Renan e Aldo recebem representantes de grupos contrários ao Estatuto da Igualdade Racial
O presidente do Senado, Renan Calheiros, e o da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, receberam na tarde desta quinta-feira (29) um manifesto assinado por representantes de grupos contrários à criação de cotas raciais em universidades públicas e à aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). Eles alegam que tanto o estatuto como as cotas, sob o pretexto de combater e reparar a discriminação racial, podem promovê-la.
Para José Carlos Miranda, do Movimento Negro Socialista, tais projetos contrariam a igualdade jurídica de todos os cidadãos. Ele sustentou que a melhor forma de corrigir as injustiças históricas sofridas pelos negros é garantir acesso a serviços públicos de qualidade a todos os cidadãos, sejam negros ou não.
- Está na moda trabalhar com a questão da diferenças das minorias. O importante é a igualdade das pessoas. Em todos os lugares onde diferenças de cor da pele, religião e de sexo foram colocadas para o Estado administrar resultaram em experiências desastrosas -afirmou.
A professora de antropologia Ivone Maggie, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirmou que, para combater o racismo, é necessário eliminar o conceito de raça e encontrar outras formas de inclusão, como o aumento do número de vagas nas universidades públicas.
Informado sobre a entrega do manifesto, o senador Paulo Paim (PT-RS) questionou a representatividade dos grupos que o produziram e lembrou que o Estatuto da Igualdade Racial foi aprovado por unanimidade no Senado depois de mais de dez anos de discussão. Argumentou ainda que é uma distorção haver menos de 5% de negros nos cargos públicos, nas empresas e nas universidades. A criação de cotas para negros no serviço público é uma das medidas do estatuto.
- Eles querem que tudo fique como está: aos negros, a favela; aos não-negros, a elite - afirmou Paim, referindo-se aos apoiadores do manifesto.
Renan Calheiros declarou-se favorável à implantação de políticas de reparação de preconceitos, mas disse que serão necessárias mais discussões sobre os projetos, para evitar que eles provoquem novas divisões na sociedade. Aldo Rebelo disse que é preciso compreender melhor como se dá a prática de racismo no Brasil para que políticas de combate adaptadas à realidade nacional possa ser implantadas.29/06/2006
Agência Senado
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