Rigotto enfrentou indefinições









Rigotto enfrentou indefinições
A última candidatura a ser lançada ao governo do Estado foi a de Germano Rigotto, do PMDB. A 60 dias do começo oficial da disputa eleitoral deste ano, ele foi indicado pelo partido após meses de discussões internas que apontavam para a escolha inicial do senador Pedro Simon. A princípio, Rigotto era cogitado para disputar o Senado. Chegou a fazer campanha pelo interior do Estado, percorrendo vários municípios. A vontade do partido era de que Simon fosse candidato ao Palácio Piratini, já que representava consenso entre todas as lideranças. O senador, porém, resistiu às pressões, pois havia assumido a condição de candidato à Presidência da República depois de ter sido lançado durante encontro nacional do partido realizado no dia 15 de novembro de 2000, em Santa Catarina. A intenção de concorrer ao Planalto foi inviabilizada pelo comando do PMDB no começo deste ano, quando a prévia de junho foi cancelada.

Com a formação da aliança nacional com o PSDB sustentando José Serra para a Presidência da República, em março deste ano, o PMDB do Estado voltou a insistir com Simon. Porém, ele se recusou, pois pleiteava a candidatura à vice-presidência na chapa do tucano. A tentativa não obteve sucesso e, diante da inflexibilidade do senador em concorrer ao governo, um grupo de peemedebistas resolveu bancar a candidatura de Rigotto, promovendo encontros no Interior. Na época, outras candidaturas, como a do PT, a do PDT e a do PPS já haviam sido definidas. No dia 22 de abril, Rigotto era declarado candidato. Começavam então as negociações para compor a aliança com o PSDB e o PHS. Outro episódio que levou semanas, pois os tucanos resistiram em abrir mão da candidatura de Vicente Bogo ao Piratini. Ele acabou cedendo e concorre ao Senado.


Tarso defende orçamento de 2003
Aponta que oposição está 'emocionalmente fragilizada' quando critica a proposta do governo

Tarso Genro, candidato da Frente Popular (PT-PC do B-PCB-PMN) ao governo, afirmou neste sábado que as críticas de integrantes da oposição ao orçamento estadual, que deverá ser votado até o final de novembro na Assembléia Legislativa, acontecem porque 'eles estão emocionalmente fragilizados'. Tarso admitiu que o PT tem consciência de que pode falhar e, por isso, busca estar em contato permanente com a população, ouvindo e procurando atender às suas demandas.

O candidato comentou que a administração da Frente Popular conseguiu, sem vender patrimônio público, diminuir o déficit primário do Estado de R$ 1 bilhão para quase zero. Segundo Tarso, o governo contratou pessoal, ampliou os serviços e garantiu índices de reajustes salariais para os servidores acima de outros estados. Ressaltou que em pouco mais de três anos e meio de gestão, o PT criou condições para superar a estagnação econômica dos quatro anos anteriores. Tarso informou que o Produto Interno Bruto cresceu 11%, destacou o índice do PIB agropecuário, que alcançou 23,78%, representando 40% acima do crescimento registrado nacionalmente e mais do que durante o governo passado. O candidato informou ainda que o Estado investiu cerca de R$ 3 bilhões a mais na área social, garantindo os 10% de investimentos para a saúde e os 35% para a educação em todos os anos.

Dados do governo revelam que os investimentos foram definidos em 750 plenárias do Orçamento Participativo que aconteceram nos 497 municípios do Estado. O Executivo disponibilizou na peça orçamentária verbas de R$ 2,8 bilhões para a educação, R$ 873 milhões para a segurança pública, R$ 799 milhões para a saúde, R$ 6 milhões para os transportes, R$ 244 milhões para a agricultura, R$ 93 milhões para o trabalho, cidadania e assistência social e R$ 31 milhões para o meio ambiente. Tarso afirmou que o PT amadureceu com suas administrações e que a Frente Popular pretende melhorar cada vez mais o Rio Grande do Sul e estender os benefícios para o Brasil com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e a presença constante da sociedade civil organizada. 'Somente a democracia permite a correção de erros e excessos', enfatizou. O orçamento para 2003 foi entregue à Assembléia pelo governador Olívio Dutra no dia 13 deste mês. O projeto está tramitando e contando prazo para o recebimento de emendas dos deputados e da população.


