REQUIÃO LEMBRA SEU DISCURSO "PREMONITÓRIO" DE OUTUBRO PASSADO



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) lembrou nesta sexta-feira (29), em plenário, seu discurso "premonitório" do dia 28 de outubro último, em que afirmava que a situação do Brasil era muito mais grave do que o governo admitia então. E fez um apelo: "Presidente Fernando Henrique Cardoso, diga toda a verdade e inste seus ministros a descerem de seus pedestais. Estamos numa entaladela, da qual não sairemos com fórmulas enlatadas do FMI".Para Requião, o governo parece ter perdido o controle da situação em sua política de submissão ao FMI. "Muitos, entre eles Henry Kissinger (ex-secretário de Estado norte-americano), afirmam que o FMI já acabou", disse ele, referindo-se à política desse fundo na Ásia. "O Congresso embarcou num ajuste fiscal pífio, um nada. Que representam esses cortes do orçamento, quando os juros no mercado futuro já apontam para 59%?", questionou o parlamentar.O senador pelo Paraná lembrou o silêncio que se seguiu ao seu discurso de outubro, onde fez extensa análise da conjuntura nacional, garantindo que pouco sabíamos sobre a "caixa preta" da economia brasileira. "O governo chamou seus críticos de "fracassomaníacos", assegurando que o Brasil era uma ilha, a salvo de crises como as do México, Coréia, Tailândia, Filipinas e Rússia", lembrou ele.Requião disse que até mesmo a imprensa ignorou seu pronunciamento, com exceção de um solitário artigo do jornalista Carlos Chagas, em que elogiava a análise e também alertava para os riscos da política econômica de então. "Tratava-se de uma premonição. A economia desabou e sobre nossas cabeças caiu um pacote onerando ainda mais a população brasileira", analisou ele. O senador não quis repetir todo o seu discurso de outubro, mas avisou que sua íntegra está na Internet, podendo ainda ser obtido mediante pedidos a seu gabinete no Senado.

29/01/1999

Agência Senado


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