PTB avalia dissidência para apoiar Britto









PTB avalia dissidência para apoiar Britto
Diretório decide hoje se acordo com o PDT será mantido

O PTB gaúcho pode decidir hoje pela retirada do apoio ao candidato do PDT ao Palácio Piratini, José Fortunati, dando aval ao nome indicado pelo PPS para a disputa, Antônio Britto.
O apoio a Fortunati foi imposto por meio de um acordo entre as direções nacionais do PDT e do PTB, mas não é aceito pelo partido no Estado. O pacto será avaliado pelo diretório do PTB, a partir das 14h, no auditório da Assembléia Legislativa.

– É um acordo que nunca teve a simpatia do diretório estadual. O diretório nacional tem suas prerrogativas, mas estamos procurando conversar para fazer o que a maioria pensa aqui no Estado – disse o presidente regional do PTB, deputado Iradir Pietroski (PTB).

O parlamentar, ex-secretário do Trabalho, Cidadania e Assistência Social na gestão de Britto (1995-1998), não esconde sua preferência pela indicação do ex-governador, que teria uma “viabilidade eleitoral maior” que a de Fortunati. Na Assembléia Legislativa, os candidatos às proporcionais do PTB e do PPS acertam a constituição de dobradinhas para o pleito do dia 6 de outubro.

A aliança entre PTB e PDT determina o apoio à candidatura presidencial de Ciro Gomes (PPS) e a realização de coligações entre os dois partidos nos Estados. Assinado no dia 30 de abril, em Brasília, o acordo chegou a ser considerado irreversível pelo deputado federal Edir Oliveira (PTB), presente ao encontro ocorrido na capital federal. Ontem, Edir disse que, na oportunidade, também foi negociada com a direção nacional a continuidade dos debates no Estado sobre o tema:
– Temos muito respeito à hierarquia partidária, mas também respeitamos a base do partido.

O vice-presidente estadual do PTB, Cláudio Manfrói, confirmou ontem a existência das negociações com a executiva nacional. Na avaliação do comando gaúcho da legenda, teria ocorrido um recuo da cúpula em relação ao apoio a Fortunati, “dada a reação verificada no Estado”.

Uma eventual mudança de rumo no partido do presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi, candidato ao Senado, é desconhecida pelo aliado até o momento.

– Eles me disseram que a reunião não terá caráter deliberativo – afirmou o presidente estadual do PDT, deputado Vieira da Cunha, referindo-se a conversas mantidas com Manfrói e Zambiasi.
A situação do PTB tem sido um dos principais assuntos de análise Britto. Ele comparou ontem o acordo com o PDT à eleição indireta de governadores durante o regime militar.

– É uma situação inacreditável. O PTB do Rio Grande do Sul recebe uma determinação de Brasília sobre quem o PTB do Rio Grande do Sul deve apoiar. Isso é profundamente autoritário – afirmou.
Além dos votos, um eventual apoio do PTB daria ao PPS cerca de dois minutos no rádio e na TV e estrutura no Estado. Sozinho, o partido de Britto deverá dispôr de um dos menores tempos no horário eleitoral gratuito, cerca de 40 segundos. A legenda tem diretórios organizados em 120 dos 497 municípios gaúchos.


Adversários analisam candidato do PPS
A candidatura do ex-governador Antônio Britto (PPS) ao Palácio Piratini foi tema de manifestações de seus adversários.

Na avaliação do líder do governo na Assembléia, Ivar Pavan (PT), a candidatura “não compromete o favoritismo de Tarso Genro (PT)”.

Ontem, durante entrevista concedida ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, o ex-governador voltou a elogiar adversários como José Fortunati (PDT), Germano Rigotto (PMDB) e Celso Bernardi (PPB), com os quais espera contar no caso de disputar o segundo turno, hipótese que considera a mais provável. Apesar de ter afirmado na quarta-feira, quando admitiu pela primeira vez a possibilidade de concorrer ao governo do Estado, que ainda estava disposto a negociar uma aliança com o PDT, Britto atacou o presidente nacional do partido, Leonel Brizola.

– O doutor Brizola decidiu que o Rio Grande do Sul ficaria com o PDT. Ele tem todo o direito de decidir isso, mas deveria combinar com o Rio Grande do Sul – disse, referindo-se ao acordo que apontou Fortunati como o candidato da aliança PDT e PTB, provocando o encerramento das negociações com o PPS.

