REQUIÃO QUER EXPLICAÇÕES DE FHC SOBRE SOBRAS DE CAMPANHA



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) cobrou do presidente Fernando Henrique Cardoso explicações sobre uma possível sobra de dinheiro da campanha eleitoral de 1994, orçada em US$ 100 milhões, conforme denúncia do ex-ministro, ex-senador e ex- coordenador da campanha presidencial José Eduardo Andrade Vieira. Para Requião, o país não pode ficar sem essas explicações, porque as denúncias aprofundam ainda mais a crise "do já comprometido governo de Fernando Henrique Cardoso", que o senador classifica de "entreguista e corrupto".
- Onde estarão os US$ 100 milhões de dólares da sobra da campanha? Debaixo da cama do presidente, no travesseiro da senhora Ruth Cardoso ou nas ilhas Caiman? - indagou Roberto Requião, que considerou "cínico e hipócrita" o comportamento do presidente da República quando, segundo diz, tenta fazer de tudo para abafar as denúncias e desautorizar as declarações de seu ex-coordenador de campanha. Requião também critica o presidente por negar a existência do chamado caixa dois, comum em qualquer eleição majoritária.
Roberto Requião estranha que denúncias tão graves não mereçam qualquer destaque na grande imprensa ou nas principais redes de televisão. Mas, conforme observou, tal comportamento tem uma explicação: a maior parte da mídia está comprometida com o governo Fernando Henrique, "e esconde a verdade de toda uma população".
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) concordou com Requião e se mostrou surpreso com a ausência de qualquer notícia dando conta das denúncias de Andrade Vieira.: "O mais grave é que as denúncias não encontram eco nem nas lideranças dos partidos que dão sustentação ao governo, incluindo o próprio presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães. É preciso que o fato seja esclarecido", afirmou Simon, lembrando que, por muito menos, quase o presidente do Estados Unidos, Bill Clinton, perde o mandato ao se envolver em um caso amoroso com uma de suas secretárias. "E ele teve de prestar todos os esclarecimentos", arrematou o senador gaúcho.
Roberto Requião entende que não é somente o caso da sobra de campanha, ainda não esclarecida, que está levando o governo de Fernando Henrique Cardoso ao descrédito. Segundo ele, a venda de 31,7% das ações ordinárias da Petrobrás - 60% deste total na Bolsa de Nova Iorque ( cerca de R$1,5 bilhão) - demonstrou que o governo está entregando o país ao capital estrangeiro. Requião disse que o Senado tentou impedir a venda, através da aprovação do projeto do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), mas foi sufocado pelo rolo compressor da base governista, que procrastinou a votação.
- O responsável pelo assalto à Petrobrás tem um nome: Fernando Henrique Cardoso. Ele está acabando com o país e deve ser responsabilizado pelos seus atos. No Brasil de hoje prevalecem os interesses dos grandes grupos econômicos e de multinacionais, as mesmas que financiaram a campaha dele.Vivemos outra década perdida - afirmou Roberto Requião, para quem a corrupção toma conta do país.
A senadora Heloísa Helena (PT-AL), em aparte, sugeriu ao Congresso Nacional a abertura de um processo de crime de responsabilidade contra Fernando Henrique Cardoso.

11/08/2000

Agência Senado


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