PROJETO QUE REGULA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ESTÁ NA PAUTA DO SEMESTRE



Aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), projeto do Executivo que regulamenta a relação entre previdência complementar e entes públicos deve ser apreciado pelo Senado ainda neste semestre. O projeto, que teve votos favoráveis dos relatores, senadores José Fogaça (PMDB-RS) e Romero Jucá (PSDB-RR), e já foi apreciado pela Câmara dos Deputados, faz parte da reforma da Previdência e versa especialmente sobre os fundos de pensão. O objetivo é regular a relação da União, estados, Distrito Federal, municípios, autarquias, fundações, sociedades públicas e suas respectivas entidades fechadas de previdência complementar.
De acordo com o governo federal, esta modalidade de previdência tem um público alvo de 48 milhões de pessoas, e pode representar a solução para a questão do déficit previdenciário. O projeto prevê uma carência mínima de 60 contribuições mensais, além do fim do vínculo empregatício com o patrocinador para que o benefício comece a ser pago. Também proíbe que os entes públicos assumam encargos adicionais para o financiamento do plano de benefícios e exige a concessão prévia do benefício pelo regime de previdência ao qual o participante esteja filiado por intermédio de seu patrocinador. Além disso, fica vedado o repasse de ganhos de produtividade, abono e vantagens de qualquer natureza para os benefícios.
Dentre as inúmeras mudanças trazidas pela nova legislação, está a instituição da portabilidade, instrumento pelo qual o participante de uma entidade de previdência complementar poderá transferir sua poupança acumulada para o plano de benefícios de outra entidade, aberta ou fechada. Nas entidades responsáveis pela previdência complementar fechadas, não existe um vínculo prévio entre os participantes. A portabilidade, entretanto, só poderá transferir os recursos entre os fundos de previdência, sendo proibido o trânsito dos recursos entre os participantes.
- A proposta abre a perspectiva de que o sistema previdenciário se transforme também em um sistema de capitalização, poupança e investimento, permitindo que esse grande volume de recursos possa irrigar a economia e desenvolvê-la, gerando empregos e abrindo possibilidades - acredita José Fogaça.
Enquanto na Holanda o patrimônio das entidades de previdência complementar supera o Produto Interno Bruto daquele país em 20%, e na Suíça os montantes são iguais, nos Estados Unidos esses ativos equivalem a 80% do PIB. No Brasil, os cerca de 350 fundos de pensão responsáveis pela previdência complementar não chegam a 10% do PIB nacional em ativos.
O projeto trata ainda da formação dos conselhos deliberativo e fiscal, assim como das atribuições da diretoria-executiva dos fundos. Os conselhos serão paritários, com igual representação de participantes e patrocinadores. A fiscalização ficará a cargo do órgão regulador e fiscalizador, cuja criação também depende de uma lei complementar. Enquanto isto não acontece, suas funções serão exercidas pelo Conselho de Gestão da Previdência Complementar e pela Secretaria de Previdência Complementar, do Ministério da Previdência e Assistência Social e pelo Conselho Nacional de Seguros Privados e Superintendência de Seguros Privados (Susep), do Ministério da Fazenda.
A senadora Heloísa Helena (PT-AL), líder do Bloco Oposição, informou que a bancada estará liberada para votar o projeto, mas ela deve apresentar duas emendas para assegurar que o conselho deliberativo das entidades de previdência complementar seja mesmo paritário. De acordo com a senadora, no texto original a paridade entre participantes e assistidos e petrocinadores não fica suficientemente garantida, uma vez que o projeto prevê que possa ser aplicada a composição já estabelecida no estatuto da entidade.

17/08/2000

Agência Senado


Artigos Relacionados


CAS APROVA PROJETO QUE REGULA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

Previdência complementar de servidor está na pauta de duas comissões

Previdência complementar para servidores federais está na pauta da CAE

Projeto que regula contratos de trabalhadores brasileiros no exterior está na pauta da CRE

Ministro confia na aprovação da previdência complementar no primeiro semestre

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR NA PAUTA DA CONVOCAÇÃO EXTRAORDINÁRIA