Rigotto desiste da candidatura em favor de Pedro Simon









Rigotto desiste da candidatura em favor de Pedro Simon
Apesar das resistências de Pedro Simon (PMDB) em concorrer novamente ao governo do Estado, o deputado federal Germano Rigotto desistiu da pré-candidatura ao cargo em favor do senador. Lançado por Simon e bem recebido pelas bases, Rigotto já estava em campanha, comandando reuniões concorridas no interior gaúcho. Agora, volta atrás e retoma a disputa por uma vaga ao Senado.

Jornal do Comércio - Seu nome tem sido apontado como o candidato do PMDB ao governo do Estado. O senhor é pré-candidato?
Germano Rigotto - Meu nome foi apontado e cresceu com muita força porque o senador Pedro Simon era candidato à presidência da República. Com a saída de Simon da disputa, abrindo mão em favor do governador Itamar Franco, esse quadro mudou. Eu era alternativa ao nome do Simon, enquanto ele encaminhava sua candidatura a presidente. Em todo o interior, de um ano para cá, minha candidatura cresceu entre as lideranças e as bases partidárias, mas meu nome apareceu primeiro como candidato ao Senado, já que assim me coloquei. Simon dizia que seu objetivo era ser presidente. Quando ele abriu mão da disputa, numa estratégia para garantir a candidatura própria, passou a ser o candidato natural do PMDB ao Palácio Piratini. Simon foi governador do Rio Grande do Sul, é um homem com história e bagagem e é respeitado no Brasil inteiro como exemplo de ética e moralidade. Considerando o excelente governo que fez no Estado, com certeza terá condições de comandar uma administração que recoloque o Rio Grande nos trilhos e que recupere aquilo que se perdeu nos últimos quatro anos. Ele é o nome natural. Numa pesquisa do próprio PT, Simon aparece vencendo o Tarso (prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro) no segundo turno. Ele é o primeiro nome que nós temos e, numa eleição como essa, precisamos apresentar nosso melhor candidato. Meu nome surge fortalecido ao Senado Federal. Nessas últimas semanas, minha candidatura cresceu demais para o governo e, conseqüentemente, agora, para o Senado.

JC - Mas o senador Simon afirmou que não pretende concorrer.
Rigotto- Temos até o dia cinco de abril, data da nossa pré-convenção, para conversar com o Simon e mostrar a importância da presença dele como candidato a governador. Este é um primeiro momento. Ele recém deixou a disputa pela presidência. Mas é importante para o PMDB e para o Rio Grande que ele se candidate. Devemos liderar uma proposta alternativa ao que está aí, visando a retomada do desenvolvimento, a atração de investimentos e a geração de emprego, e fazendo com que tenhamos menos problemas sociais, mais segurança e mais projetos de inclusão social que ataquem as desigualdades existentes hoje no Estado. O atual governo, entre tantas promessas feitas, falou muito que teria projetos fortes para a inclusão social e para atacar as desigualdades regionais. Nós não vemos isso. A região sul continua sem as condições que deveria ter de desenvolvimento, acompanhando a metade norte. O Simon, com a experiência que adquiriu no seu governo e com a bagagem que tem a nível nacional, está preparado para o desafio de comandar essa proposta alternativa para o Estado. Hoje, ele até pode dizer que não é candidato e que vai coordenar a campanha do Itamar mas, mais importante do que a coordenação de uma campanha nacional, é a presença dele como candidato a governador.

JC - Simon defende seu nome como candidato ao governo. Como recebe isso?
Rigotto- Fico muito honrado com essa lembrança e essa força do senador Pedro Simon. Começamos nossa vida pública nos mesmos passos, como vereadores em Caxias do Sul e deputados estaduais. Minha trajetória pública se espelha no Simon. O respeito que tenho por ele é muito grande. Claro que fico muito feliz de ele dizer que estou em condições de ser candidato a governador e ganhar a eleição. Só que o nome natural do partido, e mais forte, é o do senador Simon. O PMDB não pode abrir mão da candidatura dele, que terá que aceitar o chamamento para ser nosso candidato a governador. Enquanto ele era candidato a presidente, meu nome cresceu e eu estava preparado para o desafio, mas agora o quadro é novo.

JC - A candidatura a contra-gosto não significará "ir para o sacrifício"?
Rigotto - Não, não é ir para o sacrifício. O senador Simon é um homem de partido e que pensa no bem do Rio Grande. É o primeiro nome que nós temos para ganhar a eleição. E não é ganhar por ganhar. É para ter um projeto alternativo ao que está aí. Diante disso, não tenho dúvida de que não verá como sacrifício, mas como mais uma missão, essa candidatura ao governo do Estado.

