Requião: 'Fora da unidade latino-americana não há salvação'



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) voltou a defender, em Plenário, um plano de desenvolvimento para o Brasil. Em pronunciamento nesta terça-feira (5), enfatizou, porém, que este plano deve estar ligado a um plano de desenvolvimento latino-americano.

- Nesses últimos dois anos como presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, estou absolutamente convicto de que fora da unidade latino-americana não há salvação – afirmou o parlamentar.

Para justificar sua opinião, o representante paranaense apresentou dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior sobre a exportação de produtos brasileiros para diversas regiões do planeta e o preço de venda da tonelada exportada, entre janeiro e novembro do ano passado. Assim, para a América Latina e o Caribe, o Brasil exportou US$ 46,4 bilhões, a um valor médio de US$ 1,37 mil por tonelada.

Para os Estados Unidos, as exportações somaram US$ 45,8 bilhões, mas a um preço médio de US$ 987 por tonelada exportada. Para a União Europeia, o total de exportações chegou a US$ 45,2 bilhões, mas o valor da tonelada caiu para US$ 506. E, para a China, exportações de US$ 40,2 bilhões, mas a apenas US$ 211 por tonelada.

- O maior valor por tonelada nas exportações brasileiras foi para países do bloco andino: US$ 1.718. Alguma dúvida de quem sejam nossos parceiros ideais? – perguntou Roberto Requião.

Para Roberto Requião, “fora da unidade latino americana não haverá redenção da dependência, do atraso e do subdesenvolvimento”.

O senador iniciou seu pronunciamento lamentando a assinatura do Tratado de Methuen, assinado há 310 anos, que obrigou Portugal e suas colônias, Brasil inclusive, a comprarem exclusivamente tecidos da Inglaterra, que, por sua vez, se comprometia a se abastecer com vinhos portugueses. A grande diferença da balança comercial gerada por este Tratado a favor da Inglaterra, afirmou Roberto Requião, foi paga com o ouro brasileiro.

O senador afirmou que, quando a Inglaterra quis impor tratado semelhante a sua própria colônia, o resultado foi a independência dos Estados Unidos e a criação, naquele país, do Tratado da Manufatura, pilar do desenvolvimento americano, com a estatização do crédito e o direcionamento da produção, a fixação de tarifas protecionistas e a criação de subsídios à agricultura, criando um programa de desenvolvimento tecnológico.

- Se o Tratado de Methuen não durou para sempre, vigorou o tempo suficiente para comprometer o nosso futuro. Estão aí fincadas até hoje as raízes de nossa desventura. Nossa e de Portugal – afirmou Requião, para quem “foi neste toco que amarramos o cavalo do atraso”.



05/02/2013

Agência Senado


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