PSB ainda mantém candidatura









PSB ainda mantém candidatura
Não foi ainda desta vez e o candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, resistiu à pressão do partido para renunciar, mas o rumo da campanha deve mudar, perdendo o tom evangélico. Depois de reunião, em Brasília, a Executiva Nacional do PSB e Garotinho afimaram que não há possibilidade de desistência da candidatura.

Garotinho, no entanto, ouviu fortes críticas do presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, e de outras lideranças do partido sobre o tom evangélico do discurso do candidato. A pressão deve continuar, com a falta de recursos e o candidato não conseguindo avançar nas pesquisas eleitorais.

Ao final da reunião, a direção nacional do PSB divulgou uma nota, de duas páginas, sinalizando que o tom da campanha deverá ser o de combate ao neoliberalismo e de defesa aos princípios socialistas do partido, politizando o discurso.

O candidato afirmou que "não desistiu e nem pensa em desistir" de disputar a sucessão. "Não existe possibilidade de renúncia. Essa possibilidade é zero", disse.

"Eu sempre afirmei que sou candidato de todos os brasileiros, e faço campanha para todos os brasileiros. Minha participação em eventos evangélicos se dá da mesma forma que outros candidatos o fazem", justificou.

Ontem, o candidato do PSB a governador de São Paulo, Jacó Bittar, desistiu na tarde de hoje de concorrer ao cargo. A desistência foi comunicada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para que o registro da candidatura fosse suspenso. Bittar desistiu porque estava sem recursos para levar a candidatura adiante. O partido agora deverá indicar um novo nome.


Ciro volta a crescer e encosta em Lula
Candidato do PPS venceria o petista no segundo turno. Serra e Garotinho estão empatados em terceiro lugar

O candidato Ciro Gomes (PPS) subiu quatro pontos percentuais e está mais próximo do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com nova rodada de pesquisa de intenção de voto divulgada ontem pelo Ibope. Ciro consolidou-se em segundo lugar e está 13 pontos na frente de José Serra (PSDB).

Na simulação para o segundo turno, Ciro supera Lula em sete pontos, aparecendo com 47% da preferência contra 40% do petista.

Segundo a pesquisa divulgada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, Lula tem 33%, o mesmo índice da pesquisa anterior, enquanto Ciro subiu de 22% para 26%.

Já os candidatos José Serra e Anthony Garotinho ( PSB) estão tecnicamente empatados em terceiro lugar. Serra tem 13% e Garotinho, 11%. Segundo o Ibope, que realizou a pesquisa nos dias 21, 22 e 23 de julho, a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para baixo ou para cima. O Ibope ouviu 2.000 pessoas, em 143 municípios.

Na simulação do segundo turno, Lula, que perde para Ciro, venceria se enfrentasse os outros dois candidatos. Contra Serra, o petista teria 48%, contra 36% do tucano. Caso enfrente Garotinho, Lula teria 49%, contra 34% do ex-governador do Rio.

Em relação à pesquisa anterior do Ibope, realizada entre 12 e 14 de julho, Ciro foi o único candidato a apresentar crescimento, de quatro pontos percentuais: saltou de 22% para os atuais 26%.

Serra oscilou negativamente 2 pontos – tinha 15% na pesquisa anterior e agora aparece com 13%. Lula manteve o mesmo índice do levantamento anterior, 33%. Garotinho oscilou um ponto para cima, de 10% para 11%.

Desde a pesquisa Ibope feita entre os dias 12 e 16 de junho, Ciro subiu 15 pontos percentuais, passando de 11% para 26%. No mesmo período, Lula, Serra e Garotinho registraram queda em seus índices. Lula despencou de 38% para 33%, Serra caiu de 19% para 13%, e Garotinho perdeu 2 pontos – de 13% para 11%.


Rollemberg rompe com Garotinho
O deputado distrital Rodrigo Rollemberg, candidato do PSB ao Palácio do Buriti, anunciou ontem o rompimento com o presidenciável do seu partido, Anthony Garotinho, conforme o Jornal de Brasília havia adiantado ontem com exclusividade . Além disso, Rollemberg defendeu a renúncia de Garotinho à corrida sucessória.