Emília chama atenção para tributo
Critica medida que prevê cobrança de imposto de renda na fonte em transações de agricultores

A senadora Emília Fernandes, candidata à reeleição pela Frente Popular, alertou ontem que o governo federal pretende cobrar a partir do próximo ano Imposto de Renda (IR) na fonte em transações feitas pelos agricultores, como já ocorre com as pessoas físicas. Segundo ela, é o que prevê o artigo 12 da medida provisória (MP) 66/2002, pela qual foi feita a minirreforma tributária. A senadora disse que a alteração trará inúmeros prejuízos aos produtores brasileiros e merece reação contrária imediata. Explicou que hoje os produtores recolhem IR uma vez por ano e a alíquota é de 20% sobre o valor bruto, mas com a MP passarão a recolher esse imposto sempre que fizerem alguma venda e não mais apenas uma vez por ano. Além disso, acrescentou, a alíquota aplicada sobre a venda irá seguir a mesma tabela existente hoje para o imposto de renda de pessoas físicas, podendo chegar a 27,5% sobre o valor de tudo o que for comercializado.

Utilizando cálculo da Confederação Nacional da Agricultura, Emília garantiu que o prejuízo anual que a medida provisória trará ao setor agropecuário é de R$ 16 milhões. 'Trata-se de uma irresponsabilidade porque essas áreas são estratégicas à economia nacional, que têm alcançado desempenho positivo, especialmente considerando o momento delicado pelo qual passa a economia', enfatizou. A senadora disse que qualquer recolhimento de IR antecipado aos produtores rurais é inaceitável. Acrescentou que este é o momento de mobilização para exigir a revogação da MP, sob pena de comprometer a produção.

Emília também chamou a atenção sobre os investimentos para o setor previstos no Orçamento Geral da União que, conforme ela, serão reduzidos em 2003. Disse que os maiores cortes atingem o Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (44,3% a menos do que o destinado em 2002), e a Assistência Financeira a Projetos de Infra-Estrutura (56,9% a menos do que no ano anterior). O Programa de Produção e Abastecimento Alimentar deverá perder R$ 280,3 milhões em comparação a este ano. No total, informou, a proposta do governo aplica corte de R$ 5 bilhões nos investimentos sociais. A senadora entende que será preciso mobilização do Congresso Nacional para alterar a proposta do governo e garantir os recursos necessários ao setor primário e ao desenvolvimento econômico.


Lei Eleitoral estabelece proibições no dia 6
No dia das eleições, o uso de alto-falantes e amplificadores de som, a propaganda de boca-de-urna, os comícios ou as carreatas, bem como a distribuição de material de propaganda de candidatos, serão atividades que vão contrariar a Lei Eleitoral e estarão passíveis de punição com detenção de seis meses a um ano, além de multa. As emissoras de rádio e TV, durante todo o período de campanha eleitoral, estão proibidas de divulgar propaganda política e imagens ou programas que possam prejudicar ou favorecer os candidatos. Desde o dia 1O de agosto está vedado às emissoras transmitirem programas apresentados ou comentados pelos políticos que foram escolhidos em convenção.

A divulgação de propaganda eleitoral na imprensa escrita é permitida até o dia das eleições. Como restrição, a lei impõe o uso de espaço máximo, por edição, para cada candidato, partido ou coligação, de um oitavo de página de jornal padrão e um quarto de página de revist a ou tablóide. Para a exibição da propaganda eleitoral gratuita em rede, as emissoras de rádio e televisão e os canais de TV por assinatura dos legislativos federais, estaduais e dos municipais reservam 100 minutos diários, nos 45 dias anteriores à antevéspera das eleições. Neste ano, o horário gratuito irá até 3 de outubro.

Se houver 2O turno, a propaganda eleitoral recomeçará 48 horas depois da proclamação dos resultados oficiais do 1O turno e durará também até a antevéspera do dia da votação, que será a 27 de outubro. O tempo então passará a ser dividido igualmente entre os partidos ou as coligações que concorrem. Nos dois dias que antecederão as eleições em 2O turno, a Justiça Eleitoral poderá conceder apenas direito de resposta à ofensa contra o candidato, o partido ou a coligação, difundida por qualquer veículo de comunicação.

