Requião pede investigação de denúncias feitas por ACM
- O país espera que isso seja investigado em profundidade. Para o homem simples não há muita preocupação se Luiz Francisco vazou as informações por uma visão particular que ele tenha da ética. O que importa é que as informações vazam e o país precisa conhecer a conduta de seus políticos e a forma com que as relações entre o Senado, o Judiciário e o Executivo se dão - afirmou.
Requião considera que a ebulição política causada pelas declarações atribuídas a Antonio Carlos tem o mérito de trazer de volta "um caso que a maioria governista tentou sepultar": a atuação do ex-secretário geral da presidência, Eduardo Jorge Caldas Pereira, como encarregado da gestão dos fundos de campanha de Fernando Henrique Cardoso.
- Eduardo Jorge teria a chave do "caixa dois", dos excedentes de campanha, das contribuições feitas sem a devida contabilização - disse o senador, para quem os aliados do presidente tentam "sacralizar Fernando Henrique e satanizar ACM".
As demissões dos ministros politicamente ligados a Antonio Carlos - Waldeck Ornélas, da Previdência, e Rodolpho Tourinho, das Minas e Energia - significam, para Requião, mera retaliação e a confissão de que o governo não é montado pela qualidade, mas por acordos políticos.
- Será que os ministros estavam assegurados no governo não pela contribuição que pudessem dar ao país, mas simplesmente como moeda de troca, pagando o silêncio do senador Antonio Carlos Magalhães a respeito de fatos vinculados às últimas campanhas eleitorais? - questionou Requião.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito seria, na avaliação de Requião, o instrumento adequado para atenuar o desgaste provocado por denúncias mútuas dos senadores. "É uma situação extremamente séria que está sendo tratada com extrema ligeireza pelo Congresso Nacional. Parece que os senadores e o Senado estão dizendo à opinião pública que nada têm a ver com isso. Têm sim".
- Ganha o país se essas questões forem aprofundadas, perde o Brasil se sobre as denúncias se estabelecer o manto do silêncio - completou.
Nos diálogos divulgados pela revista, Antonio Carlos disse ter provas de que a senadora Heloísa Helena (PT-AL) votou contra a cassação do ex-senador Luiz Estevão. Para Requião, não há dúvidas do comportamento da parlamentar petista, muito menos de seu voto favorável à cassação.
- Sua conduta ao longo de sua vida pública nos dá a certeza de que seu procedimento foi diverso. A senadora Heloísa Helena jamais seria capaz de votar contra a cassação de um senador que teve o comportamento hoje conhecido e comprovado como o de Luiz Estevão - disse o senador pelo Paraná, para quem o sistema eletrônico de votação do Senado é inviolável. "Mas se alguém tivesse quebrado esse sigilo, iria revelar que a senadora votou com o seu partido e com a cassação", frisou.
23/02/2001
Agência Senado
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