REQUIÃO AFIRMA SER IRRESPONSÁVEL A GESTÃO DA COISA PÚBLICA NO BRASIL



Ao fazer uma análise crítica da administração pública federal, estadual e municipal, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse hoje (dia 4) que os meses dedicados à CPI dos Precatórios ensinaram-lhe mais sobre o Brasil que os dois anos e meio em que está no Senado.

- Não digo das falcatruas, das fábricas de safadezas montadas nas administrações estaduais e municipais, dos porões do sistema financeiro ou do caráter dos homens. Digo da gestão governamental, da ilimitada irresponsabilidade com que a coisa pública é gerenciada - acrescentou.

Para Roberto Requião, no Brasil atual, "governar é a arte de postergar, deixando para amanhã o que deveria ter sido feito ontem". Numa referência bélica, ele disse que a administração pública está minada por dispositivos letais, espalhados criminosamente e programados para explodir. No seu entender, é contra o futuro que se administra hoje o país, "porque a palavra de ordem é safar-se hoje que o amanhã a Deus pertence".

Conforme o senador, os títulos emitidos e comercializados irregularmente para pagar precatórios consistem apenas numa parte diminuta dessa bomba. Ele mencionou como igualmente perigosas as antecipações de receitas orçamentárias, os precatórios legítimos e não pagos, as debêntures e outros papéis públicos. E definiu-os como "toneladas de falsas espertezas, de jeitinhos, de malandragens, com dia e hora marcada para a grande explosão do futuro".

Roberto Requião criticou sobretudo os governadores e prefeitos que cedem isenções e privilégios para instalar montadoras estrangeiras de automóveis em seus estados e municípios. Na opinião do senador, esses administradores estão tão "imbecilizados" que não percebem estar copiando o ridicularizado comportamento dos prefeitos que se orgulhavam de inaugurar fontes luminosas e coretos no passado.

Ele condenou também a "conivência" do governo federal com esses desmandos, dizendo que o exemplo vem do próprio poder central. "O presidente é o supremo mestre das bombas, o senhor da pólvora, o armador das espoletas, o exterminador do futuro", disse. Em sua opinião, do futuro o presidente da República só espera a reeleição.



04/08/1997

Agência Senado


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