– Essa decisão não foi unilateral. Foi tomada durante o processo de negociação dos três partidos. Britto demonstra uma total desinformação sobre essa negociação. Seria bom ele conversar com os dirigentes do PPS – disse o presidente estadual do PDT, deputado Vieira da Cunha.

No PMDB, partido que o ex-governador Britto deixou em outubro do ano passado para ingressar no PPS, o deputado federal Germano Rigotto evitou falar sobre a possibilidade de vir a apoiar o ex-governador e ex-correligionário:
– Não falo da possibilidade de não estar no segundo turno.

Rigotto manifestou, porém, confiança de que Britto irá apoiá-lo nessa eventual etapa do pleito. O deputado federal disse que irá “acabar com essa radicalização entre o PT e Britto”:
– Vamos mostrar claramente nossa diferença em relação aos dois, com propostas para gerar desenvolvimento para atacar as desigualdades sociais.

Para o candidato do PPB ao Palácio Piratini, Celso Bernardi, uma aliança com o PPS no segundo turno é “natural”.

– As eleições em dois turnos têm exatamente esse objetivo. O primeiro turno é para que os partidos possam marcar suas posições, apresentar suas propostas. O segundo turno dá oportunidade para que os partidos busquem apoio entre aqueles que têm afinidade, entre aqueles que estão no mesmo campo ideológico. Vamos certamente estar juntos no segundo turno – explicou o representante do PPB, que descarta a possibilidade de retirar a candidatura em favor do PPS.


Henrique Alves será o vice na chapa de Serra
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e os presidentes do PMDB, Michel Temer, e do PSDB, José Aníbal, acertaram ontem que na próxima semana será anunciado o nome do candidato a vice na chapa, o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Durante a conversa em visita a Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Serra não insistiu, como vinha fazendo, na escolha de um nome conhecido nacionalmente. Nos últimos dias, e depois de conversar com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador já vinha dando sinais de que estava disposto a aceitar a preferência da cúpula do PMDB.

Desde a desistência do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, que Alves é o nome mais forte. Ele é do Nordeste e do grupo que comanda o PMDB desde 1998.

Henrique Alves nasceu no Rio em dezembro de 1948, se elegeu deputado federal em 1970 e está no oitavo mandato na Câmara. Integrante da cúpula do PMDB desde 1993, é da ala que apóia o governo Fernando Henrique desde o primeiro mandato. Em 1997-1998 exerceu a presidência da Comissão de Constituição e Justiça. Na sua gestão foi aprovado o primeiro pedido de licença para abertura de processo contra parlamentar acusado de crime comum. Em seguida o deputado Sérgio Naya teve o mandato cassado.

Na eleição de 1998, Alves elegeu-se com a maior votação proporcional do país: 14% dos votos válidos para o Legislativo. No ano passado, quando seu nome foi lançado para a sucessão do governador Garibaldi Alves, licenciou-se para assumir a Secretaria de Governo, cargo no qual permaneceu de fevereiro de 2001 a abril deste ano.


Efeito Lula deixa mercado nervoso
Analistas atribuem queda das bolsas e alta do dólar à candidatura do PT

A repercussão financeira do avanço do candidato presidencial do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, nas pesquisas – que vem sendo chamada de Efeito Lula – atingiu ontem um ponto crítico.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Boves pa) teve queda de 4,17%, a maior desde o dia 28 de novembro do ano passado, e o dólar comercial subiu 1,48%, alcançando R$ 2,3970 (na venda), o maior preço desde o dia 25 de fevereiro.

O mercado também foi influenciado pela decisão do banco holandês ABN Amro de sugerir aos clientes a redução da compra de títulos da dívida externa brasileira, seguindo os passos dos americanos Merril Lynch e Morgan Stanley.

A divulgação de uma pesquisa encomendada pelo PFL ao instituto GPP, mostrando que se a eleição fosse hoje Lula estaria próximo de vencer no primeiro turno, assustou o mercado. A pesquisa, que desconsiderou os eleitores indecisos e os votos nulos e brancos, mostrou Lula com 47,8% dos votos válidos. Outras três pesquisas divulgadas nos últimos 10 dias – Ibope, Vox Populi e Sensus – confirmam o favoritismo de Lula.

Nos Estados Unidos, os títulos da dívida externa recuaram com o aumento da percepção de risco. O C-Bond, principal título do país, fechou cotado a US$ 77,37, com desvalorização de 1,43%. O mesmo papel era negociado no início do ano acima de US$ 80.

