Projeto da CNA aponta saídas para apagão logístico no Centro-Oeste
Silval Barbosa (1º à esq.), Renato Pavan, Sérgio Petecão, Olivier Girard, Pedro Alves de Oliveira
A produção da Região Centro-Oeste cresce mais do que a média nacional, mas apesar da boa fase ainda existe preocupação com os gargalos de infraestrutura que podem comprometer o escoamento dos produtos e minar a rentabilidade esperada. Saídas para evitar o apagão logístico da região foram discutidas nesta quarta-feira (11) na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI).
Em audiência pública, foi discutido o Projeto Centro-Oeste Competitivo, que aponta a necessidade de 106 obras prioritárias na região e um investimento de R$ 36,4 bilhões até 2020. Idealizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e suas federações no Distrito federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, o projeto foi elaborado pela empresa Macrologística.
Conforme explicou o diretor da empresa, Olivier Girard, após amplo diagnóstico sobre as diferentes modalidades de transporte de carga, foram identificados gargalos para a integração física entre os estados da região e com as demais regiões do país. Também foram apontadas soluções para superar esses obstáculos à integração econômica do Centro-Oeste.
As 106 obras priorizadas no estudo são consideradas estratégicas para a construção de sistemas logísticos mais competitivos, ou seja, para permitir o escoamento mais rápido e mais barato da produção da região, representada principalmente por grãos, mas que também engloba minérios e produtor industrializados, entre outros.
Para exemplificar os riscos de um apagão logístico, o senador Blairo Maggi (PR-MT) afirmou que a região produzirá na próxima safra pelo menos oito milhões a mais de toneladas de grãos. Ele lembrou as dificuldades enfrentadas para escoar os cerca de 77 milhões de toneladas da última colheita e alertou para o agravamento dos problemas e a complexidade das soluções.
– Por mais que desejamos [solucionar os problemas], não é um processo simples. A decisão tomada há dois, três anos para obras que estão sendo implantadas hoje só terão resultado em dez anos. Nossa situação é bem delicada e requer atenção de governos e do setor privado.
Para Blairo Maggi, as prioridades apontadas no Projeto Centro-Oeste Competitivo poderão orientar a aplicação de recursos do Fundo do Centro Oeste, valorizando ações que sejam multiplicadoras de resultados para todos os estados da região.
Autora do requerimento para realização do debate, Lúcia Vânia (PSDB-GO) também reafirmou a necessidade de planejamento no uso de recursos públicos, destacando ainda o papel da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), como fórum de discussão e racionalização dos investimentos na região.
– Precisamos fortalecer a Sudeco e não permitir que ela seja, como foi no passado, apenas para pulverizar recursos – afirmou.
No debate, Delcídio do Amaral (PT-MS) lembrou esforços do governo federal, como a realização de leilões de rodovias e aeroportos, mas observou que as necessidades de infraestruturas ainda vão exigir mobilização de esforços por muitos anos.
Retorno
A capacidade produtiva do Centro-Oeste foi apontada pelo senador Waldemir Moka (PMDB-MS) como justificativa para os investimentos propostos no estudo apresentado pela Macrologística. Para ele, são investimentos que devem constar do plano do próximo governo. Moka também acredita que a região será destaque nas propostas de todos os candidatos à Presidência da República.
– O PIB do Centro-Oeste cresce acima do PIB nacional. Qualquer candidato a presidente da República tem que ter consciência de que esses investimentos são necessários, são importantes. Se nada for feito, em 2020 todo escoamento estará comprometido – disse.
Em resposta ao senador Cristovam Buarque (PDT-DF), Olivier Girard afirmou que a realização das obras priorizadas no projeto permitirá uma redução de 12% dos custos de transporte, ou R$ 7 bilhões ao ano, o que representa um retorno em cinco anos do total dos investimentos previstos.
Burocracia
Presente ao debate, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, apontou o excesso de burocracia como um dos principais entraves ao avanço de obras de infraestrutura necessárias para evitar o apagão logístico da região.
– Estamos fazendo a nossa parte para agilizar, para sair da burocracia, dispensando até licença ambiental para a construção de armazéns – disse. O governador também reclamou do excesso de rigor dos bancos para a aprovação de financiamentos para custear os empreendimentos.
A burocracia também foi criticada pelos senadores Oswaldo Sobrinho (PTB-MT) e Ruben Figueiró (PSDB-MS). Já o senador Pedro Taques (PDT-MT) apontou a falta de planejamento em infraestrutura como problema recorrente no Brasil.
– Faz um equipamento aqui, uma obra ali, sem sinergismo, sem ligação entre esses equipamentos, entre os modais de transporte – observou, ao relatar caso de investimentos em hidrovias sem a interligação com rodovias.
No encerramento do debate, Renato Pavan, presidente da Macrologística, destacou a importância da atuação conjunta do setor privado e das bancadas parlamentares das unidades do Centro-Oeste. Ele também elogiou a união e ação coordenada dos senadores que representam os três estados da região e o Distrito Federal.
11/12/2013
Agência Senado
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