Protecionismo argentino elimina empregos no RS, dizem debatedores



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As medidas protecionistas da Argentina foram novamente tema de audiência na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH). Nesta segunda-feira (18), o foco da discussão, com sindicalistas e a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, foi o impacto de tais barreiras sobre o mercado de trabalho no Rio Grande do Sul, estado que faz fronteira com aquele país. Segundo o presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), o protecionismo argentino, ao prejudicar as empresas gaúchas, provoca demissões em diversos setores, como o calçadista.

Além disso, o senador e os sindicalistas destacaram o impacto das barreiras argentinas sobre as negociações salariais no lado brasileiro – que, segundo eles, também foram prejudicadas.

– Assim, quando não há demissões, pode haver redução de salários ou de jornada – alertou Paim.

Outro problema apontado durante a audiência: com as barreiras, empresas instaladas no Rio Grande do Sul estariam planejando transferir suas plantas industriais para a Argentina. De acordo com Paim, isso pode gerar cerca de dois mil empregos no país vizinho, “ou seja, empregos e também recursos que deixarão de ser gerados aqui”.

Ao defender o entendimento entre os dois países, o senador ressaltou que “o Brasil é um parceiro estratégico para a Argentina, assim como a Argentina é um parceiro estratégico para o Brasil”. Ele declarou que o Parlamento do Mercosul (Parlasul) precisa se reunir para debater questões como essas, mas que isso não vinha ocorrendo justamente pela falta de participação dos representantes da Argentina. No entanto, Paim lembrou que está prevista para esta terça-feira (19) uma reunião do Parlasul com a presença dos argentinos.

As críticas de Paim foram reproduzidas pelos sindicalistas presentes na reunião, como José Augusto da Silva Filho, coordenador nacional do Fórum Sindical dos Trabalhadores, e Valter Souza, presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores do Estado do Rio Grande do Sul.

Setor de alimentos

Por outro lado, Valdemir Moreira Corrêa, secretário-geral da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Rio Grande do Sul, argumentou que – ao menos no setor alimentício – nem todos os problemas enfrentados pelos trabalhadores gaúchos se devem ao protecionismo argentino, e sim à concentração do mercado brasileiro em poucas empresas.

– Há empresários que se aproveitam da crise [com a Argentina] para flexibilizar os direitos dos trabalhadores – afirmou ele.

Segundo Corrêa, os mais prejudicados no estado devido aos problemas com a Argentina são os produtores e os agricultores, “já que a indústria de alimentos gaúcha ainda consegue encontrar mecanismos para reverter esses obstáculos, seja com incentivos governamentais ou devido ao mercado interno, que está aquecido”.

Economia argentina em situação difícil

Representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tatiana Lacerda Prazeres informou que as exportações brasileiras para a Argentina caíram 11% entre janeiro e maio deste ano. No entanto, ela frisou que “não são apenas as barreiras que provocam tal situação; a economia argentina passa por um momento difícil”. Tatiana está à frente da Secretaria de Comércio Exterior.

– Apesar desses problemas, o comércio entre os dois países ainda é expressivo. A Argentina é importante para o comércio exterior brasileiro – reiterou ela.

Segundo Tatiana, a Argentina é o terceiro principal destino das exportações brasileiras, com 8,9% de participação, após China (16,6%) e Estados Unidos (9,7%). Também é a terceira maior origem das importações brasileiras (7,6%), após Estados Unidos (14,9%) e China (14,1%).



18/06/2012

Agência Senado


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