Outras restrições que já estão em vigor impedem a transferência do título de eleitor ou o requerimento de inscrição eleitoral nos 180 dias anteriores à data da eleição. A Lei Eleitoral também proíbe a contratação de shows artísticos pagos com recursos públicos. A realização de inaugurações de obras públicas e a participação dos candidatos a cargos do poder Executivo nesses eventos estão vetadas a três meses da eleição.


Bernardi escolhido por prévia em 2001
O PPB foi o primeiro a lançar candidato ao governo do Estado. No dia 23 de setembro de 2001, o partido realizou prévia entre Celso Bernardi e o deputado federal Adolfo Fetter Júnior. A disputa interna motivou debates regionais e Bernardi acabou vencendo a disputa com mais de 70% dos votos dos quase 40 mil filiados que participaram da votação. O PPB, que estava fora da disputa ao governo desde 1994, decidiu antecipar a eleição como forma de mobilizar a base. Bernardi também foi o primeiro candidato a percorrer o Estado. O partido não está coligado para a disputa ao Piratini.


Frente Trabalhista mostrou desunião
A Frente Trabalhista, formada por PTB, PPS e PDT, dividiu-se em relação à candidatura ao governo do Estado. O PPS uniu-se ao PFL e lançou o ex-governador Antônio Britto. O PDT começou a campanha com o vereador José Fortunati, que desistiu em 30 de junho, alegando falta de estrutura. Os filiados do PDT decidiram então apoiar Britto, o que provocou divisão interna, pois há lideranças que estão com Tarso Genro e outras com Germano Rigotto.


Klein salienta sua trajetória política
A origem no interior do Rio Grande do Sul e a passagem por postos administrativos em âmbitos estadual e federal são os trunfos do candidato do PMDB a uma das duas vagas ao Senado, Odacir Klein. O ex-ministro dos Transportes condicionou neste sábado o desempenho de um senador ao amplo conhecimento que tem do seu estado e das necessidades e dos interesses da população que representa.

Klein criticou, durante viagem pela Fronteira-Oeste, que a maioria dos candidatos conhece muito bem apenas a região Metropolitana. O ex-ministro destacou ainda a sua ligação com o cooperativismo e o agronegócio. Argumentou que a sua experiência administrativa o credencia para 'um mandato maduro e produtivo'. O candidato ao Senado lembrou ainda que deu início à trajetória política aos 25 anos quando foi prefeito de Getúlio Vargas.


Tira-dúvidas dos eleitores
1. Onde se pode obter informações sobre o trabalho de mesário em caso de convocação?
Estão ocorrendo reuniões preparatórias. O documento de convocação traz o dia e a hora que estão marcados os encontros. Quem foi convocado e tiver mais dúvidas deverá entrar em contato com o cartório eleitoral.

2. O eleitor naturalizado brasileiro é obrigado a votar?
Quem se naturalizou tem um ano para se alistar. Após esse prazo estará sujeito a multa.

3. Em que casos o eleitor pode ser preso às vésperas da eleição?
Nenhum eleitor pode ser preso ou detido no período de cinco dias antes (1º de outubro e 22 de outubro, se houver 2º turno) até 48 horas após o encerramento da eleição (8 de outubro e 29 de outubro, em caso de 2º turno). Há exceções se ocorrer flagrante delito ou sentença criminal condenatória por crime inafiançável.

4. O título que o eleitor possui é de um município onde não reside mais. Como proceder?
Se já está residindo na nova cidade há três meses e se decorreu um ano da inscrição anterior, poderia ter solicitado a transferência do título na Central de Atendimento ao Eleitor, em Porto Alegre, ou no cartório eleitoral do município em que passou a morar. Porém, esse prazo se encerrou dia 8 de maio. O eleitor que não conseguiu transferir o título terá de votar no município onde morava. Se não puder viajar, precisará apresentar a justificativa.

5. Como fazer se no dia da votação o eleitor estiver em outro país?
O eleitor terá prazo de 30 dias para apresentar a justificativa da ausência a contar da volta ao país e independentemente de quanto tempo esteve fora. Deverá levar ao cartório eleitoral o comprovante da falta, como passaporte e bilhete de viagem.

6. Como deverá agir o eleitor que estiver doente ou hospitalizado no dia da eleição?
Se não tiver condições de votar, o eleitor deverá apresentar atestado médico em 60 dias após cada turno das eleições à Justiça Eleitoral. Assim receberá a quitação eleitoral.