– Os investidores parecem estar se conscientizando da real possibilidade de vitória do candidato do PT – ressalta Edson Marcelino, diretor de Renda Variável do Finabank.

O profissional alerta, porém, que o avanço de Lula nas pesquisas pode estar sendo aproveitado pelos especuladores para aumentar a flutuação dos ativos no mercado interno, porque não há sustentação desse movimento de venda.

O presidente do ABN Amro Banco Real, Fábio Barbosa, afirmou que discorda do rebaixamento da recomendação para investimentos no Brasil, feita por analistas do banco.


Petista não vê ligação entre candidatura e instabilidade
O candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em Erechim, que a queda nas bolsas e a alta do dólar registradas ontem não têm ligação com sua candidatura.
O petista, que passou o dia de ontem em Erechim, onde gravou cenas do programa político que irá ao ar na quinta-feira, disse que sua estratégia é “ganhar eleições e apresentar alternativas factíveis para o país”.

– Todo dia a bolsa de valores cai. Cai quando o Grêmio perde, quando o Inter ganha, quando o Corinthians empata. Todo dia ela cai, todo dia ela sobe – completou Lula.

O agricultor Valdecir Balém e sua família receberam o candidato às 10h30min para um café da manhã na propriedade rural em Sede Dourado, interior de Erechim. A imprensa não teve acesso ao local, escolhido pelo publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula, para gravação de imagens do programa eleitoral no qual o petista defenderá investimentos na agricultura familiar. Foram gravadas duas cenas em que Lula conhece a produção da propriedade e faz um brinde à saúde da família Balém com o vinho tinto produzido na propriedade.

As gravações duraram cerca de três horas sob o sol e quando terminaram, Lula já era esperado no salão comunitário da localidade. O petista comeu churrasco e bebeu cerveja acompanhado de agricultores, políticos e líderes do PT no norte do Estado. Num rápido discurso para as centenas de pessoas que estavam no local, disse estar impressionado com o modelo de agricultura familiar que havia visitado pela manhã:
– É preferível ser pobre no campo, produzindo o suficiente para viver, do que ganhar R$ 1 mil numa cidade grande e violenta como São Paulo – disse Lula.

Ele foi aplaudido em pé, deu autógrafos para adultos e crianças e posou para fotos com fãs.
Antes de deixar a localidade, Lula se reuniu a um grupo de agricultores de origem italiana e cantou ao som de uma gaita. A caminho do avião, no Aeroporto Comandante Kramer, em Erechim, o candidato falou sobre alianças. Seguindo a linha adotada pelo PT, que tenta evitar desgaste de sua imagem nesta fase da campanha, Lula disse estar completamente alheio a qualquer negociação com outros partidos, acrescentando que essa é uma tarefa da direção partidária.


Alencar considera certa aliança entre PL e PT
O senador mineiro não confirmou se será vice de Lula

O senador José Alencar (PL-MG) confirmou ontem que a coligação entre o PT e o PL deverá ser confirmada em breve pelas executivas dos dois partidos.

Segundo o parlamentar, já não existem resistências por parte dos diretórios regionais do PL à aliança em Minas Gerais, Rio e São Paulo, entre outros Estados.

A perspectiva de aliança entre os dois partidos vem sendo levantada há meses, mas, de acordo com Alencar, somente nos últimos dias, com reuniões realizadas tanto pelos diretórios estaduais quanto pela executiva nacional, a situação começou a ser definida.

Para o senador, até mesmo a resistência de alguns radicais de ambas as legendas começa a ser vencida.

– Não há mais razão para radicalismo, e os dois partidos estão compreendendo que o povo deseja alternância de poder e se todos querem, está na hora de realizar – afirmou.

Segundo Alencar, “tudo indica que a aliança irá se realizar”. A consumação da coligação, de acordo com o senador, deverá ser anunciada com uma reunião das executivas de ambos os partidos, que ainda não tem data marcada. Questionado sobre a possibilidade de aceitar ser candidato a vice na chapa do candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, Alencar foi reticente.

– Qualquer convite será examinado com muita honra, mas uma coisa é a aliança e a outra é o convite – disse.


