Relatório sobre situação da hemodiálise no Brasil recomenda investigação de cartel



A Subcomissão Temporária de Saúde aprovou nesta quinta-feira (7) relatório do senador Mão Santa (PMDB-PI) que levantou informações sobre a assistência prestada aos pacientes renais crônicos, em especial os que precisam se submeter a sessões de hemodiálise. A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) deve decidir se o relatório será encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com as sugestões para melhorar o funcionamento dos serviços de hemodiálise no Brasil, como propõe Mão Santa.

Na sua conclusão, o senador recomenda que seja encaminhado requerimento ao Ministério Público da União solicitando investigações junto aos gestores federal, estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS) e aos prestadores de serviços sobre a qualidade do atendimento aos pacientes renais crônicos, as denúncias de cartelização do setor de provedores de equipamentos e serviços de hemodiálise e a ocorrência de nove óbitos em clínica de Caruaru, interior de Pernambuco.

O vice-presidente da subcomissão, senador Augusto Botelho (PDT-RR), informou que o relatório deve também ser enviado ao Ministério da Saúde e às secretarias estaduais de Saúde. Ele ressaltou a importância do trabalho, que aponta a defasagem existente entre os valores pagos no Brasil e os verificados em outros países, exatamente quando começa a ser discutido o reajuste da tabela do SUS.

O relatório mostra que enquanto a remuneração de uma sessão de hemodiálise pelo SUS é de US$ 34, a Argentina paga US$ 54,37, o Peru US$ 55, o Uruguai US$ 60, o México US$ 70, os Estados Unidos US$ 123 e a Itália US$ 150.

- Os prestadores de serviços de hemodiálise estão com a corda no pescoço. Se não houver reajuste, a qualidade do serviço vai cair - advertiu Augusto Botelho.

O senador Mão Santa disse que o Brasil investe quase R$ 1 bilhão para atender os cerca de 60 mil pacientes que necessitam de hemodiálise, normalmente três aplicações por semana durando cada uma quatro horas.

- É um tratamento caro e 95% das unidades de hemodiálise são privadas. Para funcionar com qualidade, elas precisam ter equilíbrio econômico-financeiro - explicou o senador.

A subcomissão, lembrou o relator, ouviu doentes, especialistas em nefrologia e prestadores de serviços de hemodiálise. Mão Santa informou que está havendo uma perda gradativa da qualidade desses serviços, prejudicando a assistência aos pacientes, que acabam recebendo menos aplicações do que deveriam e tendo menos técnicos capacitados para acompanhá-los. Ele apontou, ainda, o reaparecimento de óbitos em Caruaru (PE), município onde mais de 60 pacientes faleceram depois de complicações nas sessões de hemodiálise por uso de água inadequada para o tratamento.




07/08/2003

Agência Senado


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