PSDB pedirá CPI no Senado se acordo não for cumprido, diz Arthur Virgílio
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, voltou a cogitar, nesta quinta-feira (28), pedir a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) exclusiva do Senado sobre o uso de cartões corporativos do governo federal se o acordo feito com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), não for cumprido. Jucá anunciou, nesta quarta-feira (27), que caberá ao PSDB indicar o presidente da CPI Mista dos Cartões Corporativos.
Já o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, admitiu fazer ele mesmo as indicações dos membros dessa CPI Mista se os líderes partidários não encaminharem, até terça-feira próxima (4), os nomes dos parlamentares que irão integrá-la.
Pelo acordo firmado, o PMDB abriu mão da presidência da comissão em favor do PSDB, que já indicou a senadora Marisa Serrano (MS) para o cargo. No entanto, após a definição do acerto, o PT reivindicou a presidência em vez da relatoria da comissão, cargo para o qual havia indicado o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).
Arthur Virgílio disse não saber se o PT quer apenas "quebrar a palavra" ou se deseja impedir e postergar as investigações. E sustentou que, independentemente da forma, a intenção do PSDB é apurar as denúncias de irregularidades no uso dos cartões do governo federal.
- Não vamos fazer papel de ioiô. Foi feito um acordo com o PMDB e o acordo será cumprido. Se aceitássemos isso (dar a presidência ao PT e ficar com a relatoria) eles iam querer outra coisa. Eles não querem que se abra o baú dos cartões corporativos porque de lá vão sair cobras, lagartos - afirmou.
O líder do PSDB considerou ainda que o envio da proposta de reforma tributária ao Congresso pode ser uma estratégia do governo para desviar as atenções da CPI e "deixar o povo contra o Congresso" caso a matéria não seja votada a tempo, já que se trata de ano eleitoral e o movimento no Congresso deve diminuir a partir de junho.
Já o líder do PT na Câmara, deputado Maurício Rands, afirmou que seu partido deseja o "formato mais eficiente" para a comissão e, por isso, "está examinando a possibilidade" de trocar a relatoria pela presidência da CPI Mista. O deputado argumentou ainda que o PT é a segunda maior bancada da Câmara, especificidade que precisaria ser respeitada.
- O PT ainda está fazendo ponderações sobre o assunto. Mas talvez esse desenho (do acordo) não seja o melhor. O PT quer investigar e dar transparência às despesas de pequeno porte do governo, mas temos o compromisso de garantir que a CPI não seja instrumentalizada para a luta política - comentou.
O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana, confirmou que há contrariedade da bancada do PT com o acordo e admitiu que a posição do partido deverá "se resolver nos próximos dias". Fontana acredita que a CPI é "um assunto muito ruim, que só atrasa o país", e que o Congresso Nacional deveria focar sua atuação em assuntos estratégicos para o Brasil, como a reforma tributária. O parlamentar avalia ainda que a criação de uma CPI apenas no Senado "seria ridícula".
Embora garanta que o governo não teme investigações, Henrique Fontana observou haver "formas melhores" de apuração das denúncias sobre o uso dos cartões corporativos do que a criação de CPI sobre o assunto. Nesse sentido, considerou que órgãos como a Controladoria Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público são mais bem aparelhados para isso.
- Acho que essa CPI não vai decolar de jeito nenhum. Ela não é necessária e prejudica a atuação do Congresso. Deveríamos discutir menos a tapioca e mais o futuro do país. Deveríamos aproveitar o momento econômico favorável e deixar o Congresso Nacional tratar de assuntos específicos do Congresso - defendeu.
Marisa Serrano deseja, entretanto, que o acordo entre PMDB e PSDB seja cumprido. Na sua opinião, no momento em que um acerto como esse é feito, é preciso "se pautar sempre pelo respeito à palavra".
- A CPI é real. Ou será mista ou será feita só no Senado. Terá o objetivo de oferecer à sociedade a verdade e a transparência sobre o uso dos cartões e, ao fim dos trabalhos, se possível, criar um projeto de lei para normatizar o uso de cartões corporativos em todo o país - declarou.
A senadora pelo estado de Mato Grosso do Sul disse ainda não ter tido tempo de começar a organizar os trabalhos da CPI Mista, mas acredita que, na melhor das hipóteses, a primeira reunião da comissão deverá ocorrer na segunda semana de março.
- Quando eu tiver a mínima condição, garanto a você que a CPI começa - prometeu.28/02/2008
Agência Senado
Artigos Relacionados
Arthur Virgílio: PSDB não participará de acordo para abafar denúncias contra Waldomiro
Arthur Virgílio cobra compromisso "não cumprido" por Jucá
Arthur Virgílio: PSDB "faz opção pelo Senado" e defende perda de mandato de Renan
Arthur Virgílio pedirá convocação de prefeito de Coari para depor na CPI da Pedofilia
Arthur Virgílio pedirá informações sobre reuniões de Roberto Teixeira nos Ministérios da Defesa e do Trabalho
Arthur Virgílio é reconduzido à liderança do PSDB