Ricardo Ferraço rebate afirmações de perda de autonomia pelo Banco Central
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) criticou nesta segunda-feira (5) as insinuações de que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de baixar a taxa de juros teria sido influenciada pela pressão do governo. A queda da taxa, de 12,5% para 12%, foi anunciada na última quarta-feira (31). Após a decisão, surgiram críticas à suposta falta de autonomia do Banco Central.
- A meu juízo nada disso faz o menor sentido. Desde quando autonomia pressupõe necessariamente posições antagônicas? A decisão do Copom surpreendeu, sim, mas foi, a meu juízo, uma decisão técnica - disse o senador, que considera a queda um sinal de equilíbrio entre as políticas fiscal e monetária.
O senador lembrou que, em 2008, no início da crise econômica internacional, o Banco Central demorou a reduzir a taxa Selic apesar das medidas anticíclicas tomadas pelo governo. Para Ferraço, a última decisão do Copom foi ousada, mas responsável, já que o mundo estaria à beira de uma crise com as mesmas proporções da de 2008, embora com origem diferente.
- Negar a gravidade do cenário mundial é dar uma de avestruz. É esconder a cabeça na terra para não enxergar as dificuldades - alertou o senador, que disse considerar a decisão do Copom de caráter preventivo.
Sobre o temor de alta da inflação, o senador afirmou que as taxas de juros altas não são o único caminho para barrar o aumento nos preços. Para ele, o governo precisa apostar na austeridade da política fiscal e do controle de gastos públicos.
- O Estado é grande demais; gasta demais e gasta mal. Os mecanismos de controle são insuficientes para evitar desvio e desperdícios e é aí que são necessários os ajustes profundos - disse Ferraço, que considera o anúncio de aumento na meta de superávit o início do processo.
O senador disse considerar, ainda, que a queda na taxa de juros cumpre papel estratégico no controle das contas do Estado, já que boa parte da dívida pública é atrelada à Selic.
05/09/2011
Agência Senado
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