PTB gaúcho deve apoiar Britto no Estado e abre nova crise na Fre
PTB gaúcho deve apoiar Britto no Estado e abre nova crise na Frente
O PTB gaúcho deverá apoiar o candidato do PPS ao governo estadual, Antônio Britto, e, com isso, abrir novo foco de crise na Frente Trabalhista -aliança que une o PTB, o PDT e o candidato do PPS a presidente, Ciro Gomes.
Em razão da recusa do PDT a apoiar Britto, o presidente nacional do partido, Leonel Brizola, firmou um acordo com o presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez, para apoiar Ciro, mas manter as alianças regionais apenas entre os dois partidos, prevendo uma fusão posterior.
A Frente Trabalhista previa, inicialmente, a aliança entre os três partidos. Com o surgimento do nome de Antônio Britto como pré-candidato do PPS ao governo gaúcho houve um rompimento parcial e o PTB nacional impôs a aliança regional.
Ontem, porém, o PTB gaúcho começou uma pesquisa que indicará a preferência de suas bases. Em reunião realizada na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, foram ouvidas 210 pessoas, e 92,8% delas disseram que prefeririam votar em Britto.
Apenas 1,5% dos consultados disse preferir o candidato do PDT, José Fortunati, nome indicado por Brizola para disputar o governo. O PTB nacional quer que o PTB gaúcho o apóie.
Oficialmente, o PTB gaúcho diz que ainda acredita em um acerto de posições e que pode decidir por seguir a tendência de união com o PTB nacional.
Na verdade, espera que seja aceita a preferência das bases, que indicam total adesão à campanha de Britto no Rio Grande do Sul. Caso isso não ocorra, cogita-se a possibilidade de buscar alguma solução jurídica para permitir o apoio ao candidato do PPS.
Razão e emoção
O vice-presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, disse que os gaúchos devem acatar a definição tomada em assembléia nacional e recomendou que não pensem ""de forma emocional". O presidente regional do PTB, Sérgio Zambiasi, discordou da opinião de que houve uma visão emocional.
O PTB gaúcho já chegou a pelo menos uma decisão prática: não vai indicar um nome para ocupar a vaga de vice-governador na chapa de Fortinati.
Britto, ouvido a respeito da preferência demonstrada pelos petebistas, disse que ficou "emocionado" com ela e pediu ao PTB nacional que libere o PTB gaúcho para que se participe de sua campanha ao governo estadual.
Para Lula, há uma "onda de terrorismo" contra o PT
Petista compara últimos dias à campanha de 89
O pré-candidato do PT a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que começou uma "onda de terrorismo" contra sua candidatura, em alusão à alta do dólar e à queda da Bolsa, atribuídas em parte à subida do petista nas pesquisas eleitorais.
"[Na campanha] vamos falar para aqueles que ainda acreditam nas boatarias a que são submetidos diariamente no rádio e na televisão, como ontem, quando começou uma onda de terrorismo. E não pense que essa onda de terrorismo é besteira, não. Ela atinge a dona-de-casa, o taxista", disse.
Anteontem, um analista do ABN Amro afirmou que o banco estava reduzindo sua recomendação de compra dos papéis brasileiros -fato negado depois pelo presidente da instituição, Fábio Barbosa-, tendo como um dos motivos o crescimento de Lula. O mesmo argumento foi usado pelos bancos de investimento americanos Merrill Lynch e Morgan Stanley, no início da semana.
Ontem, o Santander de Nova York tomou medida semelhante, mas dizendo que o motivo foi o agravamento da crise econômica. Outros quatro bancos mantiveram suas recomendações aos papéis brasileiros.
Acompanhado do presidente do PT, José Dirceu, Lula falou no encerramento da Conferência Eleitoral do PT, em Mato Grosso do Sul, governado por José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT.
Lula comparou os últimos dias com a campanha eleitoral de 89, quando perdeu para Fernando Collor de Mello.
"Os adversários sabem que não podem acusar o PT de desleixo administrativo, de malversador do patrimônio público, então o que eles vão tentar fazer? Eles vão tentar criar terrorismo. Vocês sabem que o Collor em 89 disse que eu ia tomar a poupança do povo brasileiro?", perguntou.
