Renan diz que não se constrange com obstrução da pauta
Pouco antes de deixar o Senado, na manhã desta quinta-feira (20), o presidente Renan Calheiros declarou que não se sente constrangido com a obstrução que as bancadas de oposição fazem em relação às votações do Plenário. Ele disse que a oposição já fez obstrução outras vezes e, mesmo assim, nunca o Senado votou tanto quanto nos últimos dois anos. "Você não pode tirar da oposição o direito de obstruir", argumentou Renan para, em seguida, ouvir um repórter indagar se isso não é constrangedor.
- De forma nenhuma. O Senado deliberou por 46 votos que eu deveria ficar, permanecer. A decisão do Senado foi uma decisão coletiva. Quem pediu que eu ficasse foi o Senado, com 46 votos. Não foi uma decisão minha, pessoal, individual, foi coletiva - ressaltou.
Na mesma entrevista, Renan disse que tem uma relação pessoal muito boa com todos os senadores e que as dificuldades hoje enfrentadas em razão da obstrução conduzida pela oposição logo terão um fim.
- Isso é uma questão política que tende a se esvaziar, porque não há prova. Se houvesse alguma prova contra mim, se eu tivesse cometido algum deslize, não precisava haver processo, não precisava haver nada. Eu sairia, arrumaria minhas gavetas e sairia. Mas não há nada. Eu sou inocente e a força da inocência vale tudo - disse.
O senador também explicou que a inexistência de quórum para deliberar em Plenário não é uma questão exclusiva da Presidência da Casa, visto que não lhe cabe colocar parlamentares em Plenário. Ele disse que essa é uma tarefa dos líderes e presidentes de partidos. "O presidente da Casa é chamado quando há quórum, quando há deliberação a tomar. Hoje mesmo promulgamos duas emendas constitucionais numa sessão do Congresso".
Nessa mesma entrevista, concedida pouco antes de entrar em seu carro, em frente ao prédio do Congresso, Renan disse que o Brasil tem pressa em retomar a normalidade, até para que sejam votadas matérias que garantam o avanço econômico do país.
- O Brasil quer trabalhar, cresceu 5,4% no segundo trimestre de 2007, essa é a vocação do nosso país. O Congresso tem que ajudar. Fizeram uma pesquisa agora sobre o Senado norte-americano e só 11% da população apóia aquele Senado. Com certeza nosso Senado tem uma avaliação melhor porque o nosso Senado tem sido responsável por muito do que tem acontecido no Brasil, sobretudo o crescimento da economia.
CPMF
Apesar de não querer falar sobre a CPMF, em razão de o assunto ainda estar sujeito à decisão da Câmara, Renan respondeu a uma pergunta sobre a possibilidade de o governo estar utilizando-se de barganha com parlamentares para aprovar a prorrogação dessa contribuição financeira. "O senhor acredita que existe barganha por parte do governo para garantir a CPMF?", perguntaram. Resposta de Renan:
- Eu, sinceramente, não entendo dessa matéria. Nunca fiz barganha, jamais farei barganha, já demonstrei isso. O governo é que tem que conversar com os partidos, com as lideranças, com os presidentes, mostrar o que a CPMF significa para o Brasil, que a sua derrubada significa instabilidade, perda de empregos, de carteira assinada, o fim do Bolsa-família. São essas coisas que tem que se discutir - ressaltou.
O presidente do Senado respondeu ainda a uma pergunta sobre o fim do voto secreto no Legislativo, que acaba de ser aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa. Disse que essa matéria será decidida em Plenário, como toda proposta de emenda à Constituição.
-Eu estou disposto a colocar em votação. Mas isso tem um calendário a seguir. Emenda constitucional precisa de três quintos das duas Casas. O presidente do Senado tem que seguir a Constituição e o Regimento.
- Tem diferença ser sessão aberta ou fechada? - indagaram-lhe ainda.
- Isso não é decisão minha. Eu sou presidente, tem um colegiado. A vitória [referia-se ao julgamento, por voto secreto, em que foi inocentado] não foi minha; já disse e repito. Eu é que perdi porque fiquei exposto durante cento e dez dias. Quem mais perdeu nesse processo foi eu. Eu é que perdi - afirmou Renan Calheiros.
20/09/2007
Agência Senado
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