Segundo Rollemberg, o ex-governador do Rio "vem fazendo uma campanha isolada" e se afastou do partido. "A melhor coisa para o PSB, hoje, seria a retirada da candidatura dele", completou.
A principal queixa de Rollemberg é que Garotinho tem pedido votos "apenas na igrejas evangélicas", desprezando outros segmentos.

"Como a minha candidatura vem ganhando espaços amplos dentro do eleitorado, não faria sentido eu ficar junto de alguém que faz uma política tão limitada", argumentou.

Por enquanto, o deputado disse que ainda não definiu quem vai apoiar para a Presidência, embora haja rumores de que ele estaria se aproximando de Ciro Gomes (PPS).

"Eu ainda não tive tempo para tratar desse assunto, pois estou muito ocupado com as questões locais", afirmou. "Quanto ao Ciro, o que eu já falei, antes, é o seguinte: assim como a candidatura dele, a minha também é impulsionada pelas pessoas que não querem votar nem no PT nem nos atuais governantes", explicou o candidato do PSB ao Buriti.

Rollemberg garantiu que a sua campanha não será prejudicada, financeiramente, pelo rompimento com Garotinho. "Estou pedindo votos de maneira criativa, apoiado principalmente por voluntários. Por isso, não preciso gastar muito dinheiro", ressaltou.

O palanque de Rollemberg pode ser apenas o primeiro de vários que poderão ser perdidos, nos estados, por Garotinho.

Desde que o ex-governador do Rio começou a cair nas pesquisas de intenção de voto, os seus aliados vêm dando sinais de descontentamento. Em vários estados, os candidatos ao governo alegam que não receberam de Garotinho o apoio esperado para as suas campanhas.


Serra nega que FHC vá dar voto para PT
Durante o passeio que fez pela rua José Paulino, no Bom Retiro, em São Paulo, o candidato à Presidência José Serra (PSDB) afastou a possibilidade de o presidente Fernando Henrique Cardoso apoiar o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em virtual segundo turno entre o petista e Ciro Gomes (PPS).

"Fernando Henrique me apóia. Eu vou para o segundo turno e é isso que ele acha, também", disse o candidato do PSDB.

Durante a caminhada, Serra prometeu, caso seja eleito, fazer a reforma tributária para resolver, segundo ele, o problema da informalidade. "Essa questão da economia informal depende basicamente de a gente conseguir, no Brasil, simplificar os impostos, fazer essa famosa reforma tributária, em torno da qual tanta demagogia, tanta promessa se faz, mas pouco se realiza. Isso para mim é uma questão central, até porque assim é possível arrecadar mais", afirmou o candidato.

Serra estava acompanhado do governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin, dos candidatos ao Senado, deputado José Aníbal (PSDB), e Romeu Tuma (PFL), e outros candidatos da coligação. Segundo o comando de campanha dos tucanos, eventos como os de hoje irão se tornar cada vez mais freqüentes.


Frente está aberta a adesões, diz Brizola
O presidente do PDT, Leonel Brizola, disse ontem, depois de um encontro com o candidato da Frente Trabalhista, em Brasília, Brizola afirmou que a candidatura de Ciro Gomes (PPS), está aberta a adesões.

"Quem quiser empurrar o caminhão venha, mas não vamos entregar a direção, o acelerador nem o freio do caminhão", afirmou.

Segundo Brizola, os ataques dos partidários dos candidatos José Serra (PSDB-PMDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não são motivo para mudança na estratégia política da campanha de Ciro. "A impressão que tenho é de que há um dado de desespero no grupo de Serra, que está em desgaste".

Sobre sua atual aliança com adversários, como o PFL, disse que "há momentos em que a coerência exige mais rigor, e noutros, não. Essas eleições estão reve lando que a população quer sair do estado de angústia e recuperar sua auto-estima. Não tem buraco de esquerda nem de direita, o importante é sair dessa situação."

Em relação à crise, Brizola admitiu que os caminhos de uma recuperação econômica "não são somente de flores", mas afirmou que os aliados de Ciro estão integrados no trabalho.


