Raupp: "Calcanhar-de-aquiles do PAC é o abastecimento de energia"
O ponto vulnerável para a execução das metas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), editado pelo governo para levar o Brasil a crescer a taxas de 5% ao ano, é a geração de energia. E sem investimento em novas hidrelétricas e em fontes de energia como o gás natural, o Brasil corre o risco de sofrer um novo racionamento. Essa é a opinião do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), expressa durante discurso em Plenário nesta sexta-feira (9).
- O calcanhar-de-aquiles está no abastecimento de energia elétrica. Sem investimento em energia, o PAC vai empacar e não teremos o crescimento econômico tão almejado - disse.
Raupp relembrou o apagão de 2001 e o conseqüente racionamento de energia que afetou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para citar a indisponibilidade de 3.624 MW oriundos de usinas termoelétricas declarada recentemente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por falta de gás para movimentar as unidades geradoras existentes.
Raupp afirmou que um agente do setor elétrico simulou, com base nos dados oficiais do Programa Mensal de Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deste mês de fevereiro, o risco de déficit com essa indisponibilidade e concluiu que há risco acima do aceitável a partir de 2009, o que pode levar à escassez e à elevação de preços especialmente para as cerca de 500 empresas denominadas "consumidores livres". Essas empresas consomem por volta de 25% do mercado nacional de energia elétrica para a produção de materiais como cobre, alumínio, papel, cimento, produtos químicos e petroquímicos, que influenciam a cadeia produtiva.
Além disso, o preço da energia negociada no Brasil tem subido rapidamente, lembrou. De acordo com dados do jornal Valor Econômico, no final de janeiro as geradoras vendiam o megawatt/hora por R$ 95. Hoje, esse valor está entre R$ 110 e R$ 120 e estudos projetam o preço, em 2008, de mais de R$ 200. Raupp apontou como principais causas dessa elevação a necessidade de maior volume de geração de energia pelas termoelétricas, o aumento do custo de produção e a escassez de gás, graças aos problemas enfrentados com a Bolívia.
- Além disso, a Petrobras precisa viabilizar outras opções, como o gás da Bacia de Santos e da Bacia de Urucu. A licença ambiental do gasoduto Urucu-Porto Velho já está pronta e o gasoduto não sai - cobrou.
Raupp lembrou que o PAC prevê alguns investimentos e ações para abastecer o país de energia até 2010, mas que, dos 12.386 MW prometidos, só 5.201 MW estão razoavelmente garantidos. Segundo o senador, 4.662 MW só serão produzidos após a remoção de entraves e outros 662 MW também têm restrições sérias para serem gerados.
- Tudo somado,e se tudo der certo, tem-se um total 10.525 MW, 1.861 MW a menos do que o previsto no PAC - observou.
Valdir Raupp também registrou a presença no Plenário de seu primeiro suplente, Tomás Guilherme Correia, que foi prefeito de Porto Velho e deputado estadual constituinte.
09/03/2007
Agência Senado
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