JC - Como avalia as declarações dele de que só admitiria concorrer se o ex-governador Antônio Britto (PPS) entrasse na disputa?
Rigotto - Não é uma questão de nomes. Ele pode até dizer isso mas, independente de quais serão as candidaturas lançadas pelos outros partidos, Simon será nosso candidato. É importante que o PMDB defina a candidatura até início de abril, como já foi decidido pela executiva, porque, com nosso candidato, trabalharemos um projeto para o Estado e buscaremos coligações. Há conversações iniciais com o PDT e o PTB, e os partidos precisam de nomes para colocar na mesa de negociação. Mas, mais do que os nomes, é preciso haver um projeto alternativo que será defendido por esses partidos. Nós, tendo o nome a partir de 5 de abril, poderemos negociar com mais facilidade uma coligação.

JC - O PMDB tem projeto alternativo para o Rio Grande?
Rigotto- Estamos trabalhando nessa direção. Através da Fundação Ulysses Guimarães e das reuniões que temos organizado, estamos colhendo sugestões e fazendo a radiografia do Estado, analisando o que fizemos de bom quando fomos governo, o que não foi feito e por quê. Temos um governo que se elegeu em cima de promessas que não estão sendo cumpridas. Há um déficit muito alto previsto para este ano. São R$ 1,38 bilhão sacado do Caixa Único. É absurdo! Vivemos em um estado que tem poucos recursos para investimento, com um governo que não busca alternativas para essa situação. Devemos ter um projeto construído com muita responsabilidade, sem demagogia e sem vender a idéia do impossível, como aconteceu há quatro anos. Prometeram para o funcionalismo, a Brigada, a polícia e o magistério e, hoje, existe o desencanto com as promessas absurdas. Prometeram grandes projetos de inclusão social que não existem. Qual o projeto do governo para a área habitacional, para resolver o problema da sub-habitação? Se analisarmos a Metade Sul, qual o projeto para atacar as desigualdades regionais? Vamos apresentar uma proposta alternativa a isso tudo, viável, honesta e não demagógica, que analise a realidade difícil do Estado e mostre caminhos. Precisamos de um governo que agrege e não governe somente para seu partido, como está acontecendo atualmente. O problema do governo Olívio é ter prometido muito e não ter cumprido. Ganhou a eleição em cima de promessas e se isolou. Precisamos enfrentar os problemas, por isso devemos ter um governo agregador, que envolva o Estado todo na construção de um novo momento, acabando com o clima de radicalização que existe hoje no Rio Grande.

JC - A verticalização das coligações engessa o PMDB?
Rigotto - Todo o quadro político, nacional e estadual, ainda tende a sofrer grandes mudanças. A verticalização não será alterada, porque não acredito que a emenda constitucional vá prosperar, e os partidos terão que se adaptar. A coligação nacional puxa as estaduais, mas isso não prejudicará o PMDB. O partido está conversando, através da executiva, com outras legendas, mas isso não nos atrapalha. Eu poderia criticar o momento errado de tomar a decisão de verticalizar, mas é excelente com relação ao mérito. Veremos o fortalecimento dos partidos. É claro que isso não basta; é necessár ia também uma reforma política. O PMDB gaúcho está definindo seus nomes para colocar na mesa de negociação e, em cima de um projeto, buscar uma aliança no primeiro turno. O nome do Simon facilitará esse processo.

JC - Após a desistência dele da disputa à presidência da República, qual será o futuro do PMDB nacional?
Rigotto - Não vamos deixar de lutar pela candidatura própria. A partir da decisão do governador Itamar Franco de assumir ou não essa candidatura, teremos novos desdobramentos. O PMDB é um partido nacional, muito forte, com cinco governadores, 23 senadores, 90 deputados federais, 1.252 prefeitos, 11.373 vereadores, organizado em todos os estados e 3.650 diretórios municipais. Um partido com essa estrutura não pode ficar a reboque de outras legendas. Precisa ter um projeto próprio para o País. Ganhando ou não ganhando a eleição, vai balizar o PMDB daqui para a frente. Precisamos ter nossas bandeiras e propostas. O projeto que o candidato vai defender garantirá o fortalecimento do nosso partido.

JC - Como analisa a proposta de alguns peemedebistas de indicar o vice de José Serra (PSDB)?
Rigotto - Não acho que é o caminho. Respeito a posição dos que pensam direfente, mas o melhor caminho para o PMDB é a candidatura própria. Não é nem sempre ganhar a eleição, porque poderemos não ganhar, mas devemos ter um projeto para o País balizando nosso partido. Precisamos de propostas claras. No momento em que o PMDB se coligar, será muito mais difícil ter sua cara e seu projeto.