Na entrevista coletiva, quando questionado se os relatórios dos bancos estrangeiros divulgados nesta semana beneficiariam a candidatura governista de José Serra (PSDB), ele não respondeu.
Depois do discurso, Lula seguiria para o "Baile da Estrela Vermelha", festa de encerramento da conferência petista.
"A quem interessa?"
Mais cedo, em Ribeirão Preto (314 km de São Paulo), Lula disse que o país tem de perguntar a quem interessa as "especulações". "Ao PT não interessa, ao produtor rural não interessa, a quem fabrica máquinas para o produtor rural não interessa. Fica a pergunta no ar: a quem interessa?"
O deputado Aloizio Mercadante, um dos porta-vozes econômicos do partido, disse que o PT "não se rende aos especuladores".
Ciro afirma que petista não altera mercado
Dizer que a avaliação do país no mercado piorou devido à subida do pré-candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas "é falso como uma nota de R$ 3", acredita Ciro Gomes. "Essa é uma ideologia de quinta categoria que nos vendem como ciência exata", afirmou ontem em Nova York.
Para o ex-ministro da Fazenda no final do governo Itamar Franco (1992-1994), a piora dos papéis brasileiros no mercado externo é reflexo do que ele chama de "inconsistência daquele otimismo absurdo que tomou a retórica oficial no começo desse ano".
"Olhe o galope da dívida interna brasileira, olhe o rombo das contas brasileiras no estrangeiro, olhe a queda das importações, o Brasil está com um superávit comercial porque despencaram as importações, mas caíram as exportações também", disse ele.
Segundo Ciro Gomes, trata-se de um "ciclo de ilusão no Brasil" alimentado pelo governo. "Isso é feito de propósito para especular e ganhar, feito por essas mesmas entidades financeiras que agora estão querendo botar a culpa no nosso processo eleitoral".
Rombo
Segundo números fornecidos pelo cearense, em 2002 o Brasil terá de rombo em suas contas externas US$ 20 bilhões e deve amortizar US$ 27 bilhões na dívida externa, "então nós temos de arranjar US$ 47 bilhões".
Ciro Gomes aproveitou para desdenhar as pesquisas eleitorais que o colocam em quarto lugar na corrida à Presidência da República. "Pesquisa feita a tal distância do processo eleitoral revela notoriedade, e não preferência", disse. "Notoriedade, no caso brasileiro, hoje, claramente vem em função do programa eleitoral gratuito, que tem uma data de exposição diferente das outras", disse.
Para ACM, reação de bancos a Lula é "grande bobagem"
O ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) disse ontem, em Camaçari (BA), que os bancos internacionais que reduziram a confiança na economia brasileira cometeram uma "grande bobagem".
"Os bancos temem uma eventual vitória de Lula. Felizmente ele mudou muito, e para melhor, embora alguns de seus correligionários tenham um ranço que pode atrapalhar a sua campanha", disse ACM, após solenidade de lançamento do primeiro carro produzido pela Ford em Camaçari (região metropolitana de Salvador).
Ontem, o banco Santander seguiu os exemplos do Morgan Stanley, Merrill Lynch e ABN Amro e rebaixou a recomendação para os títulos brasileiros.
"Por mais que se esforcem, as agências internacionais não vão conseguir eleger o candidato oficial", disse, referindo-se a José Serra (PSDB).
Em discurso, ACM disse que o presidente mundial da Ford, Nick Scheele, deveria levar para os EUA uma versão diferente das últimas recomendações dos bancos internacionais.
"[Os bancos] estão prevendo um novo rumo para a economia brasileira, em caso de vitória da oposição. Nada disso vai acontecer. Os empresários brasileiros já estão vacinados contra previsões desastrosas e o candidato oposicionista mudou para melhor desde 89."
Segundo ele, "o PFL não vai apoiar Serra. Mas tem liberdade para fazer alianças regionais, desde que os nossos princípios sejam preservados".
Serra critica desinformação dos bancos
"De repente, ainda acham que a capital do Brasil é Buenos Aires", diz presidenciável do PSDB
O senador José Serra, presidenciável do PSDB, ironizou ontem a suposta desinformação dos responsáveis pelos relatórios de bancos estrangeiros divulgados nos últimos dias, que rebaixaram a avaliação do Brasil em razão do atual cenário eleitoral.
