Projeto que prorroga prazo para regularizar terras em área de fronteira divide senadores da Comissão de Agricultura



O projeto que determina a prorrogação do prazo para regularização de propriedades rurais em área de fronteira dividiu os senadores presentes à reunião realizada nesta quinta-feira (12) pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). Para Gilberto Goellner (DEM-MT), que apresentou voto em separado, o prazo deveria ser fixado em dez anos. Já os senadores João Pedro (PT-AM) e José Nery (PSOL-PA) ponderaram que a prorrogação sugerida por Goellner retardaria a legalização de imóveis rurais, especialmente daqueles localizados na Região Norte. A matéria foi retirada de pauta pelo presidente da CRA, senador Neuto de Conto (PMDB-SC), e deverá ser debatida em audiência pública.

Conforme explicou Gilberto Goellner, o prazo de dois anos fixado no substitutivo apresentado pela relatora, senadora Marisa Serrano (PSDB-MT), foi considerado insuficiente, durante debate da matéria na reunião da CRA na semana passada. Para o senador pelo Mato Grosso, sua proposta, que levou em conta a "burocracia existente nos processo de regularização fundiária no Brasil", visa assegurar o tempo necessário para a ratificação das concessões de terras localizadas em faixa de fronteira.

Na opinião de João Pedro, a proposta seria inadequada para a realidade da Amazônia. Conforme ressaltou, a prorrogação do prazo por mais dez anos seria "um desrespeito brutal à questão ambiental", uma vez que favoreceria a ação de grileiros e madeireiros.

- É preciso agilizar o recadastramento e acelerar o processo de regularização fundiária, com a formalização da propriedade dos lotes - frisou ele.

No mesmo sentido, José Nery ponderou que as sucessivas prorrogações do prazo para a regularização das terras estariam contribuindo para o descumprimento da legislação. A Lei 9.871/99, que trata do tema, passou por três prorrogações, sendo a última em 2002, fixando o prazo final em 31 de dezembro de 2003. Visando buscar um consenso sobre a questão, Gilberto Goellner anunciou a retirada de seu voto em separado e informou que apresentará requerimento para a realização de audiência pública sobre o projeto.

Trabalhador Rural

Os senadores da CRA aprovaram pedido de vista de Gilberto Goellner ao PLS 426/07, que fixa em oito horas a jornada de trabalho de empregados rurais. De autoria da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), a proposta, que assegura aos trabalhadores o intervalo de uma hora para repouso e alimentação durante a jornada de trabalho, recebeu voto favorável do relator, senador Valter Pereira (PMDB-MS).

Para justificar o pedido de vista, Goellner argumentou que as determinações previstas no projeto já estão contempladas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pela Constituição federal, que equipara a jornada de trabalhadores urbanos e rurais em oito horas diárias e 44 horas semanais. Goellner também ponderou que especificidades do trabalho rural tornam impraticáveis regras como horário determinado para descanso e alimentação.

A igualdade de direitos assegurada pela Constituição também foi observada pelo senador João Pedro. Para o parlamentar, a aprovação do projeto poderia confundir os trabalhadores rurais.

Na mesma reunião, os senadores da CRA decidiram pelo arquivamento do PLS 56/07, do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que estende em 15 anos o prazo para que os trabalhadores rurais requeiram aposentadoria por idade. Conforme parecer de Gilberto Goellner, acolhido pelo colegiado, o projeto foi prejudicado pela edição da Medida Provisória 410/07, que determina a prorrogação do prazo para adesão do empregado rural à Previdência. A matéria será encaminhada à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

A comissão também decidiu pela rejeição do PLS 63/05, de Alvaro Dias, determinando que, em caso de desapropriação de terra para reforma agrária, seja descontado do pagamento a ser feito ao proprietário o valor das dívidas deste para com a União. Em seu voto contrário ao texto, o relator, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), argumentou que a proposta "atropela procedimentos" constitucionais em nome de "justiça aos cofres públicos". O projeto, que é de lei complementar, será encaminhado à Secretaria-Geral da Mesa.

12/06/2008

Agência Senado


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