Brasil sugere a FMI ação conjunta pelo dólar



O Brasil vai sugerir que as maiores economias do mundo tomem ações coordenadas para conter a desvalorização do dólar e evitar uma guerra monetária e comercial. A proposta será apresentada na próxima sexta-feira (8), em Washington (EUA), pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI). 

Na avaliação do ministro, medidas de intervenção no câmbio, como a taxação de capital estrangeiro anunciada pelo Brasil nesta quarta-feira (6), estão sendo adotadas em todo o mundo, porque os países precisam aumentar as exportações. "Vou levantar essa discussão. É preferível que os países tomem medidas coordenadas em vez de agir isoladamente", afirmou. 

Muitos bancos centrais de países como Japão, Coreia do Sul e Suíça estão tomando medidas para desvaloriza suas moedas. Ao mesmo tempo, o dólar também sofre forte desvalorização mundial e os investidores estão migrando para ativos considerados mais seguros, como o ouro, que atingiu patamares históricos nas últimas semanas. O governo do Japão anunciou a compra de 5 bilhões de ienes em ativos e a manutenção das suas taxas de juro perto do zero. 

O objetivo destas medidas, tomadas pelas grandes zonas monetárias mundial, visam manter suas moedas no menor patamar possível, para favorecer as exportações e, consequentemente, preservar os empregos nas indústrias nacionais destes países. 

Nesta quarta-feira, o próprio presidente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, alertou para os perigos de uma guerra cambial em nível global, se os governos continuarem a utilizar as taxas de câmbio para a resolução “dos seus próprios problemas”. 

O dirigente afirmou, ao jornal britânico The Guardian, que começa a circular a ideia de que as moedas podem ser utilizadas como arma política e que “posta em prática, esta ideia poderia representar uma séria ameaça à recuperação econômica [mundial]. Uma abordagem deste tipo poderá ter resultados negativos e altamente danosos a longo-prazo”.

 

Alerta brasileiro

O ministro Guido Mantega também alertou nesta semana que, caso as intervenções no câmbio tornem-se generalizadas, o mundo poderá enfrentar uma guerra comercial, com países desvalorizando cada vez mais a moeda para impulsionar as exportações. "O mundo tende não só para a guerra cambial, mas comercial. Queremos um sistema de livre comércio e o melhor é encontrar uma solução conjunta", ressaltou. 

A guerra das moedas internacionais permeou a 13.ª Cúpula UE-China, que começou nesta quarta-feira, em Bruxelas (Bélgica), sede da União Européia. O objetivo principal do encontro é discutir a parceria comercial entre os dois blocos, criada em 2003. Participam do encontro os presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, bem como o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. 

De acordo com dados de Bruxelas, desde que foram estabelecidas, há 30 anos, as relações comerciais entre a UE e a China passaram dos quatro mil milhões de euros, em 1978, para os 296 mil milhões, no ano passado. A China é o segundo maior parceiro econômico da EU, depois dos Estados Unidos. 

Mas, ainda segundo o Guardian, representantes da União Européia têm manifestado desagrado em relação à política monetária chinesa. Jean-Claude Juncker, presidente do grupo de ministros das finanças dos países da Zona Euro, teria declarado que “a moeda chinesa está largamente abaixo do valor normal”. Apesar das pressões, a China tem se recusado a China em valorizar o seu yuan de forma sustentada.

 

Coréia do Sul 

O Brasil também vai aproveitar o próximo encontro do G20, que ocorrerá na Coreia do Sul no próximo mês, para sugerir que os governos dos Estados Unidos e dos países europeus voltem a gastar mais para estimular os mercados internos. O G20 reúne as 20 maiores economias do mundo. 

Num cenário em que os juros dos países desenvolvidos, já em nível baixo, estão sendo ainda mais reduzidos, Guido Mantega afirma que os estímulos fiscais, quando os governos gastam para impulsionar a economia, são mais eficazes que os estímulos monetários, quando os bancos centrais aumentam a quantidade de dinheiro em circulação. 

Para o ministro, por estarem com a demanda fraca, os países desenvolvidos querem vender mais para países com a economia em expansão, como o Brasil, o que prejudica a balança comercial brasileira. Mantega afirma que  o mundo cresceria de forma mais equilibrada se as nações avançadas estimulassem a economia interna. 

"Mesmo os países europeus precisam estimular o mercado interno porque, se as economias locais voltarem a crescer, eles precisarão exportar menos. Vai haver menos sobra de mercadorias e o mundo crescerá de forma mais harmônica", disse Mantega. 

 

Fonte:
Agência Brasil
Portal Brasil

 

06/10/2010 20:53


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