Para isso, o tucano utilizou uma imagem recorrente: a de que, em países desenvolvidos, algumas pessoas não saberiam nem qual é a capital do Brasil.
"Está ficando cansativo [esse assunto]. De repente, eles [os bancos] ainda acham que a capital do Brasil é Buenos Aires [capital argentina]", afirmou Serra ontem pela manhã, ao sair de uma reunião de pouco mais de uma hora com Fernando Henrique Cardoso no apartamento do presidente, em São Paulo.
O presidenciável reforçou a crítica afirmando que os relatórios são "perturbadores" e que não se deveria dar muita importância às pesquisas de intenção de voto feitas neste momento.
A principal justificativa dos bancos para rebaixar a nota do Brasil é a liderança folgada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas e a dificuldade de Serra de consolidar-se em segundo lugar. O tucano está tecnicamente empatado com o pré-candidato do PSB, Anthony Garotinho, na maioria das sondagens divulgadas recentemente.
"Não tem cabimento incluir pesquisa [eleitoral] em avaliação de risco econômico de país a essa altura, a tantos meses da eleição. É um equívoco. É algo perturbador e sem fundamento", declarou o pré-candidato ao Planalto.
"Palpite para a Copa"
Ainda com ironia, Serra declarou que as atuais pesquisas de intenção de voto são "como palpite para a Copa do Mundo".
Também presente à reunião com Serra e FHC no apartamento do presidente, o deputado federal José Aníbal, presidente nacional do PSDB, disse não crer que os relatórios dos bancos ajudem o pré-candidato tucano.
"O brasileiro está muito informado. Não vão ser avaliações, inclusive muitas delas cheias de equívocos, que vão definir ou contribuir decisivamente para uma opção de voto", afirmou.
Para ele, os relatórios não significam "de maneira alguma" uma reprovação à política econômica do atual governo.
Serra também voltou a condenar a política externa do presidente norte-americano, George Bush, que classificou de "unilateralista e protecionista".
"Minha esperança é que o governo Bush se afine mais com a América Latina, retroceda nesse acesso protecionista e tenha uma política externa menos unilateralista da que está tendo hoje", afirmou o tucano.
Apoio não garante votos, diz sociólogo
O apoio formal da Convenção Nacional das Assembléias de Deus a José Serra dá menos garantias de voto ao candidato do que teria, por exemplo, se tivesse obtido a adesão de uma igreja como a Universal do Reino de Deus. Isso, segundo o sociólogo Ricardo Mariano, estudioso das religiões evangélicas no país, por duas razões principais.
A convenção é uma facção minoritária da Assembléia de Deus (aproximadamente 30% da igreja), com um rebanho estimado em cerca de 1,5 milhão de fiéis -apesar de seus líderes divulgarem 10 milhões. A Igreja Universal teria cerca de 3 milhões de fiéis.
Além disso, a Assembléia de Deus é uma igreja descentralizada, cujos pastores locais possuem certa autonomia, diferentemente da Universal.
"A Assembléia de Deus tem muita dificuldade para transformar seu rebanho religioso em rebanho eleitoral", diz Mariano, autor de "Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil". "Por conta da fragmentação interna da igreja e de uma certa autonomia religiosa e política que os pastores possuem, esse apoio [político] não é necessariamente repassado para a base da igreja", diz.
Segundo o sociólogo, esse tipo de influência dos líderes sobre os fiéis se dá muito mais em igrejas como a Universal, comandada pelo bispo Edir Macedo, que ainda não declarou apoio formal a nenhum candidato. "A Universal é coesa, tem um governo centralizado e impõe uma disciplina muito grande à base pastoral."
A Convenção Nacional das Assembléias de Deus surgiu em 89, após um cisma na Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil.
Na campanha de 98 para o governo do Rio, por exemplo, quando as duas convenções da Assembléia de Deus apoiaram Cesar Maia (então no PTB), o candidato Anthony Garotinho, presbiteriano e então no PDT, ganhou a eleição com os votos da maioria dos evangélicos.
Artigos
Um dia de Polyana
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - Vou correr o tremendo risco de ser um pouco Polyana nessa questão do terrorismo eleitoral que volta a assolar o país tropical.