7. Como deverá proceder o eleitor faltoso que mora no exterior e justificar, ou não, o voto?
O eleitor que justificar o voto nos consulados não terá débito a quitar. Se quiser, poderá votar para presidente em qualquer país que estiver. Os que optarem por não participar e não justificarem a ausência no exterior poderão fazê-lo quando voltarem ao Brasil.


FHC entra nos programas de Serra
Assessores prevêem salto do candidato tucano nas pesquisas durante última semana de campanha

A coordenação de marketing da campanha do candidato ao Palácio do Planalto da aliança PSDB-PMDB, José Serra, está definindo os detalhes da participação que o presidente Fernando Henrique Cardoso terá na reta final da campanha, esta semana. Além de aparecer no programa de encerramento do horário eleitoral gratuito, o presidente estará no centro das ações, dentro do objetivo estratégico de fazer com que Serra cresça mais três ou quatro pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto e supere o cenário que o tornou o principal alvo de ataques concentrados dos adversários.

O coordenador político da campanha, deputado Pimenta da Veiga, discutiu o quadro eleitoral com Fernando Henrique. Ambos chegaram à conclusão de que é remota a hipótese de que a eleição seja decidida no primeiro turno e que a posição de Serra, se não é confortável, também não anda desesperadora. O coordenador de marketing e diretor do programa de propaganda eleitoral na TV, Nizan Guanaes, confirmou a participação do presidente. Segundo ele, não haverá mudança de rumo ou do formato do programa, que continuará a ser propositivo. Pimenta da Veiga também não descartou a possibilidade de que Fernando Henrique apareça em mais de um dos três programas finais de televisão. Segundo a avaliação do deputado, as ações dos aliados PSDB e PMDB nos últimos dias de campanha serão de natureza política, com foco no aumento da visibilidade de Serra no país inteiro. Pimenta da Veiga explicou que será em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, que essas ações estarão concentradas, com geração de um ou dois fatos fortes.
O cálculo dos estrategistas da campanha de Serra é de que será possível elevá-lo da atual posição de 19 pontos percentuais para algo em torno de 24 pontos, o suficiente, acreditam, para assegurar a realização do segundo turno e garantir a presença do presidenciável tucano no confronto com Luiz Inácio Lula da Silva. Para Pimenta da Veiga, a competição para o próximo turno da eleição será bem diferente da atual fase, em que Serra se tornou o candidato mais atacado. 'Travamos uma luta desigual contra três adversários', explicou ele. Segundo levantamento feito pelo PSDB nos últimos 15 dias, Lula, Ciro Gomes, do PPS, e Anthony Garotinho, do PSB, veicularam 688 inserções nas emissoras de televisão com propaganda contrária a Serra. O comando de campanha acredita que esse é o principal fator para a estagnação do candidato nas pesquisas.
Serra conseguiu mais um direito de resposta no programa de Ciro. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou injurioso o filmete em que o presidenciável tucano é chamado de 'senhor da guerra'. Liminar concedida pelo ministro Gerardo Grossi, do TSE, já havia suspendido a exibição.


Tarso venceu confronto acirrado
A candidatura de Tarso Genro ao governo do Estado pela Frente Popular começou a ser construída no ano passado. A disposição de concorrer mudou o rumo pretendido por várias correntes do PT que queriam ver o governador Olívio Dutra disputar a reeleição. Em um dos confrontos mais acirrados da história do partido, Tarso venceu a prévia contra Olívio em março deste ano. E, conseqüentemente, assumiu o compromisso de garantir ao PT mais um mandato no governo do RS. Respaldado por seis correntes internas, Tarso voltou atrás na sua decisão de não concorrer ao governo, renunciando ao cargo de prefeito de Porto Alegre e partindo para o enfrentamento com Olívio.

A resistência de Tarso em disputar o cargo começou a ser vencida, lentamente, pelo apelo e pelo intenso trabalho de convencimento feito por lideranças das tendências consideradas menos radicais do partido. As conversas começaram em setembro de 2001, mas Tarso só admitiu a possibilidade de concorrer em fevereiro. 'Não vamos repetir erros do passado. Se depender de mim, o debate será de alto nível', afirmou, ao registrar a candidatura para a prévia. Apesar da recomendação da direção estadual do PT, que pela primeira vez pediu que não houvesse disputa, filiados e militantes mergulharam em campanha feroz de 30 dias.

