Renan diz que não renuncia



"Aquele que está pensando que, por causa de uma denúncia feita sem nenhum documento, eu vou deixar o Senado, está redondamente enganado. Só quem não conhece minha biografia e minha história pode pensar isso". A afirmação foi feita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, ao chegar na manhã desta quarta-feira (20) ao prédio do Congresso e ser cercado por jornalistas interessados em saber se ele renunciará à Presidência da Casa.

- Não conquistei a Presidência do Senado por acaso. Tenho uma história, tenho uma biografia. A minha vida está aberta, as minhas vísceras foram expostas. Eu falei a verdade, apenas a verdade, e comprovei com fatos - disse Renan.

O presidente do Senado foi indagado sobre sua expectativa a respeito da representação que tramita no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, na qual o PSOL pede que se investigue se houve quebra de decoro parlamentar por parte de Renan

- Minha expectativa é a melhor possível: que a verdade prevaleça. Todas as maledicências que disseram contra mim, eu consegui, contra elas, produzir as provas negativas. Sou um homem de luta. Renúncia é uma palavra que não existe no meu dicionário. Fiz o que precisava ser feito. Agora resta ao conselho decidir - destacou.

Renan disse que produziu todas as provas cabíveis para comprovar a autenticidade dos documentos por ele arrolados em sua defesa, no Conselho de Ética, no sentido de responder às denúncias contidas em matéria da revista Veja e utilizadas pelo PSOL na representação, de que ele pagou pensão alimentícia a uma filha menor mediante favores de um executivo da empreiteira Mendes Júnior. O que ele não pode, conforme explicou, é entrar em detalhes, por exemplo, sobre as empresas compradoras.

- Se quem comprou o gado pagou imposto ou não pagou, o problema não é meu, é de quem comprou o gado. Eu paguei imposto sobre a maior alíquota.

Ao ser informado de que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu que ele vá à reunião do Conselho de Ética, Renan afirmou que, o que for necessário fazer,fará, para a elucidação dos fatos. Mas disse que nenhuma redundância ajuda nesse processo.

- Esse é um precedente nunca visto na história do Brasil, em 180 anos de Senado. Um senador ter que abrir suas vísceras, mostrar seus cheques, para provar que todas as vendas de gado que fez foram pagas com cheque, e ficar inteiramente à disposição para responder a qualquer outra acusação, a qualquer outra crítica, a qualquer outra maledicência.

Em toda a entrevista, concedida ao longo do caminho até seu gabinete, Renan enfatizou que está tranqüilo e que já foi testado em muitas lutas.

- Este é meu estado de espírito. Agora, dizerem "o senador admite deixar o cargo", "há pressão da opinião pública", há nada. Só quem não me conhece diz isso. Eu sou homem de luta, forjado na luta. A palavra renúncia não existe no meu dicionário. Sou presidente do Senado, me elegi pela quase unanimidade dos senadores na primeira vez. Me elegi com 52 votos na segunda vez. Represento a Casa e não vou estar aquém da necessidade, da autoridade da Casa - declarou.

Questionado sobre os apelos feitos em Plenário pelos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Jefferson Péres (PDT-AM) em favor de sua renúncia ao cargo de presidente, Renan disse que não tem sofrido pressão nenhuma nesse sentido.

- Não haverá apelo nenhum porque não há nenhuma acusação contra mim, nada. Tudo o que foi levantado, foi provado contrariamente, absolutamente tudo. Como é que se quebra o decoro parlamentar sem ter uma acusação? Se há uma acusação, há uma acusação. Mas tudo o que foi dito, foi provado contrariamente. Nunca houve aqui no Senado alguém dizer uma coisa e alguém fazer uma prova contrária, porque na hierarquia das provas, a prova contrária é a mais difícil de ser feita. Se alguém tiver alguma prova contra mim, vamos ver aquela prova, mas não há prova. Eu não perdi o direito da dúvida, que é um direito mundialmente assegurado em qualquer democracia. E mais: eu apresentei a prova contrária. Para tudo o que disseram, eu demonstrei diferentemente com documento.

Na mesma entrevista, Renan disse que já foi iniciada, na semana passada, a votação do relatório do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), primeiro relator da representação no Conselho de Ética - função agora entregue ao senador Wellington Salgado (PMDB-MG). Renan disse que a votação foi apenas suspensa e que agora deverá prosseguir. E reafirmou:

-Essa decisão não é minha, é do Conselho de Ética. Respeitarei qualquer decisão do Conselho de Ética - ressaltou.

20/06/2007

Agência Senado


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