Petista critica decisão de recorrer ao FMI
O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sugeriu que a equipe econômica do governo Fernando Henrique Cardoso seja levada para dentro de uma fábrica para perceber que há outro jeito de o Brasil crescer sem ficar pensando em recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Lula disse que acha "lamentável" que o governo admita pedir ajuda ao FMI se a turbulência financeira permanecer por mais algumas semanas.

Questionado sobre o que faria para atacar a crise neste momento, Lula lembrou que vem criticando a condução da política econômica há muito tempo e acusou o governo de estar colocando os brasileiros "numa encalacrada". Para Lula, nas condições atuais, o governo poderia ter mandado uma minirreforma tributária para o Congresso para desonerar a produção e as exportações.

O candidato voltou a citar a expressão "exportar ou morrer", de FHC, para reclamar do que seria uma incoerência do governo, o aumento das taxas de crédito do BNDES para operações de vendas ao exterior de 9,5% para 10%. Mesmo que demonstre confiança na vitória nas eleições, Lula quer ter diante de si um leque amplo de possíveis alianças, caso se classifique para o segundo turno.


Artigos

A segurança dos transgênicos
Franco Lajolo

Por milhares de anos o homem foi intuitivamente selecionando, para uso alimentar, plantas que apresentassem maior rendimento, maior resistência a pragas e melhor qualidade. Com o tempo, a ciência veio auxiliá-lo nesta tarefa. Manifestação mais contemporânea desta aliança é o desenvolvimento, nas últimas décadas, de variedades de trigo, arroz, milho e soja com alto rendimento agrícola, capazes de alimentar uma população mundial crescente e urbanizada.
Há muito tempo novas variedades vêm sendo produzidas a partir de técnicas tradicionais de cruzamento e melhoramento, envolvendo transferência de genes por reprodução normal ou pelo uso de metodologias que alteram cromossomos, como a mutagênese química e a irradiação. Nos últimos 10 ou 15 anos, no entanto, introduziu-se uma nova tecnologia: a modificação genética para a produção de alimentos, chamada de "tecnologia do DNA recombinante", que consiste num avanço nos processos naturais de melhoramento de plantas.

Nos cruzamentos convencionais, misturam-se ou transferem-se para uma planta, ao acaso e ao mesmo tempo, um grupo de genes, sendo o resultado a produção de uma variedade com múltiplas características, nem todas desejáveis. Como esse processo convencional é impreciso, separar as características desejáveis das indesejáveis é bastante demorado. Com a tecnologia do DNA recombinante pode-se, de forma rápida, alterar a operação de um gene pré-existente ou incorporar numa nova planta um único gene exógeno, correspondente a uma determinada característica que se deseja desenvolver.

A história mostra que mudanças na forma de produção e conservação dos alimentos sempre causaram preocupação e, quando recentes, geraram medo. Foi o caso do enlatamento, da pasteurização, da comercialização da margarina, do milho híbrido, do uso da irradiação e de microondas. E é nesse por essa desconfiança face ao novo que crescem as questões relativas à segurança dos alimentos transgênicos.

A tecnologia do DNA recombinante permite a transferência específica de novos genes para uma planta, alterando a sua composição. Esta alteração acarreta efeitos intencionais, correspondendo à característica do gene introduzido (por exemplo, resistência a herbicidas), mas também pode gerar efeitos não intencionais (por exemplo, alteração do teor de um composto químico). Os riscos potenciais estão, portanto, associados ao novo DNA introduzido, ou ao produto de expressão desse DNA (proteína) ou a efeitos não intencionais, decorrentes da introdução no genoma e da expressão desse novo gene.

Muitos genes já foram transferidos de um organismo a outro com o objetivo de desenvolver características desejáveis, como melhoria do valor nutricional, da conservação ou da resistência a pragas. A segurança desses alimentos, obtidos por modernas técnicas da biotecnologia, é avaliada pela análise de risco que se baseia em princípios básicos, que medem sua segurança em relação à segurança dos alimentos que lhe deram origem. A aplicação dessas metodologias e o histórico de uso conhecido vêm mostrando que esses produtos não são menos seguros do que aqueles que lhes deram origem.