JC - Com a supremacia demonstrada pelo grupo governista, o PMDB rebelde ainda tem esperanças de emplacar a candidatura de Itamar Franco?
Rigotto - Não, não é o Itamar. Pode ser ele ou haver mudanças. O quadro nacional muda muito rapidamente. A Roseana (governadora do Maranhão, Roseana Sarney) era, até duas semanas atrás, uma candidata que estava crescendo para ser a mais votada no primeiro turno e ir para o segundo. Hoje, a candidatura dela praticamente ficou inviabilizada diante dos acontecimentos. Agora, o Serra, que estava muito atrás, ocupa a segunda posição nas pesquisas. Daqui a duas, três semanas, poderemos ter um quadro diferente. Lá pelo mês de maio, quando tivermos condições de focar melhor os quadros nacional e estadual, poderemos fazer projeções. Antes disso, é difícil dizer o que pode acontecer. No próprio PMDB, as mudanças no quadro nacional influenciarão a decisão de junho. Queríamos a prévia e ela foi inviabilizada, então lutaremos até a convenção. As alterações poderão determinar o fortalecimento da tese da candidatura própria, mas isso é o tempo que vai dizer. Não acredito que as forças contrárias ao candidato próprio, que hoje parecem majoritárias, continuem até junho.

JC - O presidente nacional, Michel Temer, está sustentando que seu grupo saiu vitorioso e pode começar a negociar com outras siglas. Como responde?
Rigotto - Até aqui saíram vitoriosos, porque inviabilizaram a prévia. Mas nós estamos verificando uma mudança no quadro nacional, com as peças recém começando a ser movimentadas no tabuleiro. A situação pode ser diferente daqui a um mês e a tese da candidatura própria ser fortalecida. As negociações com outras siglas precisam passar pela convenção, que vai dar a palavra final, vai definir o futuro do PMDB.


Resultado extraoficial aponta derrota de Olívio Dutra
O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, deve ser o candidato do PT ao governo do Estado. Aclamado pelos militantes em frente à sede estadual do partido, Tarso discursou, no início desta madrugada, como o vencedor da prévia, baseado na apuração extra-oficial que lhe garantia a vitória. O governador Olívio Dutra também compareceu ao diretório, mas saiu poucos minutos depois, após uma entrevista coletiva em que repetiu a manutenção da unidade partidária.

Falando para dezenas de militantes que se aglomeravam na avenida Farrapos, Tarso considerou esta disputa interna a mais difícil já enfrentada pelo partido. "Nossos adversários apostavam que a prévia ia nos dividir, mas mostramos a maturidade de um partido forjado na luta e na consciência militante, fincado na história para resgatar seus compromissos e afirmar o socialismo democrático, projetar outro modelo econômico e criar condições políticas para que a democracia viceje nas instituições e na vida de cada um de nós", bradou.
Afirmou, ainda, que o vencedor é o partido. "Nossa alegria é a vitória de um projeto e não de uma pessoa", disse. Tarso acrescentou que o Rio Grande do Sul é um exemplo nacional para o PT, "que tem vocação para ser um partido de movimento e de luta, dirigente e de governo".

Negou as considerações de que sua vitória representa a derrota da atual administração. "Temos o melhor governo que o Estado já teve", avaliou. Destacou, também, que o partido precisa reafirmar seus compromissos com a classe trabalhadora. "Mantendo a capacidade dirigente para orientar o conjunto dos movimentos da sociedade para um novo projeto", complementou.

O prefeito garantiu que será o principal fator de afirmação e unidade do partido, após a confirmação do resultado. "Sem nenhuma discriminação, sem nenhum tipo de verificação de como foi o comportamento de A ou de B durante a prévia ou quais foram as entrevistas que as pessoas deram", declarou. "Temos que forjar nossa unidade porque o povo do Rio Grande aposta nisso. Vamos festejar a vitória das prévias e da democracia, para depois festejar a nossa vitória", concluiu.


Apuração parcial projeta vitória de Tarso Genro
Na madrugada de hoje contados os votos de 324 dos 374 municipios gaúchos, onde se realizaram as prévias do PT, a apuração parcial feita pelos comitês dos candidatos dava a Tarso Genro 1.200 votos de vantagem sobre Olívio Dutra. Na contagem oficial de 22.927 votos de 252 municípios a vantagem de Tarso ficava em 615 votos.