PFL e PSDB confirmam aliança em torno de Alckmin
Em retribuição ao apoio dos pefelistas, tucanos apoiarão Tuma para o Senado

Líderes do PFL e do PSDB de São Paulo fecharam ontem uma aliança para a eleição no Estado. Tucanos acertaram com pefelistas o apoio ao senador Romeu Tuma (SP), candidato à reeleição.

Em troca, os pefelistas apoiarão a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Com o acerto, o governador terá à disposição em sua campanha o horário de rádio e TV do PFL estadual. A escolha do nome do candidato a vice na chapa de Alckmin vai ficar a critério dos tucanos.

Para líderes do PFL em São Paulo, não há outra hipótese para o partido no Estado a não ser o apoio a Alckmin. No cenário desenhado por pefelistas, o adversário do tucano num virtual segundo turno seria Paulo Maluf (PPB), que para eles não teria condições de ganhar a eleição.

A coligação com o PSDB paulista já está acertada entre os líderes paulistas e nacionais do PFL e repete o acordo firmado na última eleição, quando foi eleito o governador Mário Covas (PSDB). Tanto a bancada do PFL estadual como a federal são favoráveis ao acordo. Na representação federal, apenas o deputado Marcos Cintra defendeu o nome de Maluf.

A decisão firmada hoje só será divulgada oficialmente após o dia 6 de junho, dia da reunião agendada pela executiva nacional pefelista para discutir os rumos do partido na eleição à Presidência da República.

O acerto paulista antecipa, no entanto, que o PFL deve decidir em junho pelo não-lançamento de candidato próprio à Presidência e liberar o partido nos Estados. O PFL deve praticar nas próximas eleições a chamada “coligação camarão” (sem cabeça).

A verticalização das coligações determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que vincula as alianças estaduais à realizada na eleição presidencial, tornaria impossível a aliança em São Paulo caso o PFL lançasse candidato a presidente.


Ex-presidente do PSDB gaúcho fica na sigla
Ex-ministro solicitou que sigla desconsidere pedido de desfiliação

O ex-ministro da Saúde e prefeito de Barra do Ribeiro, Carlos Albuquerque (PSDB), voltou atrás na decisão de abandonar o partido.

Em carta enviada ontem à executiva do PSDB de Barra do Ribeiro, Albuqu erque pediu ao presidente do diretório, Pedro Becker, que desconsidere o seu pedido de desfiliação.

Segundo o ex-ministro, a solicitação de desligamento do partido foi feita “em momento de grande emoção e revolta contra lideranças que desconhecem o que é democracia”. Albuquerque havia pedido desfiliação da sigla na segunda-feira, depois de renunciar ao cargo de presidente estadual.
O ex-ministro havia assumido o comando regional do partido em substituição a Nelson Marchezan, morto em fevereiro. Ao justificar a saída da executiva, Albuquerque alegou dificuldades de manter a coesão do partido e afirmou que não concordava com um suposto duplo comando na sigla. Ele também reclamava de ingerência nacional sobre o diretório regional. A gota d’água teria sido o cancelamento da pré-convenção marcada para o dia 20 de abril.

O vice-presidente regional da sigla, Sanchotene Felice, assumiu interinamente a direção do partido no Estado. A executiva estadual do PSDB reúne-se em sessão extraordinária no dia 25, para eleger o novo comandante dão partido.


Mello defende aumento para ministros
No momento em que o governo e a Justiça discutem os salários dos juízes, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, disse ontem que os ministros da corte deveriam ganhar cerca de R$ 26 mil.

Mello admitiu, porém, que o valor é impraticável.

– Pelo princípio da irredutibilidade, temos de preservar o poder de compra (dos salários) – afirmou, durante entrevista concedida no intervalo da sessão de ontem do Supremo, acrescentando que, em 1998, fez um expediente do qual constava o cálculo de que o subsídio deveria ser de R$ 21 mil.

De acordo com Mello, seria justo atualizar esse valor pela inflação acumulada desde então, o que faria os salários chegarem aos R$ 26 mil. Atualmente, a maioria dos integrantes do STF ganha R$ 10.764, mas o próprio presidente do tribunal ganha mais (R$ 14.111).

Nos próximos dias, Mello deve entregar ao presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), um projeto de lei propondo que os salários dos ministros do Supremo sejam elevados para R$ 17.171. Essa cifra foi definida pelos próprios integrantes do STF, durante uma reunião fechada realizada no final de abril.