Críticas mútuas e troca de acusações entre as correntes petistas culminaram na vitória de Tarso e num impensável entendimento, depois de tantos conflitos. Ele venceu por 1.058 votos de diferença Olívio. O resultado surpreendeu o próprio Tarso, que admitiu que esperava uma vitória, entretanto não com uma margem tão grande de votos favoráveis. Esta é a segunda vez que o petista tenta chegar ao Palácio Piratini. Nas eleições de 1990, Tarso disputou o cargo contra Alceu Collares, do PDT; Nelson Marchezan, do PDS; e José Fogaça, do PMDB.


Indecisos são o alvo na reta final
Militantes nas ruas, comícios e programas eleitorais buscam votos para garantir a chegada ao 2º turno

Os quatro principais candidatos ao governo já lançaram a cartada final a sete dias do 1O turno. Os gaúchos podem esperar muita cena de militância e bandeiraços nas ruas. Será a munição emocional atrás da vaga no 2O turno. No olho do furacão eleitoral que atingiu em cheio a última semana estão Germano Rigotto e Antônio Britto. Os dois buscam preferencialmente os indecisos, entre 30% e 32% segundo as pesquisas. Um eleitor que estará ligado nos últimos capítulos do horário eleitoral. Os programas derradeiros na segunda e na quarta-feira serão fechados em cima da hora e exibirão as caminhadas e as carreatas.

A Frente Popular deverá privilegiar as cenas do showmício desta segunda-feira com Luiz Inácio Lula da Silva e a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano no Largo da Epatur. 'A tática da emoção poderá funcionar', validou o cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Benedito Tadeu Cesar. Tarso Genro já projeta o 2O turno. Na peregrinação por votos, estarão 40 comícios em 12 dias. Durante o debate na TV Pampa quinta-feira passada, Tarso chegou a consolar o ex-governador ante o recuo nas pesquisas: 'Britto poderá reagir'.

Ataques e contra-ataques são condicionados pelos assessores às atitudes dos adversários. O ritmo até 6 de outubro é de decisão de mundial de futebol. Rigotto passou Britto e a pergunta de dez entre dez eleitores é sobre quem chegará à reta final. O professor da Ufrgs não descartou nova safra de ataques, mas com menos agressividade, contrastando com a fase de uma semana atrás. 'Quem se arriscará a bater em Rigotto e vê-lo virar vítima?', provocou Cesar. Para ele, a atual eleição carimba a força dos partidos. A ascensão de Rigotto teve a influência do PMDB. A divisão das torcidas políticas consagra a marca de três anos. O PT conquistou, segundo Cesar, um terço do eleitorado. Outro terço era oposição e a fatia restante ficou indecisa. Além de resgatar parte dos peemedebistas que migraram para Britto, Rigotto atraiu indefinidos. Escalou pontos com a tática de não-agressão. 'Quem entra pelo ataque não governa', ensinou Rigotto na semana da virada. A receita continuará, garantiu Alberto Oliveira, coordenador-geral. 'Só nos defenderemos se atacados', disse. Celso Bernardi, do PPB, cancelou showmício na Capital e se concentrará no Interior. O partido já marcou reunião para depois do dia 6 sobre o apoio no 2º turno.


Agenda dos candidatos

DOMINGO
11 Celso Bernardi (PPB)
10h: Brique da Redenção. 17h: reunião com equipe. 20h: debate na TVE.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
16h: caminhada com carnavalescos. 17h: Restinga. 20h: debate.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
10h: carreata, Porto Alegre. 20h: debate.
22 Aroldo Medina (PL-PSD)
15h: Farroupilha. 20h: debate.
23 Antônio Britto (PPS-PFL-PT do B-PSL)
8h30min: carreata, em Porto Alegre. 9h: Cachoeirinha. 10h: Gravataí. 11h: Viamão. 12h: Alvorada. 20h: debate.
40 Caleb de Oliveira (PSB)
12h: Brique da Redenção. 15h: Alvorada.