Votos oficiais da prévia do PT
Guaporé
Olivio - 058
Tarso - 201

Campos de Cima da Serra
Olívio - 128
Tarso - 127

Vale do Caí
Olívio - 142
Tarso - 168

Vale dos Sapateiros
Olívio - 786
Tarso - 506

Altos da Serra
Olívio - 263
Tarso - 374

Grande Stª Rosa
Olívio - 709
Tarso - 468

Missões
Olívio - 798
Tarso - 468

Vale do Gravatai
Olívio - 1.186
Tarso - 2.292

Fronteira Oeste
Olívio - 551
Tarso - 661

Palmeira das Missões
Olívio - 1.554
Tarso - 771

Encosta Superior da Serra
Olívio - 125
Tarso - 279

Vale do Rio Pardo
Olívio - 470
Tarso - 750

Litoral Norte
Olívio - 345
Tarso - 531

Porto Alegre
Olívio - 2.376
Tarso - 2.970

Celeiro
Olívio - 257
Tarso - 317

Total de votos oficiais apurados até a madrugada de hojeo - 22.927
Olívio - 11.031
Tarso - 11.646

Diferença pró Tarso Genro - 615

Total de municípios apurados 252

Total de regionais apuradas - 15

OBS: Na apuração extra-oficial realizada pelos comitês dos dois candidatos, em 324 municípios apurados, a vantagem de Tarso Genro sobre o governador Olívio Dutra até o início da madrugada de hoje era de 1.200 votos


Artigos

Milosevic paira sobre Tarso e Olívio
Paulo Gaiger

O conflito de idéias, projetos e posturas que assistimos no PT possui em si algo de uma intenção honesta e democrática que deveria servir de lição para os demais partidos que alcançam, no máximo de seu esforço, um acerto infame de suas correntes, isto é, a sujeição das possíveis idéias à mancomunação política para alcançar o poder, distribuir cargos e favores. Eles denominam esta estratégia promíscua de consenso, situação impensável se viesse à superfície o q ue cada um representa ou esquece. Posso estar enganado, mas se o Brasil sonhado pelo PSDB, por exemplo, é, como parece, o mesmo construído, até então, pelo PFL e de todos os interesses que representa, estamos definitivamente fritos. Mas o pior de tudo, me parece, é que estes piores vícios e condutas do Poder disseminam-se como uma peste sem que o doente se aperceba, ou porque não tem condições de ver, ou porque não quer ver, ou porque, embora veja, passa a crer que é assim mesmo. O PT, em Porto Alegre e no estado, mais do que preocupar-se em ser melhor do que seus antecessores, tinha que buscar ser diferente, a começar pelas políticas e investimentos, pela transparência e honestidade das relações, pela competência e posturas abertas das chefias e CCs, pela discussão fecunda dos projetos e idéias, pela escuta e generosidade nas mudanças e utopias queridas, porque, paradoxalmente, ser melhor que o governo Britto, por exemplo, é, de fato, ser e fazer pior.

Quando Tarso comprometeu-se em cumprir o mandato como prefeito, é certo que o fez por pressão dos partidos antagônicos que, por razões estratégicas e não éticas, de alguma maneira, queriam guilhotinar seu projeto político de ser governador do estado. A questão, que a mim parece maior, é a de que a cidade precisa dele talvez mais do que o estado. A medida entre o projeto político pessoal, tendências do PT e a necessidade de uma administração visionária e sensível para Porto Alegre está em questão, pois a cidade vaza e começam a vir à superfície as piores coisas, aquilo que orgulharia qualquer militante do PFL ou o ex-ditador iugoslavo.
Quando Olívio lançou-se à reeleição, devia ter olhado para os lados para ver quem anda com ele, algo quase bíblico. Talvez, entre seus parceiros, encontre Milosevic dissimulado em sua versão petista e gaudéria, nada diferente, somente parecido com o PFL e o que representa. A eleição de um ou de outro corre o risco de trazer, em sua cacunda, a legitimação daquilo que sempre condenamos: a prepotência, o autoritarismo e a tacanhice. Ao PT, já doente pelas mancomunações e promiscuidades, ainda há tempo de olhar para dentro de si e refletir, honesta e profundamente, sobre o que está acontecendo e o que, afinal, ele representa ou esquece, entre o autoritário e o democrático, entre o dependente e o emancipado, entre a estupidez e a bondade.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Cargos
Ficou na promessa. Dez dias depois de romper com o governo por pressão da governadora Roseana Sarney e de anunciar que deixaria os cargos na administração federal, o PFL continua, de fato, no poder. O partido ainda mantém 98% dos postos que tinha: dos cerca de 1.500 cargos ocupados por indicação de pefelistas, apenas 29 foram entregues. Além dos três ministros José Jorge (Minas e Energia), Carlos Melles (Esportes e Turismo) e Roberto Brant (Previdência) o Diário Oficial da União registrou, na semana passada, a exoneração de somente 26 indicados por pefelistas. A maioria estava lotada naqueles três ministérios.