Dos 11 ministros do Supremo, apenas Mello foi contra o envio do projeto à Câmara. Ele concluiu que o STF deveria antes julgar uma ação direta de inconstitucionalidade apresentada por um partido nanico, o PSL, contra a emenda da reforma administrativa, que estabeleceu um teto salarial para o funcionalismo público.

Mello fez questão de afirmar que o projeto pede uma reposição de poder aquisitivo.

– Não é aumento – disse.

Na próxima semana, ele deverá discutir o assunto com os presidentes das associações representativas dos juízes. Com o aumento dos salários dos ministros do STF, haverá um reajuste em cascata para o restante do Judiciário da União. Os integrantes de tribunais superiores ganharão 95% da remuneração do Supremo e os juízes de tribunais estaduais receberão 90% do STF. Os juízes de primeira instância titulares terão salários equivalentes a 85% dos valores pagos ao Supremo e os substitutos a 80%. Mello disse que não sabe quanto o Judiciário gastará com os aumentos.


Mantida emancipação de Arroio do Padre
STJ confirmou decisão da Assembléia de autorizar criação do município da Zona Sul

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a criação do município de Arroio do Padre.
A localidade emancipou-se dePelotas em 1996.

Por unanimidade, a 1ª Turma do STJ manteve a decisão da Assembléia Legislativa que, à época, havia aprovado a criação de 30 novos municípios no Estado.

O relator do processo, ministro Humberto Gomes de Barros, negou provimento ao recurso impetrado por três agricultores que integraram a comissão contrária à emancipação do então distrito pelotense.

Os produtores alegavam inconstitucionalidade da lei que havia criado Arroio do Padre. Segundo o grupo, os prazos exigidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não haviam sido cumpridos no processo de emancipação.

Na ocasião, o Tribunal de Justiça do Estado confirmou a criação do novo município, mas o TSE acabou impedindo a realização de eleições para prefeito e vereadores em outubro de 1996.

Com uma população de 2,6 mil habitantes, em sua maioria de pequenos produtores rurais, o município de Arroio do Padre é um dos maiores produtores de fumo da zona sul do Estado.

Eleito em 2000 com 1.068 votos, o prefeito Almiro Buss (PDT) comemorou ontem a decisão do STJ. Segundo Buss, depois de anos sem receber investimentos significativos da prefeitura de Pelotas, o novo município tem hoje uma arrecadação anual de R$ 1,8 milhão.

– A notícia da decisão do tribunal é maravilhosa, pois nos dá tranqüilidade para seguirmos trabalhando pelo nosso chão – afirma o prefeito.


População de Viamão debate demissões
Proposta de dispensar servidores é para se adaptar à Lei Fiscal

A proposta de redução de gratificações anuais e revisão da progressão salarial dos servidores da prefeitura de Viamão foi debatida ontem pela população da cidade, em audiência pública na Câmara de Vereadores.

A medida, que não é aceita pelo funcionalismo, foi apresentada pelo prefeito Eliseu Chaves (PT), como forma de reduzir custos e evitar a demissão de 500 servidores. O projeto será enviado à Câmara nos próximos dias.

Segundo o prefeito, o projeto prevê a adequação do município à Lei de Responsabilidade Fiscal. Atualmente, Viamão destina 70% de sua receita ao pagamento dos cerca de 3 mil funcionários. Para complementar a proposta, Chaves pretende promover um “esforço fiscal” e aposta no combate à sonegação para aumentar a arrecadação da cidade.

– A lei não está de acordo com a realidade das prefeituras brasileiras. Não queremos sacrificar os servidores, mas não podemos continuar destinando R$ 38 milhões para o pagamento anual da folha – afirma Chaves.

A prefeitura propõe a redução das gratificações de 4% para 3%, a cada dois anos, e a diminuição da progressão salarial de 16% ao ano.

Para o presidente do Sindicato dos Municipários de Viamão, Gilnei Guimarães, o prefeito está “tentando jogar a população contra os servidores”, ao realizar uma audiência pública. Temerosos com a possibilidade de demissões, os funcionários realizaram uma manifestação em frente à prefeitura, no início da noite. O ato, que antecedeu a realização da audiência pública, reuniu cerca de 200 servidores do município e contou com o apoio do comércio local.

– O governo não pode descontar no funcionalismo as dificuldades da administração. A proposta é absurda, não podemos concordar com a política desse prefeito – diz Guimarães.

