REQUIÃO CONDENA PRESSÃO DO GOVERNO PARA QUE ESTADOS ROLEM TÍTULOS FRIOS
O senador Roberto Requião acusou nesta sexta-feira (dia 3) o Governo federal de haver pressionado o estado de Santa Catarina "a fazer a rolagem de títulos frios, fraudados como ficou demonstrado na CPI dos Precatórios, como já aconteceu com Pernambuco". Ele ressaltou que o governador de Santa Catarina, Esperidião Amin, recusou-se a fazer a rolagem.Requião baseou sua denúncia em ofício dirigido ao governador Espiridião Amin pelo procurador-geral do estado, Walter Zigelli, em que este relata reunião com o procurador-geral adjunto da Fazenda Nacional, Carlos Eduardo, para tratar do refinanciamento das Letras Financeiras do Tesouro de Santa Catarina e da baixa dos títulos não negociados. Zigelli afirma ter sido informado que "a posição da União é pelo refinanciamento, ainda que o prazo dessa lei tenha se esgotado em 31 de dezembro de 99".Para Requião, esse comportamento do Governo federal agride o Senado, ao desconsiderar as conclusões do relatório da CPI dos precatórios e só favorece aos banqueiros. Ele entende que o documento "expõe as entranhas" do esquema denunciado pela CPI e que ficou conhecido como "o escândalo dos precatórios". - O mais inusitado é que, ao pressionar os governos estaduais para executarem esses títulos, Fernando Henrique só contribui para aumentar a rapinagem dos bancos com prejuízo para a economia popular - afirmou o senador.Requião parabenizou o governador Esperidião Amin que acatou as conclusões do procurador-geral do estado. Walter Zigelli afirma, no documento, que "a operação de refinanciamento apresenta-se hoje juridicamente inviável e eticamente reprovável", ao que o governador acrescentou o seu "de acordo"."Há uma luz no fundo do túnel", comemorou Requião ao reconhecer que Amin está dando mostras de que pretende cumprir compromisso de campanha, quando afirmou que queimaria os títulos frios, que agora o governo quer obrigá-lo a rolar.No entanto, ele criticou o governador de Pernambuco por ter cedido às pressões federais e negociado títulos que "não existem". Assim como acusou o o próprio Senado "por seu silêncio leniente e obsequioso", no que se refere à rolagem dos títulos frios.
03/03/2000
Agência Senado
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