Exoneração
Dos 300 cargos federais mais importantes nos estados, o PFL controla cerca de cem. E continuará no poder, se depender do Planalto. Nosso esforço é para que o PFL volte à base. Não vamos expelir o PFL afirma o secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio Neto. Na esfera federal, há pefelistas que anunciaram a decisão de entregar os cargos mas que ainda não foram exonerados de fato. Entre eles os presidentes da Caixa Econômica Federal (CEF), Emílio Carazzai; de Furnas, Luiz Carlos Santos; do INSS, Fernando Fontana; e da Eletrosul, Cláudio Ávila.

Cargos
Os cargos estão mantidos até mesmo nos principais focos de resistência ao governo: Bahia, Maranhão, Minas, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Na Bahia, por exemplo, o grupo do ex-senador Antonio Carlos Magalhães ainda detém cerca de 20 cargos federais. Da coordenação da Funasa, ocupada por Camalibe Freitas Cajazeira, indicado pelo deputado José Carlos Aleluia, ao DNER. Na Bahia, Antonio Carlos deu uma explicação para a permanência dos afilhados: eles ajudam o governo.

Colaboração
É verdade. Aleluia tem colaborado com o governo na relatoria de um dos mais promissores abacaxis da semana: a votação da MP do setor elétrico. Relator do projeto de conversão, Aleluia tem negociado diretamente com o ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, um texto de consenso na Câmara. A medida provisória tranca a pauta da Casa já nos próximos dias.

Resistência
Vamos fazer de um jeito que não enfrentará resistências no PFL promete Aleluia. No Maranhão, pelo menos seis cargos são atribuídos à indicação da governadora Roseana Sarney, que exigiu o rompimento do PFL com o governo. Segundo o deputado tucano Roberto Rocha, a cota da governadora é ainda maior. Por questões éticas, acho que todos deveriam entregar seus cargos. Mas agora todo mundo virou técnico, critica ele.

Preservação
No Rio Grande do Norte, o líder do PFL no Senado, Agripino Maia, um dos mais ásperos críticos do governo nos últimos dias, preserva no comando da ECT Manuel Rêgo, irmão de seu principal articulador político no estado, o deputado Getúlio Rêgo. Em Minas, o PFL também continua com sua cota de cargos federais, que inclui até um indicado pelo ex-ministro Roberto Brant: Ediward Abreu, à frente do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral.

Negociapção
Em Pernambuco, três afilhados políticos do líder pefelista Inocêncio Oliveira se mantêm nos cargos, entre eles, o superintendente do Dnocs, Charles Jurubeba, e Giovanni Oliveira, sobrinho do deputado e superintendente da Funasa. Segundo o líder do governo no Congresso, Ricardo Barros (PPB-PR), e assessores do Planalto, o PFL tinha, ao todo, 1.500 cargos federais. Ainda de acordo com Barros, o partido poderá conservar quase todos eles. Caso deseje reabrir os canais de negociação com o governo, pode até voltar ao primeiro escalão. O prazo final é 6 de abril, quando os ministros políticos deixam suas pastas.


CARLOS BASTOS

PT gaúcho pensa as feridas das prévias
A partir de hoje, o presidente David Stival e seus companheiros de Executiva Estadual do PT passam a articular a escolha por consenso dos dois candidatos ao Senado pelo partido, e pesam as feridas deixadas abertas pela disputa das prévias para o governo. Mais do que nas prévias anteriores, tanto no Estado como em Porto Alegre, esta teve muitos lances de radicalização que deixaram marcas profundas, tanto nos setores que apoiaram o governador Olívio Dutra, como entre os partidários da candidatura do prefeito da capital, Tarso Genro. Exemplifique-se com a prévia de 1998, cujo único desentendimento deu-se só depois de abertas as urnas, quando os militantes já haviam exercido seu direito de voto. Nesta prévia de 2002, não. Os desentendimentos e as críticas virulentas começaram desde o início da campanha, e o clima se mostrou com níveis de agressividade muito mais elevados do que das vezes anteriores.

