Roberto Cavalcanti defende Lula no caso da compra de aviões militares



O senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) disse nesta quinta-feira (1º) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cometeu qualquer irregularidade ao revelar sua preferência pelos aviões caça franceses, modelo Rafale, enquanto a licitação para compra de 36 aviões ainda está em curso e longe de uma escolha definitiva.

- Com seu gesto, o presidente apenas expressou a preferência política por um país com o qual o Brasil tem vínculos culturais e de amizade de longa data, jamais pretendeu sinalizar ou adiantar qualquer resultado da concorrência, que obedecerá a rígidos critérios técnicos - assegurou.

Roberto Cavalcanti disse que, além da estrita observância ao devido processo legal, este é um momento extremamente favorável para que o Brasil amplie a base de negociação para obter vantagens adicionais. O senador observou que enquanto o intercâmbio comercial cresceu com os países da América Latina, as exportações brasileiras para os Estados Unidos são 1/5 do que foram até a década de 1950.

O senador citou artigo do embaixador Sebastião do Rego Barros, em que este aponta a abertura de um contencioso entre o Brasil e os Estados Unidos a partir do crescimento das exportações brasileiras de produtos manufaturados, nos anos 1960. Ele disse que, inicialmente, esses desentendimentos se concentraram apenas em temas ligados ao comércio e ao desenvolvimento. Mais tarde, após a crise do petróleo em 1973, se estenderam a temas como Oriente Médio, democracia, direitos humanos, meio ambiente e proliferação nuclear.

- Nada indica que o aparato protecionista norte-americano que atinge muito particularmente o Brasil esteja por diminuir. Continuamos a ver a mesma muralha às exportações brasileiras de etanol, açúcar, suco de laranja, fumo, carnes de frango e bovina, siderúrgicos e outros. Na OMC [Organização Mundial do Comércio], Brasil e Estados Unidos continuarão divididos pelos mesmos problemas que têm impedido progressos na Rodada de Doha - assinalou.

O senador acrescentou que a França não se constrange em implementar e defender duras políticas protecionistas na área agroalimentar, que se espalham para outros países da União Europeia e causam graves danos ao agro-pecuaristas brasileiros. Ele salientou que a França é o 12º maior importador de produtos brasileiros e o 9º exportador.

Em relação à Suécia, outro participante da licitação para compra de aviões caça, Cavalcanti disse que a balança comercial é mais harmoniosa e pode crescer favoravelmente ao Brasil. Ele observou que a Suécia não oferece apenas a transferência de tecnologia, mas o desenvolvimento conjunto.

- Entretanto, não ficou muito claro como poderão ser contornadas as questões relativas à autonomia dos Gripen NG e a parte da tecnologia embutida que é norte-americana. Enfim, para o objetivo de ampliar mercados, não importa o país vencedor da disputa. O que efetivamente interessa é o Brasil utilizar esta oportunidade, tão única e propícia, para barganhar e garantir uma posição melhor, mais confortável, em suas relações com o eventual fornecedor desses equipamentos militares - afirmou.



01/10/2009

Agência Senado


Artigos Relacionados


Roberto Cavalcanti lamenta oposição de parlamentares norte-americanos à compra de aviões da Embraer

CRE ouve na terça comandantes militares sobre compra de 108 aviões para a FAB

Roberto Cavalcanti agradece a Lula a inclusão da Paraíba

Roberto Cavalcanti compara governo Lula a 'novo rico'

Roberto Cavalcanti faz novo apelo a Lula para regulamentação das operadoras de cartões de crédito

Roberto Cavalcanti defende investimentos em educação