Motivo principal do "polyanismo": o comunicado que Fabio Barbosa, presidente do ABN Amro, o banco holandês, publicou nos jornais de ontem para discordar da análise do especialista do próprio banco a respeito das perspectivas brasileiras.
Diz o comunicado, entre outros pontos: "Entendemos que a economia brasileira tem fundamentos sólidos e defendemos o pluralismo de idéias como sendo vital no processo de evolução democrática".
É verdade que os fundamentos não são tão sólidos assim, mas a reafirmação da crença no pluralismo é tremendamente saudável.
Dirão os "não-Polyanas" (que, ademais, quase sempre têm razão) que se trata apenas de um disfarce politicamente correto a que se viu obrigado o presidente do banco. Mas, no íntimo, a declaração não corresponderia nem aos seus instintos básicos nem aos dos outros banqueiros.
Talvez. Mas, em cenas explícitas de terrorismo eleitoral anteriores, nunca houve pudor ou disfarce. Se é disfarce ou se corresponde ao sentimento mais profundo de Fabio Barbosa, de qualquer modo houve uma mudança ambiental importante.
Não quer dizer, é claro, que o terrorismo cessará. É mais provável até que aumente. Mas torna mais explícito o quanto há nele de veto ao "pluralismo de idéias" ou de pura especulação. O Brasil tem, de fato, vulnerabilidades econômicas (estruturais e/ ou agravadas pelo reinado FHC) que explicam certos movimentos dos agentes financeiros.
Mas, como é óbvio, tais vulnerabilidades não podem ser atribuídas a Luiz Inácio Lula da Silva ou a qualquer outro candidato oposicionista. Usar o fantasma de uma vitória de Lula (ou de Ciro ou de Garotinho) é, pois, má-fé declarada.
Colunistas
PAINEL
Problemas internos
FHC disse a dois interlocutores nesta semana que não está preocupado com o crescimento de Lula, que ainda é "o mesmo candidato que já perdeu três eleições". O que preocupa o presidente é a dificuldade de Serra em fazer alianças, ganhar apoios e deslanchar na campanha.
Lista de tarefas
O presidente acredita que Serra precisa urgentemente conquistar apoios no NE e nas classes mais pobres. Além disso, tem de parar de criar arestas com aliados e de gerar notícias negativas e conversar mais com políticos do baixo clero.
Alvo único
FHC considera que o único rival de Serra na eleição é Lula. Portanto, o tucano deve ignorar ataques de Ciro Gomes e Anthony Garotinho e provocar o petista para discussões de idéias e propostas para o país.
Ação desestabilizadora
Boato espalhado ontem no mercado financeiro: o presidenciável tucano José Serra será substituído na chapa tucana.
Baixo dos panos
O PL não deve c oligar-se com o PT,mas irá apoiar Lula informalmente na eleição presidencial. Caso o petista seja eleito, a intenção do partido é filiar dezenas de deputados do baixo clero que sempre estão e estarão com o governo, qualquer que seja ele.
Mão dupla
Conseguindo agregar uma grande bancada, o PL será essencial para o PT ter a maioria no Congresso. Em compensação, acredita, conseguiria vários cargos de primeiro escalão no governo de Lula (PT).
Cadeiras ocupadas
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, segundo ironia corrente na esquerda do PT, já passa noites em claro sonhando com o Ministério das Comunicações. O deputado Luiz Antonio de Medeiros, ligado à Força Sindical, com o do Trabalho.
Dúvida estudantil
A cúpula da UNE e parte da militância estão em queda-de-braço. O congresso de 1.500 delegados acaba domingo em SP. A ala ligada ao PSTU quer escolher um candidato à Presidência, enquanto os dirigentes, do PC do B, preferem deixar a escolha para o segundo turno.
Vôo da pesada
O secretário nacional de Justiça, João Benedicto de Azevedo Marques, assinará um convênio com o Ministério da Defesa para transportar por avião cerca de 5.000 presos que hoje cumprem pena irregularmente em outros Estados brasileiros.
