Representantes da sociedade e do governo criticam projeto que institui o PAS



Os quatro convidados, representantes da sociedade civil e do governo, que participaram da audiência pública realizada nesta quarta-feira (dia 30) pela Comissão de Educação, fizeram críticas ao projeto do ex-senador José Roberto Arruda que institui o Programa de Avaliação Seriada Anual para o acesso às instituições de Ensino Superior Públicas (PAS). O senador José Fogaça (PMDB-RS), que pretendia relatar a matéria favoravelmente, disse que modificará seu parecer sobre o projeto.

Mesmo antes da audiência, Fogaça já havia questionado alguns aspectos do projeto, como o fez durante reunião anterior da CE. Ele observava, por exemplo, que nem todos os alunos poderiam utilizar essa nova prática de acesso ao curso superior, a menos que morassem em uma região onde houvesse uma universidade que o tivesse adotado.

- Isso é discriminação com a maioria dos nossos estudantes - disse Fogaça, acrescentando que pretendia aperfeiçoar a matéria por meio de emenda.

A representante do Ministério de Educação, professora Maria Helena Guimarães de Castro, secretária de Educação Superior, afirmou que tanto o projeto relatado por Fogaça quanto o que inclui a disciplina de Informática nos currículos de 1º e 2º graus, que também era objeto da audiência pública, não eram necessários.

- Concordo com o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), professor Carlos Augusto Abicalil, quando ele afirma que essas questões não deveriam ser objeto de projeto de lei, pois a Constituição e a Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) são claras quanto à autonomia das instituições de ensino superior quanto a sua forma de acesso - afirmou.

A representante do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), professora Marília Washington, também concordou com a irrelevância das duas propostas. Ela apontou o caráter paradoxal do PAS, na medida que ele teria a função de ampliar as possibilidades de acesso às universidades públicas.

- De acordo com os últimos dados oficiais, em 1998 o número de vagas das instituições superiores era de 90.788, enquanto o número de candidatos inscritos no exame vestibular foi de 887.281, portanto, há um déficit de 776.493 vagas - afirmou.

Sendo assim, Marília Washington concluiu que o problema não se refere à forma de seleção para acesso à universidade, mas à ausência de vagas. No entanto, advertiu, o presidente da República, cedendo às pressões da equipe econômica cortou recursos do Plano Nacional de Educação (PNE), restringiu a verba do Fundo de Manutenção do Ensino Superior e do Crédito Educativo, entre outras medidas restritivas aos recursos para a educação.

- Ou seja, as possibilidade de expansão futura das vagas para o ensino superior foram vetadas - protestou ela, com o que concordou Clariza de Souza, especialista em avaliação de sistemas educacionais da Fundação Carlos Chagas .

Também participaram dos debates os senadores Nilo Campos (PSDB-RJ), Eduardo Suplicy (PT-SP), Emilia Fernandes (PT-RS) e o senador Geraldo Cândido (PT-RJ), que foi o autor do requerimento para a realização da audiência pública.

30/05/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Representantes do governo e do setor privado criticam projeto que garante direitos aos passageiros de ônibus

Deputados criticam "discurso incoerente" dos representantes do governo

Projeto determina percentual de representantes da sociedade civil na gestão de universidades públicas

Representantes das farmácias criticam proposta da Anvisa para regulamentação do setor

Representantes de movimentos sociais criticam presença militar brasileira no Haiti

Cristovam e Paulo Bauer criticam ausência de representantes dos ministérios da Educação e da Fazenda em debate