Risco de outro acidente como o do Césio 137 é mínimo, diz diretor da Cnen



VEJA MAIS

Joseana  Paganine / Jornal do Senado

O diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Ivan Salati, acredita que a possibilidade de ocorrer outro acidente como o de Goiânia é pequena. Segundo ele, o processo de controle de fontes radioativas evoluiu bastante desde o acidente com o césio 137.

O Sistema de Controle de Importações e Exportações da Receita Federal (Siscomex), por exemplo, exige autorização da Cnen para liberação de equipamento de radioterapia. E a comissão mantém cadastro com o registro de todas as instalações com fontes de radiação no país.

Outra medida foi a criação de serviço 24 horas para casos de emergência, o que inclui o treinamento de profissionais de defesa civil, vigilância sanitária e segurança pública sobre o manuseio de fontes radioativas.

Além disso, Salati explica que o césio 137 não é mais utilizado em aparelhos de radioterapia.

— Hoje usa-se o cobalto, uma pastilha sólida que reduz o risco de desastre radioativo, pois não se espalha facilmente pelo ambiente como o pó do césio.

Rejeitos

Após a descoberta do acidente com o material radioativo em Goiânia, a comissão monitorou a radiação em pessoas, lugares e objetos e, em seguida, coordenou os esforços da administração pública para atender os acidentados e recuperar as áreas atingidas.

As seis mil toneladas de rejeitos radioativos resultantes do acidente foram armazenadas no Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), construído especialmente para isso, em Abadia de Goiás (GO), município próximo a Goiânia. O centro conta com dois depósitos de rejeitos, além de equipamentos, laboratórios e profissionais qualificados para monitorar a radiação em torno dos depósitos e também na capital goiana.

O acidente

Em maio deste ano, a presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou a Lei 12.646/2012, que instituiu a data de 13 de setembro como o Dia Nacional de Luta dos Acidentados por Fontes Radioativas, para lembrar o maior acidente com materiais radioativos da história do país.

Nessa data, há 25 anos, um domingo, dois catadores de material reciclável foram ao prédio abandonado do Instituto Goiano de Radiologia e levaram um aparelho radiológico, que foi vendido ao dono de um ferro-velho, Devair Alves Ferreira. Na mesma noite, Devair abriu a cápsula radioativa e se encantou com um pó branco que emitia um brilho azul.

Ivo Alves Ferreira, irmão de Devair, levou para casa uma porção do césio e mostrou para toda a família. A filha mais nova de Ivo, Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, espalhou césio por todo o corpo para, segundo ela, “brilhar no escuro”, e ingeriu o pó com a comida.

Em pouco tempo, várias pessoas começaram a passar mal. Desconfiada de que o pó poderia ser a origem das doenças, a mulher de Devair, Maria Gabriela Ferreira, levou, no dia 29 de setembro, a cápsula de 22 kg em um ônibus até a Vigilância Sanitária. Foi constatado, então, que se tratava do césio 137, material radioativo, e a Comissão Nacional de Energia Nuclear foi acionada.

Foram monitoradas, ao total, 112.800 pessoas, das quais 249 apresentaram significativa contaminação, sendo que, em 120 delas, apenas roupas e calçados estavam contaminados.

As 129 pessoas que constituíam o grupo com contaminação interna passaram a receber acompanhamento médico regular. A menina Leide chegou a ser levada para tratamento no Rio de Janeiro, mas não resistiu e morreu com outras três vítimas: Maria Gabriela e dois catadores.

O ferro-velho, residências da região e pertences das famílias envolvidas foram destruídos, gerando toneladas de rejeitos radioativos. Um depósito foi construído em Abadia de Goiás, cidade próxima a Goiânia.

Brasil não está pronto para prevenir acidentes como o do Césio 137, diz senador



25/09/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


Brasil ainda corre alto risco de acidente nuclear como o do Césio-137, diz senador

ALBINO DESTACA CONFERÊNCIA SOBRE ACIDENTE COM CÉSIO 137

População pode se informar sobre acidente nuclear no Japão na página do CNEN

Diretor da CNEN defende agência reguladora para área de energia nuclear

População pouco participa de exercício de emergência em Angra dos Reis, afirma diretor da CNEN

Brasil não deve enfrentar acidentes nucleares como o do Japão, diz presidente da Cnen