Programa de milhagem
Pela lei, o detento tem de cumprir a pena em seu Estado de origem ou onde foi condenado. O secretário quer transportar esses presos que aguardam transferência em vôos especiais programados com a Aeronáutica. A intenção é fazer um vôo por mês, nos próximos 12 meses.
Malufismo diet
Pré-candidato ao governo de São Paulo, Paulo Maluf (PPB) foi aconselhado por seus assessores a perder cerca de seis quilos antes de começar o horário eleitoral gratuito na TV.
Perda de prazo
O ministro Fernando Gonçalves, do STJ, indeferiu recurso contra suspensão da ação civil para apurar suposta improbidade do desembargador Roberto Haddad, do TRF-SP, aberta na 22ª Vara Federal em São Paulo. O Ministério Público Federal recorreu fora do prazo.
Visita à Folha
Marta Suplicy (PT), prefeita de São Paulo, visitou ontem a Folha, onde foi recebida em almoço. Estava acompanhada de Valdemir Garreta, secretário de Comunicação e Informação Social, e de Alon Feuerwerker, assessor de imprensa da prefeita.
TIROTEIO
Do deputado federal Luiz Antônio Fleury (PTB), ex-governador de SP (91-94), sobre a insistência do PPS em manter a candidatura de Antônio Britto ao governo do RS:
- Perder a chance de eleger Ciro Gomes à Presidência da República por causa de uma picuinha no Estado do Rio Grande do Sul é olhar muito para o próprio umbigo.
CONTRAPONTO
Português dobrado
João Francisco, prefeito de Ibateguara (AL) no início da década de 60, foi, certo dia, acompanhado de vereadores e assessores, visitar a nova praça construída por ele na cidade.
Um dos vereadores, Antônio Monteiro, reclamou que adolescentes estavam quebrando galhos de árvores e bancos das praças e o vigia nada podia fazer porque não trabalhava armado.
Depois de muita insistência, ele convenceu o prefeito a comprar um revólver para o vigia.
Na quarta seguinte, dia que ia a Recife fazer as compras para a prefeitura, Francisco chamou o vereador e o informou:
- Vou comprar uma pistola. O revólver é muito caro.
O prefeito passou a fazer a lista de compras. E perguntou:
- Pistola é com um "lê" ou com dois "lês"?
- Depende, prefeito. Se for de um cano é com um "lê". Se for de dois canos é com dois "lês".
Editorial
CONFERÊNCIA DE PAZ
Já praticamente encerrada a pior fase da ofensiva israelense sobre territórios palestinos, iniciam-se agora os esforços para encontrar uma saída negociada para o conflito.
As expectativas mais promissoras -que não chegam a ser muito animadoras- repousam sobre a recém-anunciada conferência internacional para o Oriente Médio. A iniciativa, que é capitaneada pelos EUA e tem o co-patrocínio da União Européia, da Rússia e da ONU, permanece ainda bastante indefinida. Sabe-se apenas que ela ocorreria no verão do hemisfério Norte e teria nível ministerial, isto é, o premiê Ariel Sharon e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, não participariam. Local, abrangência e pauta continuam em aberto.
O anúncio da conferência indica que os EUA estão dispostos a envolver-se mais no processo de paz, o que não deixa de ser boa notícia. Apesar da parcialidade dos norte-americanos em favor de Israel, os EUA ainda parecem ser o país que reúne melhores condições de atuar como árbitro no conflito. O co-patrocínio de UE, Rússia e ONU tende a compensar o viés dos EUA. Israelenses e palestinos receberam relativamente bem a notícia da reunião. Ficaram um pouco aquém de indicar que participariam da iniciativa.
Embora o escopo da conferência não tenha sido determinado, acredita-se que a proposta saudita de reconhecimento de Israel pelos países árabes em troca da criação de um Estado palestino venha a ocupar o centro dos debates. Ariel Sharon, que vai encontrar-se com o presidente George W. Bush na semana que vem, também prometeu anunciar um plano "como Israel jamais ofereceu".
A situação no Oriente Médio não deixa espaço para otimismo. Mas, a menos que se acredite, como os mais radicais, que um dos lados vai ser capaz de eliminar militarmente o outro, encontrar um "modus vivendi" torna-se uma fatalidade geográfica. É preciso começar a atuar para que a paz venha o quanto antes.
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05/04/2002
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