No Brasil, esses novos alimentos estarão submetidos aos ministérios da Saúde, da Agricultura e da Ciência e Tecnologia, sujeitos a legislação específica relativa a normas de segurança e rotulagem, e avaliados por várias comissões técnico-científicas, responsáveis pela aprovação de sua comercialização. Por isso, quanto mais qualificada for a discussão em torno dos alimentos contendo organismos geneticamente modificados, maior será a informação que terão seus eventuais consumidores, e mais exigentes e mais adequadas serão as políticas reguladoras de sua produção, divulgação e distribuição.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Malan pune gastança no Inpe
Começou a funcionar ontem a Rede Nacional de Telecomunicações Meteorológicas, interligando o Brasil aos principais centros de informações climáticas do planeta. Integram a rede as três forças militares, agências de Águas e Energia e Inmet. Para os entendidos, é coisa de primeiro mundo. Mas o prestigiado Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ficou fora da rede. É que o Inpe andou fazendo compras milionárias que irritaram a área econômica, ou quem guarda a chave do cofre: o ministro Pedro Malan.

Filmes de terror
Depois da terminal Terminassian e da Anne (Freddy) Krueger, só falta o FMI mandar um Murphy, aquele da Lei, para "ajudar o Brasil".

Vai ter que depor
O ministro Sepúlveda Pertence, do STF, mandou a delegacia de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Federal, em Brasília, tomar o depoimento do deputado Paulo Marinho (PFL-MA) sobre mais um processo-crime contra a administração pública, nos tempos em que foi prefeito de Caxias (MA). Chamado de ladrão pelo próprio pai, ele é réu em mais de 200 processos.

Segurança inteligente
O uso do dirigível para patrulhar o Rio faz parte de uma sofisticada operação de inteligência policial. Se não conseguem matar os bandidos à bala, por que não matá-los de rir?

Chega de promessas
A Anistia Internacional cobrou uma ação mais efetiva do governo contra o crime organizado no Espírito Santo, e marcou nova visita até dezembro. Sem autoridade para investigar e punir, a força-tarefa de três meses será inútil, conclui a AI, lembrando que também prometeram força-tarefa no Pará. A bomba na OAB-ES, ontem, prova que a Anistia tem razão.

Noblat no Correio
O jornalista Ricardo Noblat, diretor de redação do Correio Braziliense, foi convidado para virar sócio do amigo Einhart Jácome, marqueteiro de Ciro Gomes e responsável pela vitoriosa campanha do atual primeiro-ministro português, Durão Barroso. Mas Noblat optou por permanecer no jornal e só discutir o assunto no futuro. "Vão ter que continuar me engolindo", brinca.

Reforço
Carlos Chagas, respeitável jornalista, integrou-se ao comitê da Frente Trabalhista, de Ciro Gomes. Foi uma sugestão de Leonel Brizola (PDT).

Pau-de-arara
O vice de Ciro Gomes, Paulo Pereira da Si lva, viajou de Fortaleza a São Paulo no jatinho que a Frente Trabalhista colocou à disposição do candidato do PPS. A viagem durou sete longas horas. "Era melhor ter viajado de ônibus", disse ele, com a coluna vertebral em frangalhos.

Protesto no Itamaraty
Depois de três semanas tentando agendar audiência com o chanceler, funcionários do Ministério das Relações Exteriores perderam a paciência e decidiram acampar em frente ao gabinete do ministro Celso Láfer, a partir de segunda-feira. Eles se queixam de discriminação, no projeto enviado ao Congresso reajustando salários de diplomatas e oficiais de chancelaria.

Ciro ou Lula?
Bastou a corrida para a presidência se concentrar em dois para o dólar chegar aos três.

Pensando bem...
...nessa eleição, há bônus que vêm para males.

Apocalipse 2019
Astrônomos descobrem asteróide de dois quilômetros que pode bater na terra em 2019. Alguns dizem que acaba com tudo, outros que "apenas um continente" e outros ainda que não dá para avaliar. De qualquer forma, o risco planeta aumentou estupidamente nos últimos dias.

