Requião: ‘Golpe no Paraguai pode acabar saindo pela culatra’



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) fez uma análise em Plenário, nesta quarta-feira (27), do impeachment sofrido pelo presidente do Paraguai, Fernando Lugo.

Na avaliação do senador, as repercussões da decisão do Congresso Nacional paraguaio podem acabar sendo prejudiciais aos interesses daquele país, sobretudo, na hipótese de entrada da Venezuela no Mercosul.

Conforme explicou Requião, a Venezuela somente não passou a ser membro do bloco devido a posição contrária do Paraguai, visto que os parlamentos do Brasil, Argentina e Uruguai já haviam aprovado a sua entrada.

— Nós estamos vendo que este golpe no Paraguai, feito pelos interesses da indústria do alumínio e da negociação mundial de sementes transgênicas das empresas multinacionais, pode ter saído pela culatra — disse.

De acordo com Requião, a posição contrária do Paraguai à entrada da Venezuela no Mercosul se deve a “interesses brutais” daquele país em ter acesso ao mercado venezuelano, o qual seria restringido por sua participação no bloco econômico.

Para ele, uma das principais razões que levaram as forças políticas conservadoras a destituírem Fernando Lugo, foi seu alinhamento a grupos interessados em utilizar, mediante a obtenção de subsídios estatais, a parte de 50% cabível ao Paraguai da energia elétrica produzida em Itaipu para a produção de alumínio.

Requião considerou que a entrada da Venezuela no Mercosul será altamente vantajosa para o desenvolvimento da região, visto que o Produto Interno Bruto do país — que atingiu mais de  US$ 350 bilhões em 2011 — é mais de dez vezes o do Paraguai.

Em seu pronunciamento, o parlamentar criticou o que chamou de “primarização” das economias dos países do Mercosul, que seria a produção da riqueza nessa região baseada predominante em produtos primários como soja, petróleo, minérios, carne e açúcar.

— A “primarização” de nossas economias é a regressão a épocas longevas que nós já devíamos ter superado — alertou.



27/06/2012

Agência Senado


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