Alceu Moreira quer PMDB ideológico
O vice-presidente estadual do PMDB e candidato à Assembléia Legislativa, Alceu Moreira, propôs neste sábado debate interno no partido sobre questões programáticas e de ações administrativas voltadas ao seu compromisso ideológico. Moreira considera importante que esses temas sejam aprofundados após as eleições de outubro. Segundo ele, num país em que cada político tem discurso personalizado e na quase totalidade nenhuma vinculação com programas partidários, chegar a esse entendimento não é tarefa fácil. Moreira considerou, porém, que seria um grande avanço democrático se o PMDB desse esse exemplo, começando pelo Estado.


Pastor dos EUA integra atos do PT
Apesar de negar o apoio oficial a qualquer candidato, o reverendo Jesse Jackson admitiu sexta-feira ter afinidade com as propostas do PT e participou de atos de campanha da governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, candidata à reeleição. Pastor da Igreja Batista e conhecido pela luta contra a discriminação racial, ele acompanhou Benedita num corpo-a-corpo pelo centro da cidade. Jackson, ex-senador americano do Partido Democrata, disse que já a conhecia e o presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de outras visitas ao país. 'Lula e Benedita são ativistas e cristãos que aplicam sua fé', disse. Segundo ele, ter Benedita como governadora mostra que os brasileiros escolhem o talento, o caráter e a virtude.


MP pede apuração no Espírito Santo
O Ministério Público Federal pediu sexta-feira o indiciamento do governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira, do PTN; do presidente da Assembléia Legislativa, deputado José Carlos Gratz, do PFL; e de mais 19 deputados estaduais por improbidade administrativa. A ação cível foi protocolada na Justiça Federal pelo procurador da República no Espírito Santo, Edson Abdon Peixoto Filho. O documento só deverá ser distribuído nesta segunda-feira. Segundo o procurador, os deputados violaram dispositivos constitucionais ao aprovarem a lei que autorizou o governo a transferir para o caixa único do Estado os recursos do Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo.


FHC garante que será reconhecido
O presidente Fernando Henrique Cardoso lamentou sexta-feira que as turbulências financeiras impeçam que as transformações que estão ocorrendo no Brasil sejam vistas. Acentuando o tom de despedida de seu discurso, Fernando Henrique disse que 'talvez os brasileiros não saibam, mas o Brasil é tão grande e os problemas nos atormentam de tal forma. Há os que não estão em nossas mãos como as turbulências financeiras'. Segundo o presidente, os avanços dos seus mandatos serão reconhecidos no futuro. 'A realidade do Brasil hoje é indiscutível. Tudo o que fiz, e ainda há muito a se concretizar, foi sem mesquinharia, sem pensar neste ou aquele partido político. Não procurei beneficiar meus próximos', afirmou.


Disputa no Paraná está em 32% a 27%
A disputa pelo governo do Paraná continua polarizada entre os candidatos do PDT, Álvaro Dias, e do PMDB, Roberto Requião. Pelos números divulgados sexta-feira pelo Ibope, Álvaro caiu dois pontos percentuais em relação à pesquisa da semana anterior e está com 32% das preferências. O candidato do PMDB manteve o percentual de 27%. Beto Richa, do PSDB, obteve 11% e padre Roque, do PT, 9%. Em um possível 2º turno entre Álvaro e Requião, o candidato do PDT levaria vantagem, somando 43% contra 39% do PMDB. O número de brancos, nulos e indecisos na simulação de 2º turno seria de 18%. O Ibope ouviu 1.750 eleitores em 89 municípios do Paraná entre os dias 23 e 25 deste mês. A margem de erro do levantamento é de 2,3 pontos percentuais para mais ou para menos.


Artigos

AS LIÇÕES DAS TORRES
Victor Faccioni

Chegamos ao final de um setembro diferente, pelas reflexões que motivou após um ano do ataque fatídico do ano passado por terroristas suicidas às torres gêmeas do WTC. De cabeça fria, todos concordamos agora que o mundo mudou. Acreditava-se que, no máximo, se podia morrer de fome, de acidentes ou doenças, a cada dia mais controladas pela medicina, e que, politicamente, se caminhava para a estabilidade em razão da nova ordem internacional, sustentada pela globalização e interligada por poderosos meios de comunicação.

