Reichstul diz que acidente com a P-36 será esclarecido até 20 de abril



O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, disse nesta terça-feira (dia 27), em audiência pública da Comissão de Serviços de Infra-Estrutura, que o acidente com a P-36 "é uma grande incógnita", mas que "é uma questão de honra" esclarecer as razões que levaram às três explosões e ao afundamento da plataforma.

Ele informou que até 20 de abril a comissão criada para apurar as razões do acidente deverá concluir seus trabalhos. A Petrobras contratou ainda a empresa de consultoria internacional Veritas para acompanhar os trabalhos da comissão e elaborar um relatório independente, afirmou.

Ao abrir a reunião, o presidente da CI, senador José Alencar (PMDB-MG), hipotecou solidariedade à Petrobras e a seus funcionários e falou sobre a expectativa de que a troca de idéias sobre o acidente contribua para o aprimoramento da empresa.

Acompanhado por toda a diretoria da Petrobras, Reichstul considerou ilações sem fundamento as opiniões de que a terceirização de algumas atividades da empresa e a implementação de um novo modelo de gestão estariam entre as razões do acidente. "Não temos vergonha da nossa terceirização nem do nosso modelo de gestão", reiterou, observando que, entre as grandes companhias de petróleo do mundo, a Petrobras é a que registra os menores índices de serviços terceirizados.

O modelo de gestão implementado há dois anos, conforme o presidente da Petrobras, foi escolhido "pelo presidente Fernando Henrique Cardoso" para manter o controle estatal sobre a companhia mas dotá-la de instrumentos capazes de fazê-la concorrer num mercado cada vez mais competitivo e consolidado em torno de gigantes industriais. Para tanto, acrescentou, houve um redirecionamento estratégico, baseado numa política agressiva de investimentos da ordem de US$ 30 bilhões, até 2005.

Os 45 anos de monopólio, conforme Reichstul, exigiram uma redefinição da estrutura organizacional da empresa em que 40 unidades de negócio e 20 unidades de serviço reduziram "os níveis excessivos de hierarquia" e integraram as subsidiárias na estrutura da Petrobras. Após o vazamento na Baía da Guanabara, ocorrido em janeiro de 2000, a empresa passou a buscar também condições de excelência ambiental e de segurança operacional. Reichstul disse não ver correlação entre o acidente com a P-36 e os acidentes ambientais ocorridos. Em sua opinião, atribuir o afundamento da plataforma ao processo de terceirização seria fazer uma associação prematura.

Quanto aos boletins diários de produção dos dias 12, 13 e 14, que motivaram interpelações dos senadores Paulo Hartung (PPS-ES) e Geraldo Cândido (PT-RJ), Reichstul afirmou que eles não recomendavam a paralisação imediata da produção e, sim, que a produção deveria ser parada quando fosse realizada a troca da peça que provocou um aumento de pressão nos dutos de gás da plataforma, provisoriamente controlada. O problema, "portanto, não teve a relevância que a natureza do boletim tomou", disse ele.

Em resposta a questionamento feito por Paulo Hartung, para quem "não é normal haver tantos acidentes", Reichstul admitiu que a P-36, "supermoderna, não deveria explodir. Se explodisse, não deveria afundar". E concordou com o senador quanto à "história industrial e comercial conturbada" que marcou a construção da plataforma.

27/03/2001

Agência Senado


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