REQUIÃO APONTA NEPOTISMO NO CASO MARKA/FONTECINDAM



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) apontou nesta terça-feira (dia 13) como "nepotismo do Banco Central e do governo Fernando Henrique" a decisão dessa instituição financeira de ajudar os bancos Marka e FonteCindam, vendendo-lhes dólares a preços abaixo dos cobrados no mercado pelo próprio BC. Para o senador, uma operação que expõe 20 vezes o patrimônio líquido do banco Marka deveria, no mínimo, chamar a atenção da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F;) e do BC.- O nepotismo, às vezes, não se resume à contratação de parentes, mas toma essas características ciclópicas quando o governo ideologicamente ou corruptamente (que se averigúe na CPI) passa a privilegiar e a defender banqueiros, dando a eles um extraordinário seguro que os coloca imunes a perdas, por mais terríveis que sejam as manobras que façam com dinheiro público, desde que as façam em conluio com o Banco Central - afirmou o senador.Requião questionou a falta de convalidação da decisão do BC pelo Conselho Monetário Nacional e a falta de explicação detalhada à sociedade sobre o que é "o tal risco sistêmico", para que todos possam entender porque foi dado auxílio àqueles bancos. Dentre as funções do BC, o senador questionou a de cuidar para que todas as instituições financeiras operem em condições de risco aceitáveis. "Como então os bancos privilegiados chegaram à situação de risco inaceitável?", perguntou o senador.Ele denunciou que o Banco Marka operava por intermédio de uma corretora de propriedade do vice-presidente da BM&F.; "Do ponto de vista filosófico, o favorecimento indica falta de crença no mercado. Do ponto de vista ético, a discriminação entre os donos de bancos e cotistas é inadmissível, porque aqueles foram privilegiados e estes, prejudicados. Muito menos admissível é a sociedade pagar o custo da pilantragem do BC e dos erros dos banqueiros". Roberto Requião indagou se a intervenção utilizada foi a mais apropriada, visto que os custos foram absorvidos diretamente pelo governo brasileiro, quando poderiam ser absorvidos pelos integrantes do sistema. Ele lembrou que os mecanismos privados são mais eficientes para cobrar dívidas e menos sujeitos a influência política. "De qualquer forma, não se pode aceitar a não interdição dos bens dos donos dos bancos e a circunstância de que um deles, menos de um mês depois, já instale no mercado brasileiro uma nova empresa - uma imobiliária", disse.

13/04/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


CPI VOLTA A INVESTIGAR CASO MARKA-FONTECINDAM

CPI VOLTA A INVESTIGAR CASO MARKA-FONTECINDAM

Malan explicará caso Marka e FonteCindam em reunião conjunta da CAE e da CFC

Malan explicará caso Marka e FonteCindam em reunião conjunta da CAE e da CFC

RELATOR APONTA PECULATO E TRÁFICO DE INFLUÊNCIA NO CASO MARKA E FONTECINDAN

DIRETORES DO MARKA E FONTECINDAM ESTÃO COM BENS BLOQUEADOS