Projetos em favor da mulher serão votados depois da Semana Santa



Três projetos em favor da mulher serão votados no próximo dia 18 pelo plenário do Senado, refletindo, na opinião da senadora Heloísa Helena (PT-AL), uma tendência do Direito Internacional em sua preocupação com a condição feminina. Um projeto tipifica o assédio sexual como crime, outro exige que as delegacias informem às vítimas de estupro que, na hipótese de gravidez, elas têm direito a fazer aborto, e o terceiro obriga as empresas de saúde a cobrir despesas com cirurgias de restauração de mama em decorrência de câncer.

O projeto que pune o assédio sexual define esse crime como importunar alguém com o objetivo de obter favores nesse campo, abusando da relação de autoridade ou ascendência inerentes ao cargo. Heloísa Helena disse que, acompanhando a tendência mundial, o projeto associa o assédio sexual ao abuso de poder ou hierarquia, situação em que o agressor se prevalece da autoridade ou ascendência sobre a vítima.

Assinado pela deputada Iara Bernardi, o projeto prevê a punição do autor de assédio sexual com pena de três meses a um ano de detenção. A pena será aumentada se o agente for padrasto, madrasta, irmão, tutor, curador, preceptor, ascendente ou descendente da vítima. Implica também aumento da pena o crime cometido por quem se prevalece de relações domésticas, religiosas ou de confiança. Outras causas de agravamento da pena: se a vítima estiver presa ou internada em hospital ou casa de custódia ou se for considerada juridicamente incapaz.

O projeto que obriga os delegados a informarem às vítimas de estupro que elas têm direito a fazer aborto determina que as delegacias fornecerão, no ato do registro policial, a relação das unidades hospitalares públicas aptas a realizarem a interrupção da gravidez. De autoria do deputado Professor Luizinho, o texto estabelece ainda que, para haver o aborto, tem que haver o consentimento da gestante ou, quando esta for incapaz, de seu representante legal.

O texto que obriga os planos e seguros privados de saúde a realizarem a cirurgia reparadora de mama visa a corrigir uma omissão na lei que regulamentou a atuação desses serviços. Autora do projeto, a deputada Jandira Feghali alegou que, no Brasil, milhares de mulheres pagam seus planos de saúde e, na hora que precisam utilizar seus serviços, se vêem desamparadas pela legislação.

Ex-enfermeira, a senadora Heloísa Helena informou que os órgãos públicos de saúde já são obrigados a realizar esse procedimento, devendo o Legislativo garantir o mesmo direito às mulheres que optaram por pagar planos privados. Na opinião da senadora, o projeto repara uma falha do modelo assistencial brasileiro, que não oferece nem mecanismos capazes de reduzir os riscos de câncer de mama a que as mulheres estão sujeitas.

- Como se não bastasse isso, após o trauma gigantesco da mastectomia, a mulher brasileira ainda fica à mercê das conveniências dos planos de saúde, já que a lei não os obriga a realizar a cirurgia reparadora - reclamou a senadora, em defesa do projeto.

Votados no mês passado na Câmara dos Deputados, os três textos foram levados pela bancada feminina no Congresso ao presidente do Senado, Jader Barbalho. Ele apoiou imediatamente o pedido de urgência que fará com que essas iniciativas sejam votadas logo depois da Semana Santa.

06/04/2001

Agência Senado


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