Quilombolas receberão assistência técnica para agricultura familiar



Pela primeira vez, famílias de comunidades remanescentes de quilombos receberão a visita de profissionais especializados em assistência técnica e extensão rural (Ater). A partir de fevereiro, 65 técnicos percorrerão 39 comunidades em quatro estados brasileiros: Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Maranhão. A missão é traçar um diagnóstico da situação de 4.480 famílias que residem nessas comunidades e montar projetos de estruturação produtiva.

Desta segunda-feira (16) até sábado (21), técnicos participam de uma capacitação na sede da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), em Salvador. Acostumados a levar orientações sobre agricultura familiar para moradores de zonas rurais de todo o País, os técnicos selecionados aprenderão a trabalhar com as famílias quilombolas, que guardam características peculiares. O isolamento geográfico, as disputas fundiárias, a falta de infraestrutura, as tradições e o preconceito enfrentado exigem abordagem cuidadosa dos técnicos. 

Para o diretor do Departamento de Promoção da Alimentação Adequada do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Marcos Dal Fabbro, além de identificar as famílias mais pobres e incluí-las no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal, as equipes terão outro papel fundamental para o desenvolvimento sustentável das comunidades. “A assistência as ajudará a dar o primeiro passo para que, futuramente, possam se inserir no Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais”, aposta. O programa, que faz parte do Brasil Sem Miséria, oferece recurso de R$ 2,4 mil, em três parcelas, para ajudar famílias a estruturar sua produção.

Depois da capacitação, os técnicos irão até as comunidades. Primeiro, se reunirão com as lideranças para explicar o trabalho. Depois, visitarão as famílias. O próximo passo será elaborar projetos de estruturação produtiva individuais e coletivos em todas as comunidades, o que inclui desde a distribuição de sementes de feijão, milho e hortaliças até o encaminhamento das famílias para o programa de fomento ou para obtenção de créditos especiais.

“Não será algo imposto de cima para baixo pelos técnicos, mas algo construído com as famílias, com as comunidades”, destaca o assessor especial de políticas para Povos e Comunidades Tradicionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Edmilton Cerqueira. Segundo ele, outras chamadas públicas para atendimento a comunidades quilombolas serão feitas até 2015.

 

Fonte:
Brasil Sem Miséria



16/01/2012 20:22


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