parte da rotina da assistente de gerência de Recursos Humanos, da Fundação Faculdade de Medicina, Rosa Maria Figueiredo, 41 anos. Após assistir a palestra do Procon, juntamente com cerca de 200 colegas, ela conseguiu pôr em prática o que assistiu no vídeo. “Estou mais atenta. Antes, não pesquisava preço. A gente perde tempo mas vale a pena. Remédio, eu só comprava na farmácia da esquina da minha casa. Agora ando mais. O que sobra dá para fazer a feira”, ensina. Rosa já não vai mais ao supermercado sem uma lista e muito menos com a barriga vazia. “Ir ao mercado com fome faz a gente comprar muito mais do que precisa. É bom alimentar-se antes”, recomenda. Muito embora Rosa já tivesse trabalhado num departamento de compras, onde brigava por menores preços, em suas despesas pessoais, ela não fazia nenhum tipo de pesquisa. “Comprava tudo o que estivesse mais à mão”. Após a palestra, além de colocar alguma dicas em prática, ela também divide o conhecimento com a família. O telefone para contato do curso de Orçamento Doméstico do Procon é 3824-7093. Plano Real A idéia de iniciar este curso surgiu no início do Plano Real, período que possibilitou ao trabalhador, principalmente o de baixa renda, um maior acesso às compras. “No começo as pessoas estavam indo com muita sede ao pote. E nesta época, tínhamos um grande número de pessoas endividadas nas filas do Procon. Questionando os consumidores constatamos que houve um grande descontrole de gastos. As pessoas não estavam preparadas para gastar”, relembra a diretora. Principais avanços A institucionalização do órgão com orçamento próprio, a dinamização nos atendimentos, a criação das Câmaras Técnicas e o fortalecimento dos convênios com 204 prefeituras do Interior são alguns dos principais avanços da gestão Mário Covas, apontados pelo secretário da Justiça e Defesa da Cidadania, Edson Luiz Vismona. “O Procon-SP é o único órgão no Brasil que tem personalidade jurídica própria porque é uma fundação instituída por lei”. O que significa que mesmo que mude o governo não poderá mexer na fundação. O Procon tem seu próprio quadro de funcionários. São 276 na Capital e todos concursados. De acordo com o secretário, a descentralização do Procon-SP tornou o órgão mais forte e sua estrutura tornou-se mais rápida. “Instituimos o Juizado de Relações de Consumo para onde são encaminhadas as reclamações que não foram resolvidas no Procon”, observa Vismona. Ele também citou a criação das Câmaras Técnicas que analisam as queixas mais persistentes como no setores eletro-eletrônicos, veículos e turismo. As Câmaras são formadas por representantes do Procon e as empresas envolvidas. “É uma forma de avaliarmos os problemas no atacado a fim de evitar que o consumidor seja mal atendido no varejo”, analisa Vismona. Entre as diversas ações judiciais impetradas pela Fundação, o secretário destaca a multa de R$ 30 milhões que as empresas Telefônica e Embratel tiveram que pagar por mudarem os prefixos do DDD, e durante o período não terem conseguido atender os procedimentos exigidos. “As ações do Procon são referências para o Brasil inteiro e isto demonstra a credibilidade do nosso Procon para todo o país”, avalia Vismona. Com a preocupação de adiantar-se à frente dos problemas que venham a acontecer, e com a alta capacitação técnica e produtividade de seus funcionários, o Procon-SP tornou-se o órgão de defesa do consumidor mais estruturado do Brasil. Tanto é que seus funcionários são constantemente assediados para trabalharem em empresas privadas. Criação O Procon foi criado oficialmente no Brasil em 1976 com sua primeira unidade em São Paulo. O órgão teve suas atividades intensificadas em 1987. Período em que começou a ter seu trabalho expandido, por meio de convênios com outros municípios. Em 1991, entra em vigor o Código de Defesa do Consumidor que representa a maior conquista para a proteção e defesa das relações de consumo no Brasil. Quando deputado federal, o hoje governador em exercício, Geraldo Alckmin, foi autor do primeiro projeto do Código de Defesa do Consumidor. No dia 6 de maio, o órgão completará 25 anos de existência. De 1977 até o ano 2000 já realizou 285.227 atendimentos entre consultas e reclamações. O Procon orienta e tira dúvidas sobre mais de 200 tipos de assuntos como contratação de serviços, compra de alimento, planos de saúde, aquisições de imóvel e de lote, locação, ligações telefônicas nacionais e internacionais, além de orientar como calcular o valor da mensalidade escolar. Essas informações foram colocadas em uma cartilha que pode ser obtida gratuitamente nos postos do órgão. Acesso ao

02/28/2001


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