Diversas
  • O café da manhã de ontem, no City Hotel, no qual estiveram os dois concorrentes e seus principais articuladores, mostrou um ambiente de nenhuma belicosidade. Tarso e Olívio chegaram juntos ao local e subiram no elevador, que não conseguiu subir e desceu alguns centímetros.

  • Os dois líderes petistas subiram pelas escadas, e o comentário do governador foi muito espontâneo: O elevador cedeu ao peso eleitoral de seus ocupantes.
    O ambiente permaneceu assim durante todo o transcorrer do encontro das alas adversárias na disputa interna, com a presença dos jornalistas.

  • Mesmo assim, os apoiadores dos dois pré-candidatos se colocaram em lados opostos da mesa no café da manhã. Flávio Koutzii, que teve um atrito direto com Tarso no transcorrer do processo, ocupou um assento na outra extremidade da mesa.

  • O deputado federa l Marcos Rolim, um dos defensores mais ferrenhos de Tarso Genro, compareceu ao café da manhã e comunicou a impossibilidade de votar, pois sua esposa estava hospitalizada. Em razão disso, ele não pode se deslocar até Santa Maria para votar.

  • Por falar em Santa Maria, lá aconteceu na sexta-feira o quinto e último debate. E o nível foi bastante elevado, tanto que não aconteceram vaias da platéia a nenhum dos dois debatedores.

  • Mas as fissuras provocadas pela disputa das prévias não serão esquecidas assim tão facilmente. Registre-se que o racha entre os dois grupos petistas se iniciou de fato no final da prévia de 1998.

  • Os tarsistas perderam por menos de duzentos votos, e não assimilaram o golpe das urnas volantes nas localidades onde havia o MST, que naquela oportunidade estava em peso favorável à candidatura de Olívio Dutra.

  • Imediatamente há o problema da escolha dos candidatos ao Senado. Há dois concorrentes engajados com Olívio e Tarso. São o Chefe da Casa Civil, deputado Flávio Koutzii, da Esquerda Democrática, que fez a crítica mais dura ao prefeito Tarso Genro no decorrer da campanha. E do outro lado a candidatura de Juçara Dutra, presidente do Cpers/sindicato, que não poupou o governo Olívio de críticas quanto aos assuntos relativos ao magistério e ao funcionalismo público.

  • Indefinidos até o dia da prévia permaneceram os pré-candidatos deputado Federal Paulo Paim e a senadora Emília Fernandes, que pretende concorrer à reeleição.

    Última
    Além do Senado, o PT terá que chegar ao consenso, ou em decisão tomada pelo seu diretório regional, de quem será o candidato a vice do candidato escolhido na prévia. Antes do início da votação de ontem, o vice-governador Miguel Rossetto admitia que seria candidato à reeleição. Este é um problema de bom tamanho que os dirigentes regionais petistas terão que resolver nos próximos dias.


    FERNANDO ALBRECHT

    Ligação direta
    No Dia Internacional do Consumidor a Câmara Municipal de Porto Alegre lançou na Internet sua página Fale com a Câmara, ligação direta da comunidade com a presidência ou as comissões da casa. O vice da colenda, Carlos Garcia (PSB) anunciou o serviço, iniciativa da vereadora Clênia Maranhão (PPS), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor. Basta clicar no lado esquerdo da página http://www.camarapoa.rs.gov.br

    TRF da 4ª Região transfere R$ 182 milhões a 132.714 beneficiários sem necessidade de esperar por precatórios.

    GAD' Design fechou 2001 com R$ 5,3 milhões em vendas, 23% a mais que em 2000.

    Racon Randon Consórcios de Imóveis premiada com O Melhor do Marketing 2002 pela Abac.

    Moda: Rui Spohr dá aula inaugural no Curso de Design da Feevale; Estética Raira participa da Hair Brasil.

    Deputado José Farret (PPB) homenageia amanhã os 60 anos da Rádio Imembuí, de Santa Maria.

    Goldzstein fez parceria com o Programa Construção Civil para a Cidadania da prefeitura.

    SKA Automação de Engenharias programou festa para comemorar seus 13 anos dia 23.

    Deputado Bernardo de Souza (PPS) faz pesquisas sobre seus projetos no www.al.rs.gov.br/bernardo.

    Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre promove no dia 25 conferência com a analista britânica Betty Joseph.