Guerras, bem, essas seriam cirúrgicas como a do Golfo, pontuais, localizadas, curtas e não chegariam a inquietar o cidadão cosmopolita. Essa ilusão acabou em 11 de setembro de 2001. A realidade mostrou que, se a Guerra nas Estrelas nos protege de bombas que chovem de um satélite, já nos torna vulneráveis àquelas que viajam como turistas a bordo de um avião comercial. Todas as medidas de segurança e prevenção se chocam agora com essa terrível variável, o imprevisto, denominado de terrorismo artesanal, pois, sem os artefatos modernos para matar, leva debaixo da túnica uma bomba capaz de transformar o próprio portador em vítima de seus atos. A similitude desse episódio com aquele bíblico de Sansão e Dalila não está apenas na derrubada das colunas gêmeas do templo dos filisteus, mas também na morte de milhares de civis (Juízes, 16,30).

Os atentados de Nova Iorque, portanto, mostraram que, apesar do poderio bélico, os Estados Unidos não são inexpugnáveis. Mais do que sentenciar a pena, o caminho é buscar soluções para as mazelas sociais de grande parte da humanidade, ainda sujeita à fome, à miséria e a todo tipo de necessidades. Esquece-se de que agressor e agredido são da mesma espécie humana, diferindo talvez apenas em seus gens biológicos e nas circunstâncias em que vivem. Assim como a Torre de Babel e as colunas gêmeas de Sansão, no século XII a.C., o atentado às torres gêmeas do WTC nos devolveu o símbolo e a imagem trágica de nossa existência. Pois, se até superpotência não consegue fugir de algum tipo de fragilidade, seria hora de o homem desenvolver uma cultura de paz, a única que o aproxima do próprio Deus, o Senhor exclusivo do universo.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

CONTRA O 3º TURNO
1)O candidato ao governo de Minas, Aécio Neves, defende ampla aliança de governadores para dar sustentação ao futuro presidente da República, seja quem for, evitando 3º turno. Cenário diferente do encontrado por seu avô, às vésperas da posse em 1985. Jornais da época registraram em manchete: 'CUT e PT declaram guerra a Tancredo'. Aécio busca aí a inspiração.

2) O PT nacional recomenda aos diretórios estaduais que promovam, na sexta-feira, marchas silenciosas nas capitais com os participantes usando roupas vermelhas. Porto Alegre se prepara. A lei proíbe campanha política nas 48 horas que antecedem as eleições. Porém, a direção entende que caminhar em grupo e sem utilização dos carros de som não pode ser impedido.

VOTO VENTANIA
1) A melhoria no desempenho de candidatos em pesquisas faz surgir o voto ventania. É forte, derruba o que está pela frente e ninguém segura; 2) comitês se fecham mais ainda para evitar a espionagem.

À ESPERA
O governador Olívio Dutra garante que estará à porta do Palácio Piratini esperando o seu sucessor para lhe entregar solenemente o cargo a 1O de janeiro. Uma espetada de leve com endereço bem definido.

RESULTADOS
1) Centro de Pesquisa Correio do Povo perguntou esta semana: até o dia da eleição, em relação à intenção de voto, o que o senhor(a) diz? 65% não mudam o voto; 19,1% talvez mudem; 9,1% não estão definidos; 5,2% provavelmente mudem; 1,3% mudará. 2) Sobre escolha para deputado federal: 44% têm candidato; 37,1% não têm; 16,9% não sabem ou estão indecisos; 1,5%, branco ou anulará; 0,4% votará na legenda.

PARA ASSEMBLÉIA
Na escolha de candidato a deputado estadual, o Centro de Pesquisa Correio do Povo aponta: 47,6% têm candidato; 34,2% não; 16,2% não sabem ou estão indecisos; 1,5%, branco ou nulo; 0,5% na legenda.

A FAVOR
Os vereadores se esmeraram na análise da viabilidade da Linha 2 do Metrô de Porto Alegre. O relatório é favorável à obra de 16 quilômetros entre a Azenha e a Baltazar de Oliveira Garcia. Não fossem obstáculos de ordem política da prefeitura, poderia estar a meio caminho andado.

RECONHECIMENTO
Os amigos que conviveram com o jornalista Tito Tajes se encontram neste domingo, às 11h, na confluência da avenida Wenceslau Escobar e rua Xavier Simões. Será inaugurada praça com seu nome. Tito amava a cidade que agora lhe homenageia.