Caro colega
O TRE de Mossoró (RN) decide se o jornalista Miranda Sá pode se candidatar ao Senado pelo PDT do Rio Grande do Norte. Ele entrou na Justiça após o partido apoiar a candidatura de José Bezerra Marinho, do PTB, ganhando de lambuja três minutos no horário eleitoral. Manobra do senador Fernando Bezerra, candidato ao governo e ex-ministro de FhC.

Menos um
O congresso americano cassou um deputado acusado de fraude, suborno e evasão fiscal. Foi o segundo, desde a Guerra Civil. Não se perdeu pelo nome, apesar de soar muito bem em português: James Traficant.

Causa extinta
O juiz Eduardo Klausner, do juizado especial de São Gonçalo (RJ), explica que o processo 21.199/01 não mofa há um ano: foi extinto porque seu autor não compareceu à audiência de instrução e julgamento, marcada para três meses após a data em que foi ajuizada. Nem justificou sua ausência. O juiz informa que o interessado ainda pode ingressar com uma nova ação.

Juizado especialíssimo
O pai de um menino deficiente, no Rio, espera há quatro meses o julgamento do mandado de segurança para manter o tratamento de saúde do filho. O juiz Kléber Ghelfenstein sempre tira o caso da pauta, esquecendo que a característica de um juizado de pequenas causas é a agilidade. Senão vira causa perdida.

Poder sem Pudor

Milagre ou MP?
Após a reunião de quarta-feira, quando os governadores pediram a FhC para reverter a queda de José Serra nas pesquisas, o presidente não resistiu à piada, em conversa com um senador da base governista:
- Só não entendi se estão pedindo um milagre ou uma medida provisória.


Editorial

LIÇÃO DE DEMOCRACIA

Mesmo em meio a uma turbulência no mercado internacional que massacra os índices brasileiros, o País se mostra otimista com a possibilidade de mudar. Nunca na história houve eleição tão equilibrada e com discursos tão responsáveis como a que teremos em outubro.

A prova maior de que a democracia brasileira amadureceu é o fato de os principais postulantes ao Palácio do Planalto se mostrarem realmente preocupados com uma saída viável para o País, qualquer que seja o sucessor do presidente Fernando Henrique Cardoso. Muito diferente da forma antiga de fazer política, em que a receita era desqualificar os opositores ao máximo e sabotar projetos que poderiam ser vitoriosos apenas por interesse eleitoral.

Abrem-se os candidatos agora ao diálogo com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, para acertar a transição do poder. Quanto menos traumas nessa fase melhor. E o governo que vai deixar o poder também coopera, o que é bom para todos.

Cabe agora aos candidatos se posicionar claramente em relação a um iminente acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que deve ser fechado se for olhado sob a ótica da responsabilidade. O dinheiro do FMI é mais barato do que outras formas de crédito, e além disso, funciona como indicador de que os países mais ricos confiam na condução da economia brasileira. A presença da número dois do fundo, Anne Krueger, endossa essa visão. Mais ainda quando, ao olhar para as contas brasileiras, declara ao mundo todo que nossa situação é controlável e não há motivo para sucessivos rebaixamentos dos papéis do País no mercado internacional.

Não há porque perder a chance de formar um colchão de estabilidade agora, mesmo que o próximo presidente passe ainda seis meses sob vigência de um acordo. Armínio Fraga usa a velha imagem do "é melhor prevenir do que remediar", muito adequada para o momento.

Mesmo não precisando de um aval formal dos candidatos à Presidência, o governo tem tido a elegância de mantê-los informados sobre as medidas econômicas. Mais importante do que a aprovação deles ou não, o País fica satisfeito com a lição de maturidade demonstrada. Sabemos que não vamos cair nas mãos de arrivistas, qualquer que seja o resultados das urnas. Que o clima de cooperação se perpetue no Brasil: é o primeiro passo para a retomada do desenvolvimento econômico e social, ansiosamente aguardada.


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07/26/2002


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