    Elson Sempé Pedroso/Divulgação/JC

    Vai ou racha?
    Chegou a hora da onça beber água. Terminou apenas o primeiro round petista. Se houver (re)conciliação, estará certo o deputado Frederico Antunes, que disse a esta página há um mês que o PT conseguiu o que queria, a exposição na mídia. Ou a casa cai. Se Tarso vencer, o grupo palaciano já era; se Olívio for para a pedra, Tarso fica em sinuca de bico. Em todo o caso não custa lembrar que ambos os blocos têm o mesmo sonho socialista. Ambos querem ir para "Caxias", só que um quer ir pela São Vendelino e outro pela BR-116.

    Problemas da cidade
    Usuário contumaz do aeroporto Salgado Filho foi no balcão de informações turísticas procurar o telefone de um amigo. Não tinha guia telefônico, imagina só. Outro problema que irrita, principalmente no Centro é o aumento dos veículos que usam som potente para fazer propaganda comercial pelas ruas. Além dos movimentos grevistas, de protesto, de sem-terra e o escambau, chega a vez da voz do poste ambulante.

    Dada a largada
    As eleições do Jockey Club, no início de junho, já movimentam com força a turma dos cavalinhos. Já são três as chapas concorrentes, podendo chegar a quatro se o ex-presidente Jair Rodrigues encarar mais uma eleição. As demais chapas tem na cabeça Flávio Obino Filho, Thomaz Flores da Cunha e Valdo Marques. O Jockey dá entre R$ 70 a R$ 100 mil de prejuízo mês, sem contar sua enorme dívida.

    E por falar em Jockey...
    ...por que é que uma entidade com todo este passivo, sabendo-se que corridas de cavalos não tem nem de longe o charme de antigamente, tem tantos candidatos à presidência?

    Me dá uma purinha
    Há um novo tipo de gasolina a venda na cidade além da normal e da aditivada, a gasolina pura, segundo pode se observar em diversos anúncios em postos da Ipiranga. Pura é jargão usado por quem gosta de beber cachaça "Me dá uma pura aí".

    Dança dos executivos
    O executivo Marcos Dvoskin está mesmo de volta a Porto Alegre depois de deixar a Editora Globo. Correu um zum-zum que ele iria para o SBT juntamente com Faveco Corrêa, mas por enquanto parece mesmo ser apenas boato. Outro que deixou seu cargo foi Antônio Calcagnotto, ex-superintendente de marketying da Unimed POA. Estuda novas propostas enquanto comemora os excelentes resultados obtidos pela Unimed na sua gestão.

    É ou não é ele?
    É impressionante o que tem de gente que jura ter visto Diógenes de Oliveira em plagas uruguaias. Um leitor jura que o avistou no Hotel Embajador, na Calle San Jose, Montevidéu. Diária de 80 dólares, 4 estrelas. A bordo de uma Blazer branca e devidamente acompanhado, também foi visto num restaurante destruindo um chivito>p>".

    Nova loja
    A decoradora Carmem Flores, famosa pelos comerciais da loja de móveis "sete mil e duzentos" da Ipiranga alça novos vôos. Esta terminando a criação, também na Ipiranga de uma loja própria de móveis, a Loja Carmem Flores. Abertura prevista para abril.

    Flanelinha mensalista
    Um flanelinha com mais de trinta anos de praça, nas imediações da Assembléia Legislativa, resolveu inovar. Por R$ 30,00 mensais o distinto se encarrega de estacionar o carro, garantindo ainda sua segurança a qualquer hora do dia. É só entregar a chave. Na hora de pegar o veículo, deve-se avisar o flanelinha pelo celular, que ele se encarrega de entregar o carro na porta.

    O processo
    O advogado Paulo do Couto e Silva, conhecido por sustentar uma luta sem tréguas contra o PT, está sendo processado pelo governador Olívio Dutra, que entrou com ação de reparação por dano moral. Couto e Silva vem pregando impeachment de Olívio. Na contestação, lê-se que "o ora réu atua como se ouvisse o chamado de uma clarinada longínqua, vinda das estremaduras do tempo, convocando-o a usar suas armas - que são as da lei".

    Historias da cidade
    Morador do Centro que voltou da praia encontrou seu apartamento arrombado, com o ar-condicionado ligado e seu Johnie Walker Black rótulo preto vazio. Apavorado, deu uma geral e constatou que afora a perda do precioso líquido, muito usado por ele para molhar as palavras e as idéias, nada mais desaparecera. Nem mesmo jóias e verdinhas. Mas a surpresa maior foi constatar que uma antiga TV, enguiçada há meses, estava funcionando com som e imagens perfeitos. Ladrão bom de eletrônica. E de copo.

    TRF da 4ª Região transfere R$ 182 milhões a 132.714 beneficiários sem necessidade de esperar por precatórios.

