Projeto em debate na CCJ institui reserva de vagas e propõe cotas racial e social



A proposta que cria o sistema de cotas sociais e raciais nas universidades e escolas de ensino médio, em exame na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), nesta quarta-feira (18), reserva no mínimo 50% das vagas nessas instituições para estudantes que tenham cursado o período escolar anterior integralmente em escolas públicas. Metade das vagas reservadas (25% do total) deve ser preenchida por estudantes oriundos de famílias com renda per capita de até 1,5 salários mínimos. A outra metade é reservada a alunos negros, pardos e indígenas.

Na Câmara dos Deputados, o projeto - no Senado, PLC 180/08 - foi aprovado em meio a intensa polêmica, mesmo clima que prevalece agora no Senado. O presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), já se manifestou favorável à cota social, com reserva de metade das vagas exclusivamente para estudantes de famílias pobres que estudaram em escolas públicas. No entanto, discorda do acesso por critério étnico, por entender que é discriminatório.

O texto em análise prevê que as vagas por etnia devem ser preenchidas de acordo com a proporção de cada grupo na população do estado onde se localiza a instituição de ensino federal, em conformidade com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A proposta, da deputada Nice Lobão (DEM-MA), foi aprovada na forma do substitutivo apresentado pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT). A previsão da cota social, atrelada à renda familiar per capita, nasceu de emenda aprovada em Plenário.

Regras

O texto vindo da Câmara determina que as universidades públicas selecionarão os alunos do ensino médio em escolas públicas tendo como base o coeficiente de rendimento, conseguido por meio de média aritmética das notas ou menções obtidas no período, considerando-se o currículo comum a ser estabelecido pelo Ministério da Educação. As cotas deverão ser respeitadas em cada curso e turno das universidades. A seleção para as vagas fora das cotas continuaria a seguir o padrão do vestibular até a definitiva extinção desse sistema de provas.

De acordo com o texto do projeto, as universidades terão o prazo de quatro anos para o cumprimento das regras, implementando no mínimo 25% da reserva de vagas determinada pela proposta a cada ano. O texto faculta às instituições privadas de ensino superior o mesmo regime de cotas em seus exames de ingresso.

A aplicação do sistema de cotas às escolas técnicas de ensino médio foi determinada por meio do substitutivo elaborado por Carlos Abicalil. Projeto da senadora Ideli Salvatti (PT-SC), já aprovado no Senado e agora em exame na Câmara, também previa a inclusão das escolas técnicas federais (cursos profissionalizantes de nível médio e superior) no sistema de cotas (PLS 546/07).

O projeto agora na CCJ prevê a revisão do sistema de cotas dentro de dez anos.



18/03/2009

Agência Senado


Artigos Relacionados


Demóstenes defende modificação de projeto que institui reserva de vagas e propõe "cota social"

Votações no Plenário adiam debate na CCJ sobre projeto que reserva metade das vagas nas universidades para cotas

Para defensores da política de cotas, projeto faz reparação social e racial

Aprovado projeto que institui reserva de vagas para indígenas em concursos públicos

PROJETO QUE RESERVA VAGAS NOTURNAS NAS UNIVERSIDADES É TEMA DE DEBATE NA CE

Relator promoverá debate sobre projeto que reserva vagas para negros em universidades