Para Chaves, a medida de redução de custos é irreversível. Embora admita que as demissões poderão acarretar uma diminuição na prestação de serviços, ele não vê outra solução:

– Estamos fazendo de tudo para aumentar a arrecadação, mas demissões serão inevitáveis. – afirma o prefeito.

A audiência pública promovida pela prefeitura reuniu empresários, vereadores, comerciantes e representantes do funcionalismo público. Nos próximos dias, a proposta de redução de custos deverá ser remetida à Câmara de Vereadores.


Artigos

Igreja sob acusação
Dom Sinésio Bohn Bispo de Santa Cruz do Sul

Em fevereiro deste ano encontrei em Roma dom Charles Grahmann, bispo de Dallas, Estados Unidos, que me contou o seguinte: “Quando cheguei a Dallas alguém acusou um padre de ter praticado o crime de pedofilia 20 anos atrás. Eu jamais ouvira absolutamente nada a respe ito. Os meios de comunicação fizeram muito barulho e fui acusado de negligência por não ter denunciado o padre. O tribunal, num ambiente de verdadeiro ódio, condenou a diocese a pagar US$ 127 milhões de indenização. Os próprios acusadores, mesmo ávidos por dinheiro, acharam a soma inviável e reduziram para US$ 27 milhões. Sofri muito com as calúnias contra mim e contra a Igreja. Ainda estou pagando os acusadores”.

O bispo auxiliar de Mainz, dom Franziskus Eisenbach, foi acusado de ter violentado uma senhora durante um exorcismo, em 1998. Uma revista de circulação nacional diz que foi “na semana passada” (Veja, 24 de abril de 2002). Mentira! Foi há quatro anos; o bispo renunciou; foi feita uma pesquisa, viu-se que era calúnia e o bispo foi reintegrado no ministério.

Então, não há casos de pedofilia entre o clero? Claro que há.
Mas há também calúnia e difamação

Também um cardeal americano foi acusado por um menino. O prelado renunciou. Depois verificou-se que foi o psiquiatra do menino que forjou a denúncia por vingança.

Então, não há casos de pedofilia entre o clero? Claro que há. Mas há também calúnia e difamação. Aliás, será por acaso que de repente a grande imprensa procura esses casos no mundo inteiro? A quem interessa a denúncia seletiva só do clero católico? Quem organiza? Quais as razões?

Na moral clássica, a pederastia faz parte do capítulo de perversões sexuais, no contexto do homossexualismo. O papa João Paulo II, com sua tradicional franqueza, declarou: “O abuso sexual de menores é corretamente considerado um crime pela sociedade e também é um terrível pecado aos olhos de Deus”.

De fato, o Cânon 1.395 manda o bispo castigar “com penas justas” o padre que comete delito com um menor, “sem excluir a expulsão do estado clerical”. É o que o Papa repete: “As pessoas devem saber que não há lugar no clero e na vida religiosa para aqueles que fazem mal aos jovens”.

Quanto à Igreja, nada de esconder os problemas. Devemos enfrentá-los e resolvê-los no contexto de uma sincera revisão de vida. Mas também é preciso enfrentar a calúnia e a acusação leviana. Tirar a honra de uma pessoa também é um crime perante a sociedade e um grave delito aos olhos de Deus. Importa defender o ministério abnegado e mesmo heróico da maioria dos padres.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Sucessão e governo
A percepção dos analistas econômicos e políticos não está sintonizada com os números das pesquisas eleitorais que vêm sendo divulgadas constantemente. Para esses profissionais, a definição do quadro deve ser conhecida a partir da campanha eleitoral que será veiculada em rádio e televisão, quando candidatos e partidos deverão dizer ao eleitor o que pretendem se chegarem ao poder. Por enquanto, apenas simulação.

Outro dado para reforçar esse argumento é que os partidos ainda não realizaram convenções para sacramentar alianças que irão disputar a presidência da República. Até agora apenas o PSB tem chapa pronta. Anthony Garotinho está percorrendo o país, na companhia do vice já indicado, o ex-presidente do STJ, o gaúcho Paulo Costa Leite.

O ex-ministro Mailson da Nóbrega, dono de uma das mais importantes consultorias econômicas, tem dito aos seus clientes que as chances de Fernando Henrique Cardoso eleger o sucessor continuam grandes. Ele admite, como já o fez o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, que as candidaturas oposicionistas (Lula, Garotinho e Ciro) têm propostas populistas que podem comprometer o programa da estabilidade econômica, conseguida com o sacrifício da população. Ninguém chega ao ponto de falar no risco de uma “argentinização”, mas apenas no receio de que mudança radical na política econômica comprometerá, sim, o ajuste fiscal.

