Reportagens mostram ação conjunta de regimes militares sul-americanos
O programa Repórter Brasil, da TV Brasil, irá retratar a Operação Condor, ação conjunta entre o Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina, Bolívia e Chile com o objetivo de reprimir grupos de esquerda
A partir desta segunda-feira (15), o Repórter Brasil, telejornal da TV Brasil que vai ao ar às 21h, vai exibir a série Operação Condor, com reportagens que confirmam a existência do esquema de atuação conjunta dos regimes militares de Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina, Bolívia e Chile, para reprimir militantes revolucionários.
As quatro reportagens que compõem a série foram produzidas a partir do levantamento de documentos no Arquivo Nacional de Brasília e também dos que estão em posse de pesquisadores.
Esses documentos explicam o funcionamento da operação, registram a troca de informações e evidenciam as ações conjuntas das polícias desses países.
A série também vai apresentar documentos, depoimentos e informações que recolocam suspeitas sobre a morte do ex-presidente João Goulart. A equipe de reportagem foi até a Argentina para apurar os casos de trocas de presos e, em especial, o processo aberto na Justiça daquele país para investigar a morte de João Goulart. Um dos entrevistados narra a operação para envenenar Jango, o que motiva uma investigação pela justiça argentina.
A série de reportagens também conta histórias de militantes brasileiros e de outros países do Cone Sul que desapareceram em ações da Operação Condor e o drama das famílias, que até hoje buscam a informação oficial sobre o que aconteceu.
Entre os casos está o da uruguaia Lilian Celiberti, que foi presa pelas polícias brasileira e uruguaia no Rio Grande do Sul e escapou de ser levada ao Uruguai e morta pela intervenção de dois jornalistas que denunciaram o caso.
Operação Condor
A Operação Condor foi a união de seis países em regime de ditadura militar oficialmente criada em uma reunião no Chile, em 1975 com o objetivo de reprimir grupos de esquerda que contestavam as ditaduras do Cone Sul.
Foi por meio dessa ação conjunta que os serviços de inteligência trocaram informações sobre militantes políticos que moravam em outros países, fora da nação de origem. Em um primeiro momento, houve apenas troca de informações. Depois, foram operações conjuntas de prisão, tortura e troca de prisioneiros.
“Ela [a Operação Condor] significa um amadurecimento de intercâmbio repressivo, de intercâmbio de inteligência. E ocorre em um contexto em que toda a região está praticamente marcada pela imposição das ditaduras de segurança nacional, o que potencializa justamente esse intercâmbio”, explica o historiador e coordenador do curso de história da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Enrique Padrós.
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Fonte:
Agência Brasil
Empresa Brasileira de Comunicação
15/10/2012 19:03
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