DOS LEITORES
- Honorato Berbara: 'Acompanho eleições há cinco décadas. Por isso, aconselho: não queira o candidato
encomendar o terno de posse antes da apuração. Eu ia dizer abrir as urnas, o que não existe mais'.

- Eli Morais: 'Quando é que Lula voltará a ocupar o lugar de grande líder da esquerda brasileira? Aguardo uma resposta do seu partido'.

- Valdir Gomerlati: 'Eu também quero um Código de Defesa do Eleitor. Sugiro uma emenda popular para fazê-lo chegar ao Congresso'.

- Edevaldo Rodrigues: 'O governo federal poderia encerrar o mandato ferindo de morte a especulação e os especuladores. Deve ter mecanismos suficientes para essa tarefa'.

- Andréa Siger: 'Só discursos não serão suficientes para acalmar o mercado financeiro. A desvalorização do real vai nos levar a situação cuja avaliação a maioria não faz'.

APARTES
Patrícia Pillar termina a campanha desencantada com o que considera terem sido armadilhas contra Ciro.

PL, que se dividiu no apoio a Lula, apressa-se em sugerir nomes ao Ministério para caso de vitória. Afirma o velho ditado: o poder une.

Campanha eleitoral revive clássico do cinema 'Fogueira das Vaidades'.

Depois das eleições, Câmara dos Deputados votará normas para co mércio eletrônico. Está na hora.

Pesquisas revelam: há entre 15 e 20 milhões de votos flanando. São indecisos, para desespero dos partidos.

Está curiosa a corrida entre os presidenciáveis para ver quem promete o salário mínimo mais alto.

Congestiona agenda do presidente nacional do PT, José Dirceu. Perspectiva de poder mais parece um ímã.

Perguntaram ao deputado Delfim Netto se votará em Lula. Resposta: 'Não descarto nem encarto'.

Tema musical da semana é 'Nervos de Aço', de Lupicínio Rodrigues.


Editorial

AS PESQUISAS E AS ELEIÇÕES

Tudo indica que as pesquisas vieram para ficar no processo eleitoral, incorporando-se definitivamente no cotidiano dos candidatos e sendo um elemento decisivo de análise do rumo das eleições. A partir da década de 80, esse instrumento tornou-se cada vez mais usado, de forma que hoje são impensáveis as eleições sem as pesquisas. De vilãs inicialmente, hoje parecem contar, pelo menos neste período eleitoral que ora vivemos, com a quase unanimidade nacional.

O uso duvidoso das pesquisas eleitorais, a ponto de beneficiar determinados candidatos, se em algum momento realmente existiu, agora toma ares de águas passadas. O país amadureceu e as ideologias políticas diversas, que continuam operosas, para serem bem aceitas, não podem sofrer o ônus da suspeita, sob pena de sofrerem o rechaço dos eleitores nas urnas, uma vez que ele está atento para que o bom combate seja travado com lisura e ética. De outro lado, os institutos de pesquisas sabem que seu principal patrimônio é sua credibilidade, que não pode ser manchada com manobras diversionistas e de ocasião.

Exatamente pela veracidade de que são revestidas, as pesquisas são ansiosamente aguardadas pelos candidatos. É a partir delas que se traçam estratégias eleitorais. Programas de televisão, comícios, programas, enfoques políticos, alianças, financiadores, material gráfico, tudo somente é determinado após resultado de pesquisas nas quais são aferidas as preferências e as preocupações dos eleitores. Sem querer substituir as eleições propriamente ditas, elas são o reflexo de um determinado momento eleitoral, quando a vontade soberana do eleitor, a única que conta, é medida potencialmente. Sem foros de imutabilidade, essa vontade varia ao sabor dos acontecimentos, cujos efeitos são registrados nos procedimentos de rastreamento.
O Brasil demorou 21 anos para voltar à democracia plena, na qual o cidadão pode votar e escolher seus representantes. O sufrágio eleitoral é uma importante conquista da cidadania. Dessa forma, é saudável todo o interesse que um pleito eleitoral da magnitude do que estamos vivendo desperta. Isso explica a expectativa que cerca as pesquisas de opinião dos eleitores, criando um clima prévio que vai apimentando a disputa que terá coroamento na pesquisa definitiva, com 117 milhões de participantes, no dia 6 de outubro.


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09/29/2002


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