O ex-presidente do Congresso Antonio Carlos Magalhães, em entrevista à Rádio Gaúcha, disse quarta-feira que teimosia de Fernando Henrique Cardoso e José Serra pode levar à derrota do governo”. ACM admitiu, com base nos dados das pesquisas, que o candidato do PT tem condições políticas de vencer no segundo turno. E não cansa de repetir. Se no segundo turno a opção ficar entre Lula e Serra, já decidiu que votará no candidato da oposição. Pelo visto, ao contrário dos analistas, empresários e banqueiros internacionais, ACM não tem medo de que Lula seja eleito sucessor de Fernando Henrique Cardoso.


JOSÉ BARRIONUEVO

Sucessão e governo
A percepção dos analistas econômicos e políticos não está sintonizada com os números das pesquisas eleitorais que vêm sendo divulgadas constantemente. Para esses profissionais, a definição do quadro deve ser conhecida a partir da campanha eleitoral que será veiculada em rádio e televisão, quando candidatos e partidos deverão dizer ao eleitor o que pretendem se chegarem ao poder. Por enquanto, apenas simulação.

Outro dado para reforçar esse argumento é que os partidos ainda não realizaram convenções para sacramentar alianças que irão disputar a presidência da República. Até agora apenas o PSB tem chapa pronta. Anthony Garotinho está percorrendo o país, na companhia do vice já indicado, o ex-presidente do STJ, o gaúcho Paulo Costa Leite.

O ex-ministro Mailson da Nóbrega, dono de uma das mais importantes consultorias econômicas, tem dito aos seus clientes que as chances de Fernando Henrique Cardoso eleger o sucessor continuam grandes. Ele admite, como já o fez o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, que as candidaturas oposicionistas (Lula, Garotinho e Ciro) têm propostas populistas que podem comprometer o programa da estabilidade econômica, conseguida com o sacrifício da população. Ninguém chega ao ponto de falar no risco de uma “argentinização”, mas apenas no receio de que mudança radical na política econômica comprometerá, sim, o ajuste fiscal.
O ex-presidente do Congresso Antonio Carlos Magalhães, em entrevista à Rádio Gaúcha, disse quarta-feira que teimosia de Fernando Henrique Cardoso e José Serra pode levar à derrota do governo”. ACM admitiu, com base nos dados das pesquisas, que o candidato do PT tem condições políticas de vencer no segundo turno. E não cansa de repetir. Se no segundo turno a opção ficar entre Lula e Serra, já decidiu que votará no candidato da oposição. Pelo visto, ao contrário dos analistas, empresários e banqueiros internacionais, ACM não tem medo de que Lula seja eleito sucessor de Fernando Henrique Cardoso.


ROSANE DE OLIVEIRA

Risco eleição
O mercado, esse ente cujo rosto é um cifrão, se abala por qualquer coisa que se mova ou pareça se mover. Seria surpreendente se ficasse indiferente à conjugação de pesquisas que apontam o crescimento da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva com o rebaixamento do conceito dos títulos da dívida externa brasileira por três bancos estrangeiros. A Bolsa de Valores caiu, o dólar e o ouro subiram e aumentou a apreensão dos especuladores.

Se o mercado está querendo dizer que pode quebrar o Brasil se José Serra não decolar nas pesquisas, é de se perguntar: quem ganhará com a bancarrota? O economista Guido Mantega, o assessor econômico do PT que os radicais não suportam por causa de sua moderação, sugere que esse mesmo mercado poderá abrir caminho para a vitória de Lula, se contribuir para o agravamento da crise econômica. Surpreendente? Pode ser, mas tem lógica.

Se os investidores provocarem um colapso na economia, podem prejudicar a candidatura de José Serra, que depende de uma avaliação positiva do governo Fernando Henrique para crescer no conceito dos eleitores. Ou alguém imagina que o eleitor comum, esse que decide a eleição, vai preferir o candidato do governo se lhe disserem que isso é necessário porque os bancos estrangeiros não admitem ver a oposição no poder?

