Rollemberg quer auditoria no sistema de transporte público do Distrito Federal
Caótico, precário, caro, defasado, sem planejamento, sem transparência, sem gestão e perigoso para a população. Assim o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) classificou todo o sistema de transporte público do Distrito Federal, em discurso nesta sexta-feira (27). O senador pediu auditoria no sistema, exigindo respostas do governador, Agnelo Queiroz (PT), e de seu Secretário de Transportes para questões como os elevados gastos com a manutenção do metrô, a péssima qualidade dos ônibus, cujas empresas ainda recebem subsídios, e a solução para integração do sistema BRT, cujas obras começaram em 2011.
No caso do metrô, somente em 2011, disse Rollemberg, foram consumidos R$ 111 milhões para cuidar de apenas 32 trens que operam nos pouco mais de 40 quilômetros de extensão da rede.
- Se fizermos uma comparação com o metrô do Rio de Janeiro, por exemplo, que tem mais de cem trens e transporta muito mais passageiros, os gastos da manutenção custaram pouco mais de R$ 31 milhões, ou seja, 250% mais baratos do que os custos de manutenção do metrô do Distrito Federal. Como o GDF explica essas contas? Eu gostaria de ouvir o que têm a dizer o governador e o secretário de Transportes - afirmou Rollemberg.
Quanto aos ônibus, ele lembrou que há somente informações sobre o montante dos gastos do GDF em subsídios, mas não se sabe a quantidade de passageiros transportados diária ou mensalmente, o montante arrecadado e o valor das despesas do sistema, que, segundo as empresas, ainda opera com prejuízo, apesar das passagens caras.
- É um absurdo que o transporte urbano ainda não seja auditado no Distrito Federal. O Governo do Distrito Federal mantém fechada a caixa preta do transporte público. E mesmo depois das manifestações de junho, apenas garantiu que as passagens não vão subir até dezembro. Mas é preciso ter a coragem de mostrar como se organiza o sistema, pois é inaceitável manter um serviço tão caro no orçamento, sem mostrar seus componentes – ressaltou.
Na avaliação de Rollemberg, a situação do transporte público da capital da República é “vergonhosa”, pois o governo continua equivocado, ao manter um modelo oneroso, defasado, sem planejamento, sem transparência e sem gestão da informação.
Ele observou que a população depende da sorte para se locomover em Brasília, pois não há informações sobre horários e itinerários dos ônibus. Além disso, ressaltou, não há fiscalização do transporte noturno, o chamado corujão, que dificulta a volta para casa das pessoas que trabalham à noite.criticou a opção do GDF por modelo de locomoção individual, com automóveis particulares, e transporte coletivo movido a diesel, em vez de modelo de locomoção sobre trilhos, tanto para passageiros como para cargas. Além dos altos custos, destacou, o sistema de transporte atual é mais propenso a acidentes e sujeita as pessoas a condições desumanas de deslocamento. A frota de ônibus que circula em Brasília, acrescentou, está sucateada e é altamente poluente – são 186 mil toneladas de dióxido de carbono emitidas por ano.
Caso continue a situação atual, observou, Brasília vai parar em 2020 por falta de espaço para circulação de carros. Atualmente, já existem 1,4 milhão de veículos em Brasília e são emplacados 14 mil novos carros a cada mês, informou. O tempo médio de descolamento de casa ao trabalho em Brasília é o terceiro maior do país, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro, ressaltou o senador, e já ultrapassou o de metrópoles como Nova York e Tóquio.
- Hoje o progresso não se mede mais pelo número de carros nas ruas, mas pelo tempo que se leva no trânsito e pela qualidade dos serviços públicos prestados pelo estado. Não se pode mais adiar a urgente decisão de transporte de carga e de pessoas sobre trilhos. O que era uma projeção cientifica de estudos, agora é uma reivindicação popular – disse Rollemberg, ao lembrar que a implantação de trens foi uma das reivindicações da sociedade nas manifestações de junho.
27/09/2013
Agência Senado
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