Rollemberg condena decisão da Câmara que manteve mandato de Natan Donadon
Em pronunciamento nesta quinta-feira (29), o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) expressou “profunda tristeza, indignação, perplexidade, desolação e descrédito com o Poder Legislativo”, ao comentar decisão da Câmara dos Deputados que, na noite de quarta-feira (28), decidiu manter o mandato do deputado Natan Donadon (PMDB-RO), já condenado anteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 13 anos de prisão por crime de peculato e formação de quadrilha.
Rollemberg disse que “amanheceu envergonhado” e que ficou “tremendamente decepcionado” com o resultado da votação que, segundo ele, ameaça o futuro da democracia no Brasil. Ele conclamou “os homens e mulheres de bem do Senado e da Câmara” a fazer uma reflexão sobre o momento atual e a “mudar completamente o rumo das coisas no Parlamento, ou o Parlamento pagará caro por isso, pois a paciência da população está chegando ao fim”.
- Vivemos um processo de desmoralização da política e do Poder Legislativo praticado por membros do Poder Legislativo, e nós não podemos concordar com isso. É preciso explicar que nem todos concordam com isso, nem todos agem para isso. Na visão do homem comum, há uma negação da política como um todo, como se todos fossem iguais. Quem vai poder contestar ações mais duras da população, se o próprio Parlamento está se desrespeitando a cada dia? – perguntou.
Rollemberg lembrou que a conquista da democracia custou vidas que enfrentaram a ditadura para conquistar o regime de bem maior que o Brasil tem hoje, e disse que é triste ver a desmoralização de um instituto fundamental, que é o Congresso Nacional, perpetrada pelos deputados. Ele disse que a absolvição de Donadon “é algo tão inusitado, tão despropositado”, que é difícil acreditar que o Plenário da Câmara tenha usado na votação “um instrumento superado, que precisa ser abolido, que é o voto secreto”.
- Fico pensado o que pode passar pela cabeça da população brasileira, do homem simples, trabalhador, depois do esforço monumental de fazer a Lei da Ficha Limpa, que impede que o condenado por colegiado em segunda instância seja sequer candidato. Como é que se pode admitir que uma pessoa condenada possa continuar com mandato de deputado federal? – indagou.
Rollemberg disse que a Câmara ultrapassou todos os limiteis da falta de bom senso, e cobrou a votação imediata de proposta de emenda à Constituição, já aprovada no Senado, que prevê a adoção do voto aberto na cassação de mandato parlamentar. Para senador, a absolvição de Donadon representa uma “afronta à população, visto que em recentes e contundentes manifestações de rua os brasileiros disseram que não admitem mais esse tipo de procedimento”.
- Fico impressionado como o Parlamento brasileiro está dissociado da agenda da população brasileira. Por que não aprovamos a votação do voto aberto em todas as decisões do Congresso Nacional? – cobrou.
Em apartes, os senadores Sérgio Souza (PMDB-PR), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) manifestaram apoio a Rollemberg.
29/08/2013
Agência Senado
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