O risco hoje é Lula, mas não se sabe se seria muito diferente se Ciro Gomes ou Anthony Garotinho estivessem liderando as pesquisas. Ciro e Garotinho também não se comprometem com a política econômica do ministro Pedro Malan, que consideram ruinosa, e não cansam de repetir que, se eleitos, tratarão de reduzir as taxas de juros. É verdade que nenhum dos dois tem um partido combativo como o PT na crítica aos bancos e às imposições do FMI, mas nenhum concorda em deixar as coisas como estão.

Ontem mesmo, em entrevista a correspondentes estrangeiros, Garotinho criticou a política externa dos Estados Unidos, atacou o presidente George Bush e disse que “não é o momento da Alca” (a Área de Livre Comércio das Américas). E arrematou com a acusação de que Serra é o candidato dos banqueiros.

O mercado está aflito porque Lula ultrapassou a barreira dos 30% e já chegou a 39%, um marco que os adversários do PT consideravam intransponível. Ainda faltam cinco meses para a eleição, mas a estagnação do candidato governista José Serra acendeu a luz vermelha nos computadores dos “operadores do mercado”. Nos do PFL a sirene já disparou.


Editorial

AS BASES DA ESTABILIDADE

Pressionado por circunstâncias externas como a crise argentina e a retração da economia norte-americana, é natural que o Brasil se mostre mais vulnerável por razões como os elevados níveis de endividamento e a excessiva dependência de capitais internacionais. Nem mesmo o clima de disputa eleitoral, porém, justifica análises apressadas de instituições como as que vêm recomendando aos investidores a redução dos investimentos no Brasil, com impacto negativo imediato no setor financeiro. Por isso, é positivo que, diante de avaliações apressadas – a mais recente das quais de responsabilidade do banco holandês ABN Amro –, o país continue a conquistar apoio em certos meios internacionais. Trata-se de um reconhecimento importante à relativa solidez de alguns fundamentos de sua economia.

Ainda agora, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O’Neill, incluiu o Brasil entre os países que “valorizam a necessidade de ter políticas firmes”. Na avaliação do funcionário norte-americano, foi a opção por “políticas monetárias mais flexíveis” que os livrou de crises extremadas como a da Argentina. A visão é corroborada pelo chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Lorenzo Perez, que chegou a apontar ontem “alguma melhoria na economia brasileira”. No mesmo dia, foi respaldada também por editorial do renomado jornal inglês Financial Times, para quem o Brasil pode ser considerado modelo de estabilidade se comparado a seus vizinhos, apesar das insatisfações populares.

Os investidores precisam avaliar a economia do país pelos seus
fundamentos, não por suposições

Um país com o grau de fragilidade do setor público como o Brasil está longe de poder ser considerado modelo mesmo entre economias em desenvolvimento. É compreensível que, ante essa constatação e à definição do quadro eleitoral, a comunidade financeira se preocupe em preservar a rentabilidade de investidores dos países desenvolvidos, tendência que já se reflete em alguns dos principais indicadores financeiros. Os investidores, porém, precisam avaliar a economia do país pelos seus fundamentos, não por suposições. O Brasil só conseguiu assegurar a estabilidade a partir do momento em que abriu mão de artifícios intervencionistas e decidiu alicerçá-la na seriedade fiscal. Num setor público historicamente desorganizado, essa opção impôs elevado custo para o país, que se divide entre o controle do caixa do Tesouro e as demandas por parte da sociedade.

A estabilidade, no estágio alcançado hoje, constitui-se numa conquista para os brasileiros. É difícil, portanto, imaginar que o sucessor do presidente Fernando Henrique Cardoso, seja ele quem for, possa vir a colocá-la em risco. Por isso, o país espera que o Congresso cumpra a sua parte, aprovando as medidas necessárias para assegurar o mínimo de tranqüilidade à transição. E, ao mesmo tempo, que a comunidade financeira internacional colabore para preservar o esforço já despendido – a começar pela redução do custo insuportável que o país vem sendo forçado a arcar para rolar sua dívida.


Topo da página



05/03/2002


Artigos Relacionados


PTB gaúcho deve apoiar Britto no Estado e abre nova crise na Fre

PMDB faz festa para Rigotto e execra Britto

Germano Bonow afirma que Britto vai para o segundo turno

EMÍLIA: GOVERNO BRITTO ESTÁ SENDO DESASTROSO PARA A EDUCAÇÃO GAÚCHA

MPA lança projeto para apoiar aquicultura

Assembléia vai apoiar reajuste para residentes