Relator contesta advogado de Demóstenes: investigação foi legal



Apesar de a defesa alegar que Demóstenes Torres (sem partido-GO) foi investigado ilegalmente pela Polícia Federal, o senador Humberto Costa (PT-PE), relator do processo administrativo contra o senador goiano, no Conselho de Ética, disse, nesta terça-feira (15), que a presença de Demóstenes ao longo das investigações se deve ao que a polícia chama de “encontros fortuitos”, resultados das interceptações telefônicas.

O relator chegou a essa conclusão depois de ouvir por quase três horas, em sessão secreta, os delegados federais responsáveis pelas operações Vegas e Monte Carlo, Raul Alexandre Marques Souza e Matheus Mella Rodrigues. Essas operações investigaram o esquema de jogo ilegal em Goiás e revelaram o envolvimento do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados.

– Esta tentativa da defesa não vai ter sucesso. Não me parece claro que tenha havido intenção da Polícia Federal em investigar especificamente o senador. Pelo contrário, no momento em que fica evidente a participação de alguém com foro privilegiado, a investigação foi encaminhada ao Supremo – afirmou Humberto Costa.

Em relação ao mérito das acusações contra Demóstenes Torres (DEM-GO), o relator preferiu não emitir opinião, porque ainda está construindo um juízo de valor para se manifestar no relatório final. Humberto disse, no entanto, que “pela colocação dos delegados”, ficou clara ação do senador na defesa de interesses de Cachoeira.

– Como relator, não me cabe agora tecer comentário sobre a situação de Demóstenes – resumiu.

Formalidade

Após a reunião com os delegados, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro disse não ter dúvida de que seu cliente foi investigado irregularmente durante 11 meses na operação Vegas e depois na Monte Carlo.

– Durante mais de dois anos houve a investigação ilegal e espúria de um senador da república. Sei que a questão do Conselho de Ética é política. Mas peço uma reflexão aos parlamentares: é possível que um senador enfrente um processo claramente ilegal sem se analisar isso previamente? – indagou.

Mérito

Já o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) entrou no mérito das acusações. Para ele, ficou claro que Demóstenes valeu-se do mandato para intermediar interesses de Cachoeira no Congresso Nacional. Segundo Randolfe, os depoimentos dos delegados foram técnicos, baseados exclusivamente no processo investigatório.

– Todas as falas deles foram feitas olhando o processo, olhando os autos, olhando todo o procedimento investigatório. A defesa, quando vai arguir, é toda na linha da forma, nunca no mérito do que está sendo investigado – afirmou.

Randolfe acrescentou que os delegados informaram que as operações Vegas e Monte Carlo chegaram a registrar 416 ligações entre o senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.



15/05/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


Valter Pereira contesta Simon sobre projeto que trata da inviolabilidade de escritório de advogado

Advogado de Demóstenes diz que provas são espúrias

Demóstenes foi prejulgado por provas ilegais, diz advogado

Demóstenes não estará na reunião da CCJ, informa advogado

Advogado de Demóstenes não descarta recorrer ao Supremo

Advogado de Demóstenes inicia defesa em Plenário