Rejeitada utilização da Cide para financiar habilitação de motoristas profissionais



A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) rejeitou nesta terça-feira (5) projeto de lei apresentado com o objetivo permitir a utilização de recursos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para financiar a habilitação de motoristas profissionais entre pessoas de baixa renda. Foram 12 votos contrários e apenas quatro favoráveis ao PLS 593/2011, de autoria do senador Clésio Andrade (PMDB-MG).

Para a maioria, usar os recursos da Cide para financiar a gratuidade da Carteira Nacional de habilitação (CNH) seria desvirtuar seus objetivos. A contribuição incide sobre a importação e comercialização de combustíveis, com arrecadação destinada especialmente para a recuperação de rodovias. Do total arrecadado, 71% vão para o orçamento da União e os outros 29% são distribuídos entre estados e o Distrito Federal.

Como o projeto foi votado em decisão terminativa, deverá ser arquivado, a não ser que seja apresentado recurso para levar a decisão final ao Plenário.

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) foi o primeiro a se manifestar contra o projeto. Segundo ele, a intenção do autor é nobre, mas a Cide não se presta à finalidade sugerida, sobretudo diante da situação em que se encontra a infraestrutura rodoviária do país, com mais da metade da malha em “petição de miséria”.

- Seguramente, em algum dos programas sociais do país haverá espaço para atender a essa necessidade de emissão gratuita da CNH – observou o senador.

Pelo texto, poderiam ser atendidas pessoas que comprovassem perante o órgão de trânsito renda familiar mensal de até R$ 1.635,00. O autor da proposta argumentou, na justificação, que as empresas de transporte rodoviário de cargas estão enfrentando dificuldades para encontrar motoristas habilitados. O fator determinante da escassez de mão de obra seriam os custos para a obtenção da habilitação, que ficam em torno de R$ 1.500,00.

O projeto havia passado antes pelo exame da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), onde foi aprovado parecer favorável. O relator na CAE, senador Zezé Perrella (PDT-MG), também defendeu a aprovação. Seu relatório foi lido na reunião desta terça-feira por Acir Gurgacz (PDT-RO).

Pesca industrial

A CAE rejeitou ainda o projeto de lei da Câmara (PLC 56/2007) que inclui a pesca industrial nas atividades vinculadas ao setor rural, entre outras providências. A comissão seguiu o voto do relator, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), contrário ao projeto. A matéria vai agora ao Plenário para decisão final.

Livros eletrônicos

Foi adiado o exame de outros três projetos em decorrência de pedido de vista coletiva ou pleito dos relatores. Uma das matérias, o PLS 461/2009, do ex-senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), tem por finalidade autorizar o arquivamento em meio eletrônico de livros obrigatórios de escrituração empresarial e fiscal, bem como comprovantes de lançamentos neles efetuados. Armando Monteiro (PTB-PE), que atua como relator, sugere a aprovação.

Outro projeto cuja votação foi adiada é o PLS 86/2004, do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). A proposta determina a isenção do Imposto sobre Importação para instrumentos musicais adquiridos por músicos. O relator da matéria, senador Waldemir Moka (PMDB-MS), recomenda a aprovação, na forma de texto substitutivo.

O último item com exame transferido foi o projeto (PLS 410/2009, apresentado pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), para que nos anos-calendários de 2010, 2011 e 2012 as empresas sejam autorizadas a utilizar o prejuízo fiscal acumulado para abatimento de até metade do lucro apurado no exercício, em vez de se limitar ao percentual de 30% atualmente previsto.

Pelo texto, a mesma margem ampliada deve servir de limite para a compensação da base de cálculo negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Na prática, a medida permite acelerar a compensação dos prejuízos acumulados com maior abatimento sobre os lucros eventualmente obtidos e que teriam de ser recolhidos em cada um dos exercícios considerados. A intenção de Dornelles é proteger, ao menos parcialmente, as empresas brasileiras dos efeitos danosos da crise econômica mundial de 2008.



05/06/2012

Agência Senado


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