Relações entre Reino Unido e Brasil durante ditadura serão estudadas



O pesquisador João Roberto Martins Filho foi o candidato selecionado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para o Programa Cátedra Rio Branco em Relações Internacionais do King's College. O professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) receberá bolsa para desenvolver atividades pelo período de até um ano do seu trabalho: As democracias europeias e a ditadura militar brasileira (1964-1979): o caso do Reino Unido.

A importância do estudo sobre o período ditatorial brasileiro de 1964-1985, segundo João Roberto, tem destaque com a proximidade dos 50 anos do golpe militar. "Pretendo estudar como foram as relações entre o Reino Unido e o Brasil. As hipóteses da teoria das relações internacionais defendem que os interesses econômicos e de Estado são mais importantes que as diferenças de regime político na definição das políticas externas dos países. Minha hipótese é que isso ocorreu nas relações anglo-brasileiras no período 1964-1979", explica.

O professor irá abordar também a relação entre os governos e as reações ao regime militar vindas da Europa. "Outro aspecto importante do tema é que na Inglaterra houve campanhas de denúncia muito influentes sobre aspectos das políticas domésticas brasileiras naquela época, movidas principalmente por organizações como a Anistia Internacional, cuja sede fica em Londres. Quero entender como os governos brasileiro e britânico enfrentaram esse tema. Também pretendo pesquisar como os meios de comunicação britânicos viam o Brasil naquela época", afirma.

O pesquisador, que se dedicou nos últimos 15 anos ao estudo de questões militares, explica que essa experiência será bastante útil para esta nova pesquisa, "Um dos maiores interesse do Reino Unido em suas relações com o Brasil naquela fase era a venda de equipamentos militares", conta. Nessa relação está, para o pesquisador, um enfoque ainda pouco explorado nas pesquisas da diplomacia no país. "É importante lembrar que a história diplomática brasileira centrou-se principalmente nas relações Brasil-EUA e há poucos trabalhos sobre nossas relações com os países europeus", conta.

Honra e desafio
João Roberto Martins Filho enfatiza a importância da iniciativa em dar destaque a produção científica do Brasil no contexto internacional. "A Cátedra Rio Branco é um dos mais importantes prêmios que um pesquisador pode ganhar e um significativo investimento da Capes e do Itamaraty no sentido de aumentar a visibilidade brasileira em instituições que estão entre as melhores universidades do mundo. É misto de atividade de cooperação acadêmica e de representação do Brasil no exterior, onde é hoje grande o interesse por nosso país".

O pesquisador relembra a história por trás do nome da cátedra como um legado importante a ser valorizado. "O próprio nome da cátedra é significativo, pois o Barão do Rio Branco foi um daqueles brasileiros do final do século XIX e começo do século XX, que se destacaram por uma ideia de Nação e de futuro do Brasil pioneira e crucial para o que somos hoje. Eram homens - e falamos aqui de Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Barão de Jaceguai -, que, independente de suas posições políticas específicas, tinham grande amplitude de visão e desempenharam um papel ao mesmo tempo conservador e revolucionário, como disse certa vez Gilberto Freyre", conta.

Para o professor, o programa se mostra como honra e desafio. "Ocupar essa cátedra numa instituição como o King´s College, onde o Instituto Brasil é hoje muito bem administrado pelo professor Anthony Pereira é, ao mesmo tempo, uma honra e um grande desafio. Espero ficar à altura da importância da cátedra", conclui.

Cátedra
O Programa Cátedra Rio Branco em Relações Internacionais do King's College tem como objetivo enviar pesquisadores, intelectuais e formuladores de políticas públicas ao King's College, proporcionando ambiente propício para a análise da função desempenhada pelo Brasil no cenário mundial e das posições adotadas pelo país em temas globais.

Pela Capes, o pesquisador receberá bolsa no valor mensal de £ 3,5 mil; auxílio-instalação; auxílio para aquisição de passagem aérea; e seguro saúde. Pelo King's College London, o candidato selecionado será admitido como membro do King's College London; terá acesso às bibliotecas do King's College London e às instalações do Brazil Institute; receberá valor mensal de £ 1,5 por até três meses letivos para custos com acomodação em Londres; e isenção de taxas escolares.

 

Fonte:

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior



18/11/2013 15:44


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