    GAD' Design fechou 2001 com R$ 5,3 milhões em vendas, 23% a mais que em 2 000.

    Racon Randon Consórcios de Imóveis premiada com O Melhor do Marketing 2002 pela Abac.

    Moda: Rui Spohr dá aula inaugural no Curso de Design da Feevale; Estética Raira participa da Hair Brasil.


    Deputado José Farret (PPB) homenageia amanhã os 60 anos da Rádio Imembuí, de Santa Maria.

    Goldzstein fez parceria com o Programa Construção Civil para a Cidadania da prefeitura.

    SKA Automação de Engenharias programou festa para comemorar seus 13 anos dia 23.


    Deputado Bernardo de Souza (PPS) faz pesquisas sobre seus projetos no www.al.rs.gov.br/bernardo.

    Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre promove no dia 25 conferência com a analista britânica Betty Joseph.


    Editorial

    A AMPLIAÇÃO DOS MOLHES DE RIO GRANDE

    Há 25 anos que o empresariado gaúcho vinha pedindo a ampliação dos molhes do superporto de Rio Grande, a fim de torná-lo, efetiva e definitivamente, no grande escoadouro das riquezas gaúchas e brasileiras, com vistas ao Mercosul, Américas e Europa. Obra gigantesca feita no início do século XX, os molhes são até mesmo tração turística, com os vagonetes que percorrem seus dois braços, o do leste e o do oeste. A privatização de alguns terminais, a vinda do V Distrito Naval da Marinha e, finalmente, a decisão federal de ampliar o molhe leste em 500 metros e o molhe oeste em 900 metros, em 1999, no programa Avança Brasil, transformaram em realidade o sonho acalentado. O molhe leste terá 4.720 metros de comprimento, enquanto o oeste terá 4.060 metros, acalmando as águas do mar na entrada do porto de Rio Grande, permitindo que mais e mais navios atraquem e partam levando mercadorias diversas. Com os molhes, será possível a dragagem para aprofundar o superporto, que passará a ter 60 pés de calado, cerca de 18 metros de profundidade, ou seja, praticamente todos os navios cargueiros em atividade, 200 mil toneladas, terão acesso à Cidade Marítima. Quando há o medo do presidente Fernando Henrique Cardoso em perder, por semana, R$ 400 milhões da arrecadação da CPMF, por "tricas e futricas políticas", dá para se estabelecer comparativo com o custo da obra dos molhes. Serão R$ 248 milhões, com a empreitada sendo tocada por consórcio de empresas. Quando pronta a ampliação dos molhes, as estimativas indicam aumento de R$ 185 milhões à economia estadual e de Rio Grande, reduzindo-se os fretes em até R$ 70 milhões. Desde 1960 que professores universitários, técnicos e estudiosos do assunto em geral alertam para a necessidade do Brasil voltar-se aos transportes hidroviários/marítimos e ferroviários, mais baratos, que foram esquecidos pela política de incremento da indústria automobilística e, simultaneamente, pela construção de rodovias, ambas diretrizes colocadas em prática por Juscelino Kubistchek, o mineiro que erigiu Brasília, também concretizando um sonho que vinha desde Dom Pedro II. Os molhes estão exigindo a movimentação total de 1,5 milhão de toneladas de pedras, que serão lançadas no mar para formar a base de sustentação. Depois, virão os blocos de concreto de oito a 12,5 toneladas cada um. São dimensões, pesos e quantidade que impressionam. O prazo final da obra está calculado para meados de 2004, com 36 meses de trabalho, iniciado em 2001. Atualmente, o porto de Rio Grande tem 1.552 metros de cais, onde aportam navios de países que compram e vendem do RS e do Brasil, sendo que o movimento do terminal gaúcho, com os novos molhes, perderá apenas para Santos, ainda o maior da América Latina em cargas. O calado existente varia de cinco a 14,5 metros. Terminal de Contêineres, Terminal de Granéis Agrícolas e Terminal de Granéis Líquidos e Fertilizantes são as principais atividades do superporto, um orgulho para o Rio Grande do Sul, incentivador das atividades econômicas e que, certamente, é alavanca básica nos projetos de recuperação da Metade Sul do Estado. Nação que deseja se ver livre das políticas impostas do exterior deve apostar em si mesma, na ciência, na tecnologia, na educação e traçar o futuro de acordo com suas vocações e peculiaridades. O superporto faz crescer a auto-estima nacional. É empreendimento que faz renascer a esperança em dias melhores, numa região tão necessitada de investimentos, mas que vê, apenas numa decisão, ampliação dos molhes, ótimas perspectivas.


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    03/18/2002


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