Representantes do setor teatral defendem criação de agência nacional



Em audiência pública na Subcomissão de Cinema, Teatro, Música e Comunicação Social, ligada à Comissão de Educação (CE), o produtor teatral e especialista em legislação cultural Paulo Pélico citou as leis de incentivo à cultura criadas no país - a Lei Sarney, em 1989, e a Lei Rouanet - e defendeu uma lei específica para o teatro, pois, segundo avaliou, a Lei Rouanet trata de maneira igual atividades bem desiguais, como cinema, teatro, museologia, artes plásticas e outras.

VEJA MAIS

- Queremos uma agência nacional para tratar especificamente do teatro - disse.

O especialista registrou que, em 2005, o governo gastou R$ 50 bilhões em benefícios tributários. A cultura teve, apenas, 2% desse total. A Zona Franca de Manaus, a Embraer, o setor têxtil, o de informática, o papel-jornal estão entre os maiores clientes, observou, mas é a cultura que leva a fama de se beneficiar de incentivos fiscais.

Paulo Pélico destacou que o Brasil é bombardeado, diariamente, pelo que há de pior na indústria da cultura norte-americana, que, assinalou, é altamente subsidiada, pois representa a segunda receita de exportação dos Estados Unidos, sendo, portanto, tratada como atividade essencial.

Já a atriz Beatriz Segall afirmou que ninguém fica rico fazendo teatro, o que justificaria a falta de interesse pelo tema, mas garantiu que o teatro é a base de todas as técnicas audiovisuais e até mesmo do circo.

Beatriz Segall defendeu, a exemplo de Paulo Pélico, a criação de uma Agência Nacional do Teatro, como representação federal para compreender o setor e fazer o povo entender o papel fundamental do teatro para a formação cultural da população.

- A cultura é geradora de estímulos para o bem-estar da população - disse a atriz, lembrando que a Agência Nacional do Cinema (Ancine) teve a discussão de sua criação iniciada justamente na Comissão de Educação do Senado.

Para Marley Bisol Danckwardt, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio Grande do Sul, os movimentos populares e os produtores culturais trabalham para a construção da cidadania e da identidade cultural, por isso precisam ter acesso a créditos e subsídios.

-Nossa reivindicação é por uma lei que estabeleça parâmetros fixos, uma lei de Estado, e não de governo - destacou.

Marley defendeu a necessidade da criação de uma Política Nacional do Teatro, com verbas orçamentárias para programas pró-teatro, que poderiam ter como fontes uma. taxa sobre as bilheterias teatrais e crédito governamental especial para recuperação de teatros e espaços cênicos e para a construção de um teatro nacional em cada capital do país.

Outro debatedor na audiência pública, o ator, produtor e diretor teatral Odilon Wagner considerou ser indispensável enxergar a atividade teatral como indústria geradora de empregos e de relevância para os setores da educação e do turismo.

- Fazemos parte da indústria do entretenimento, que é a de maior crescimento neste momento no mundo, pois produz bilhões e bilhões de dólares no mundo inteiro, além de geração de empregos - reforçou.

Odilon Wagner disse, ainda, que há 120 peças teatrais em cartaz somente na cidade de São Paulo, neste momento. Cada uma, informou, gera no mínimo 50 empregos diretos, além de empregos indiretos - arquitetos que produzem cenários, figurinistas, costureiras, motoristas, artesãos, "um mundo de gente", afirmou o produtor teatral.



11/07/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


Representantes do setor aeronáutico defendem Decea e pedem investimento em aeroportos

Representantes dos índios defendem criação da Secretaria de Saúde Indígena

Países defendem criação de agência ambiental das Nações Unidas, afirma diretor do Pnuma

Delcídio sugere criação de agência para o setor minerador

Criação de agência de assistência técnica ao setor rural é aprovada pela CCJ

Associações defendem criação de Dia Nacional das Doenças Raras