Renan vai à tribuna para se defender de acusações e exibe reportagem contra Editora Abril



O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apresentou, da tribuna do Plenário, denúncia relatando que a Editora Abril - proprietária da revista Veja, que vem apresentando sucessivas denúncias contra ele - vendeu 30% de suas ações para empresas que existem apenas no papel, sem funcionários e com endereços fictícios. O presidente do Senado utilizou-se de um computador, previamente instalado no Plenário, para reproduzir para os senadores reportagem da TV Bandeirantes que traz a denúncia. Renan novamente declarou-se inocente de todas as acusações feitas contra ele.

- Só listei dez das mentiras que foram, uma a uma, demolidas com documentos. Repito, documentos. O que restou de tantas acusações? Viraram pó - afirmou Renan.

Renan também opinou contrariamente ao voto aberto, no processo que enfrenta no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar:

- A Constituição consagra de maneira cristalina a modalidade do voto. Um direito constitucional está sendo esmagado em nome da continuidade do linchamento - afirmou o parlamentar, para quem o voto aberto "é um grave precedente, um erro jurídico e um açodado atropelo perpetrado pela conveniência política de alguns poucos".

Renan lembrou ter denunciado, em agosto, "o pantanoso negócio da Editora Abril, que publica a revista Veja, que já ficou conhecida como Vileja, pela vileza de seu jornalismo desonesto, persecutório, panfletário e torpe". Mas a transferência do controle societário da TVA e outras duas operadoras para um grupo estrangeiro não foi a primeira vez, segundo ele, que a Editora Abril tentou fraudar a lei brasileira. Afirmou que a revista "precisa urgentemente publicar a venda das ações da Editora Abril para a empresa sul-africana Nasper, conglomerado de comunicação racista que sustentou o apartheid na África do Sul".

Citando a reportagem posteriormente reproduzida em Plenário, Renan relatou que a Nasper tem no Brasil, "apenas no papel", uma empresa chamada MIH Brasil Participações, que funciona na Holanda. O presidente do Senado antecipou o que depois traria a reportagem, informando que o endereço da empresa é fictício e seu registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) pertence à empresa Curandéia Participações Ltda., a qual, segundo ele, "também não tem sede, não tem funcionários" e apresentou endereços falsos.

- Foi este laranjal de empresas inexistentes, com CNPJ duplicados, com endereços fictícios, sem sede, sem funcionários, que adquiriu 30% da Editora Abril. Um negócio que movimentou em torno de R$ 900 milhões - afirmou o parlamentar, acrescentando que o capital social da Curandéia é de R$ 878 mil, ou 430 vezes menos que o gasto na "compra sorrateira de 30% da patriótica Editora Abril".

Renan ainda ressaltou que não foram apresentadas provas contra ele:

- Nenhuma prova, nenhuma franja sequer de prova, de indícios que seja. Imploro aos meus detratores que mostrem, ao menos, um prova, a ínfima prova que disponham - pediu Renan, que negou aparte ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), com o argumento que tinha terminado seu pronunciamento.



04/09/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


Defesa diz que Renan foi vítima de campanha da Editora Abril e de vingança de João Lyra

Senadores do Amazonas se revezam na tribuna para defender a floresta

Em sua defesa, Renan analisou detalhadamente acusações contra ele

Documentos e depoimentos sustentam acusações contra Renan, afirma Mercadante

Wellington vai pedir audiência pública para esclarecer denúncias contra a Abril feitas por Renan

Tribuna Popular/Deputados votam contra a criação da Tribuna Popular na Assembléia